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Eleições para prefeito testam a força das novas gerações da política

As eleições municipais deste ano serão um teste para “a nova geração” da política pernambucana e isso se reflete em vários municípios do Estado. No Recife, praticamente todos os postulantes estão estreando em eleições majoritárias e são a esperança de renovação dos seus partidos, como Marília Arraes (PT), João Campos (PSB), a delegada Patrícia Domingos (Podemos) e Carlos Andrade Lima (PSL). O ex-ministro Mendonça Filho (DEM) é o mais experiente em disputas políticas e aposta, justamente, em seu currículo e passagens por diversos órgãos da gestão pública para se consolidar diante dos demais atores políticos. 

Por outro lado, outras lideranças disputam a reeleção visando consolidar o seu legado. É o caso dos prefeitos Miguel Coelho (MDB), de Petrolina, Raquel Lyra (PSDB), de Caruaru, e Anderson Ferreira (PL), de Jaboatão dos Guararapes. Inclusive, tanto no Sertão quanto no Agreste, os atuais gestores municipais vão para as urnas também contra novos nomes. Miguel tem entre os seus concorrentes Julio Lossio Filho (PSB) e Raquel, o delegado Erick Lessa (Progressistas).

Para Priscila Lapa, cientista política e professora da Faculdade de Ciências Humanas de Olinda (Facho), essa “renovação” é um dos fenômenos que mais caracterizam este pleito e esse cenário terá reflexo nas próximas eleições, em 2022. “É um caminho sem volta porque as lideranças e partidos mais tradicionais vão perdendo espaço e protagonismo”, explica ela, lembrando que até 2016 a “questão da renovação na política” ainda estava no campo do discurso dos candidatos e da sociedade clamando por novos nomes e novos  perfis. 

Priscila ressalta, ainda, que as mudanças de quadros partidários não se “dão do dia para a noite”, mas que se “constróem de forma processual”. Ela cita o exemplo do PT que, segundo ela, “há muito tempo não tinha uma novidade no seu quadro eleitoral para se apresentar com viabilidade”.

Já o cientista político, Antônio Lucena, professor da Universidade Católica de Pernambuco (Unicap), analisa que esse “teste” se dará, em grande medida, porque várias lideranças ascendem, se consolidam no poder e depois de um certo tempo se desgastam. No entanto, ele destaca que “determinadas pessoas não são tão novas como parecem”, mas se apresentam como rostos novos e isso pode gerar “uma certa simpatia do eleitorado”. 

Herança familiar 

Ainda que exista uma discussão sobre a herança política, na análise de Priscila Lapa, é “muito difícil estreantes virem completamente de fora de um seio político”. “Nomes como a própria Marília, João Campos, Raquel Lyra, Miguel Coelho e Anderson Ferreira, são todos os sucessores, na verdade, de políticos tradicionais. Mas, de alguma maneira também trazem as suas próprias características, a renovação das suas ideias e, principalmente, uma atualização da forma de gestão”, indica.  
É nesse nincho que candidatos como Patrícia Domingos tentam emplacar seu projeto como outsiders.

“Mas a gente não pode negar que, apesar de ser uma renovação vinda de uma herança, é uma renovação no ponto de vista das ideias também. Essa mudança ela não vem só de dentro da política para fora. Ela vem também de uma cobrança de uma agenda da sociedade por novas ideias e novas perspectivas”, acrescenta Priscila.

Antonio Lucena, por sua vez, aponta que Patrícia Domingos e outros candidatos estão “preenchendo um vácuo de uma direita e centro-direita que foi ganhando corpo com a Operação Lava Jato e com movimentos que aconteceram nas eleições de 2018. ´”É o surgimento de novas lideranças suplantando aquelas que já estão há muito tempo no poder. Obviamente, as mais antigas terminam caindo e a gente está vivendo também esse desgaste eleitoral. Claro que a gente precisa observar como é que vai ser a dinâmica das eleições”, acrescenta.

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