Enfrentamento ideológico ganha força na Câmara de Vereadores do Recife
Sssão extraordinária da Casa foi marcada pela polarização e pelo debate de temas nacionais
Antes mesmo do período de sessões ordinárias, a Câmara do Recife já está sendo palco de uma disputa ideológica que reflete a polarização que o Brasil enfrenta na política nacional. Com a bancada reforçada com estreantes, a oposição chegou à Casa José Mariano fazendo barulho e atacando a esquerda, que reagiu e também partiu para a ofensiva.
O vereador Thiago Medina (PL), que chega ao Legislativo municipal aos 21 anos, na esteira do conservadorismo, aproveitou a sessão extraordinária para realizar o seu primeiro pronunciamento na tribuna. Ele fez questão de enfatizar que é contra a esquerda. Ele prometeu ser combativo na defesa da liberdade, que, segundo ele, estaria ameaçada pela esquerda. “Vocês não têm o meu respeito, para vocês apenas o meu total desprezo”, disse.
Um outro vereador estreante de oposição que subiu à tribuna foi Gilson Machado Filho (PL), que não deixou de defender o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). O legislador criticou o aumento no número de ministérios e gastos públicos do Governo Federal.
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Pix
Gilson Filho, contudo, causou reação na esquerda ao declarar que o Governo Federal estaria taxando as transações financeiras instantâneas, o Pix. “Aumentando os gastos do Executivo em um nível que agora está tendo que taxar todo mundo no pix, é impressionante”, esbravejou. Imediatamente, a vereadora Liana Cirne (PT) tratou de responder, levantando uma questão de ordem, ao que chamou de “inverdade” esclarecendo que não existe nova taxação sobre nenhuma transação financeira realizada no País.
O líder do PSB na Casa, vereador Rinaldo Júnior, foi o único parlamentar de esquerda inscrito no grande expediente para se pronunciar na tribuna. Ele fez questão de responder às críticas de cada oposicionista, inclusive saindo em defesa do presidente Lula.
“Vereador Gilson Machado, filho do excelentíssimo ex-ministro do Governo Bolsonaro, eu quero dar as boas-vindas, vamos fazer grandes trabalhos, mas esse mandato não vai aceitar nenhum tipo de mentira nessa tribuna. Aliás, nem da oposição, nem da situação. Ninguém vai subir nessa tribuna para falar uma mentira, como foi falada hoje: não existe taxação do Pix. O que foi falado foi uma mentira e mentira se combate na comissão de Ética da Casa”, enfatizou o vereador.
Em aparte, a vereadora Kari Santos (PT) dedicou aos oposicionistas um verso bíblico do livro que diz que “os mentirosos não herdarão o reino dos céus”, criticando a fala dos vereadores sobre taxação do Pix.
Respeito
Com a experiência de quem está no segundo mandato como vereador e já foi secretário municipal, Carlos Muniz (PSB) pediu atenção aos colegas para fazer um alerta. Ele pediu equilíbrio nos debates da Casa para evitar o uso da Comissão de Ética e Decoro Parlamentar, que julga os excessos cometidos pelos legisladores no exercício do mandato.
“Minha contribuição é que a gente tenha equilíbrio para não ter que usar a Comissão de Ética e Decoro parlamentar, que é o limite de tudo para que a gente possa defender a nossa imagem. A gente tem que ter muito equilíbrio, fazer com que a tribuna seja respeitada”, aconselhou Muniz.