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Enfermeiros querem diálogo e piso salarial em vez de puxão de orelha

Enfermeiros, que cobram a definição de um piso salarial, vaiaram a governadora Raquel Lyra (PSDB)

Deputado estadual Gilmar Júnior (PV) - Foto: Felipe Soares/Divulgação

O deputado estadual Gilmar Júnior (PV), enfermeiro e presidente do Conselho Regional de Enfermagem de Pernambuco (Coren),  considerou "inapropriado para o momento" o puxão de orelhas que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deu nos representantes da categoria na última quarta-feira.

Enfermeiros, que cobram a definição de um piso salarial em nível nacional, vaiaram ininterruptamente a governadora Raquel Lyra (PSDB) nos cinco minutos de seu discurso. Vaiaram antes, todas as vezes em que ela foi citada ou apareceu no telão, durante evento no Ginásio de Esportes Geraldão, Zona Sul do Recife, onde foram firmados acordos entre Governo Federal, Governo do Estado e prefeitura da capital.

"Entendo que o presidente queira proteger seus convidados, como alegou, mas ele também precisa entender que vivemos em um Estado democrático de direito, e a categoria está em polvorosa", argumentou.

Segundo o deputado, Lula se posicionou como se a Medida Provisória para destravar o piso salarial da categoria dependesse apenas de decisão do Supremo Tribunal Federal (STF). "O texto está na Casa Civil desde a semana passada. E, na verdade, o STF é que espera a assinatura do Governo Federal para encaminhar a pauta.

No mesmo evento, o ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, Márcio Macedo, assegurou o compromisso do Governo com a categoria, mas não disse quando a MP será assinada.

Ainda de acordo com o deputado, a manifestação contra a governadora foi resultado de um somatório de insatisfações. "Ela entendeu que as vaias fazem parte do processo democrático. O que ela precisa agora é construir uma mesa de negociação", ressaltou, lembrando que a categoria também ficou de costas durante o discurso por ter sido ignorada no último dia 10.

"Os enfermeiros queriam ser recebidos pela governadora, mas ela mandou um oficial de justiça representá-la". A decisão só inflamou os ânimos dos mais de 134 mil profissionais (auxiliares, técnicos e enfermeiros) no Estado. "Continuamos disponíveis. E não é para brigar, é para construir", enfatizou Gilmar Júnior.

Carão do presidente
Aliado de Lula, cuja história política começou no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC Paulista, o deputado estadual João Paulo (PT), também um ex-sindicalista, lembrou que a vaia é um instrumento da democracia e uma forma de o trabalhador mostrar suas insatisfações. Para aliviar, considerou ter havido excesso em alguns momentos no evento do Geraldão.

Enfrentamento
O líder do Governo na Alepe, deputado Izaías Régis (PSDB), disse não concordar com as vaias, porque a hora seria para aplausos. Não esteve no evento, mas observou que a governadora foi maior que as manifestações. "Ela se saiu muito bem em defesa da democracia", pontuou, minutos antes de se pronunciar na tribuna. 

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