João Paulo diz que participação no governo não define aliança para 2024

Deputado petista foi o entrevistado desta quinta-feira (9) da Rádio Folha FM 96,7

Melissa Fernandes/Folha de Pernambuco

O deputado estadual João Paulo (PT) foi o convidado desta quinta-feira (9) do programa Folha Política, da Rádio Folha FM 96,7. Na entrevista ao âncora do programa, Jota Batista, e à subeditora de política da Folha de Pernambuco, Carol Brito, o petista falou, entre outras coisas, sobre a aliança do PT com o prefeito João Campos (PSB), da federação PT, PV e PCdoB e da eleição das comissões na Assembleia Legislativa de Pernambuco. Confira, por tópicos, os pontos mais importantes da entrevista:

Comissões da Alepe
Havia uma necessidade da bancada do governo Raquel Lyra em manter as três principais comissões. Isso levou a um impasse muito grande. No momento, me foi oferecida a presidência da Comissão e Justiça. Eu achei que não era oportuno porque hoje não sou só líder do PT e da federação. Eu defendi a necessidade de a federação estar na oposição ao governo, numa posição de qualidade, qualificada que pudesse, inclusive, ajudar o governo. A oposição quando é lúcida pode ajudar muito o governo. Mas a posição da federação foi de independência. Foi por isso que eu não aceitei presidir a comissão.

Joaquim Lira
Em tese, elegemos Joaquim Lira, que é o presidente da Comissão de Administração, mas também tem a simpatia do governo. Continua o embate em torno de três comissões: Cidadania, que a proposto do PSB e a nossa é que seja presidida pela deputada Dani (Portela); A Comissão de Agricultura, por Doriel Barros, do PT;  e a Comissão de Educação, presidida pelo deputado Waldemar Borges. Essa hoje é uma posição da federação. O impasse é grande, mas eu fico tranquilo porque o presidente Álvaro Porto, que conduziu esse processo da sua eleição com muita competência, capacidade de articulação e autonomia em relação ao Poder Executivo, entendo o papel da Casa. O regime interno fala na proporcionalidade da indicação dos membros das comissões, apesar de a eleição ser escolhido uma reunião da comissão. Na reunião que tivemos com as lideranças eu disse que se não há um entendimento, estamos delegando para o presidente as tomadas das decisões que vamos ter que aceitar. Acho que poderia ser resolvido com câmbio no período de mudança da Comissão Educação: o PSB nos dois primeiros anos, depois o PL. Mas como até agora não houve acordo, deve ter bate-chapa na Comissão de Educação.

Proporcionalidade
É uma anormalidade, porque se fosse pela proporcionalidade, a presidência da Comissão de Constituçaõ e Justiça seria do PSB, que tem a maioria de deputados na Casa. Como não foi possível, aí entra o regimento. O PSB ficou fora das presidências das três principais comissões, mesmo com o maior número de deputados. 

Interferência do goveno nas comissões
Se há uma subordinação, há um subordinado. Se houve um subordinado, foi a Alepe. Não atribuo à governadora. Foi uma submissão da casa, da maioria dos deputados que podem ter cedido à orientação do Palácio, mas subordinação é da Casa, que é um poder constitucional e independente. A todo momento, poderia não aceitar não aceitar qualquer tipo de subordinação. Subordinação é questionável. 

Federação PT, PV e PCdoB
É importante lembra que estamos agora numa federação nacional. O princípio é que as matérias divergentes não serão votadas, vamos trabalhar só os consensos. Eu defendi a tese da oposição, mas outro partido dizia que não, então nós ficamos com a posição média, que é a independência. 

Bancada independente
Os independentes vão funcionar independentes. Não vai ter um líder, até porque seria muito difícil. Tanto é que o regimento interno da casa não criou a liderança dos independentes, tem só para a oposição e o governo. A nossa federação é que mais tem contribuído na perspectiva de aternuar esses impasses lá na Casa. 

Sassepe
Temos hoje 30 mulheres precisando de quimioterapia sem ser realizada. Já morreu uma porque estava esperando atendimento e veio a óbito. Nesse impasse, o governo (atual) diz que o governo (anterior) deixou uma dívida milionária no Sassepe, mas com dívida ou sem dívida, os serviços vinham funcionando. As urgências teriam que ter tido prioridade. As critícas da governadora e da vice a Paulo Câmara eram muitos fortes, mas agora (a situação da saúde) agravou. Foi alegado que tem uma dívida grande, mas mesmo com dívida grande vinha funcionando. Se você tem algum recurso, devia priorizar as UTIs e as urgências. E isso não está acontecendo. Tem que recuperar o que era para ter sido feito na transição. Isso está emperrando a máquina pública.

Paulo X Raquel
Acho que possa ter alguns problemas de finanças. O Sassepe sempre foi um problema. Mas o governo que passado passou. Quem vive de passado é museu. O governo é para resolver problema, confusão. Recebi a gestão de Roberto Magalhães e não fui atrás do que estava errado. Os problemas chegavam e eu não coloquei na conta de ninguém, a gente tem é que resolver. Botar a culpa no governo Paulo Câmara não adianta de nada. Tem problemas e vão continuar os problemas? As pessoas vão morrer na UTI? Vão ficar sem tratamento do câncer? Não. O governo é para resolver.   

PT e PSB
Eu acho que este ano não se discute eleição. Essa participação no governo do PSB não significa um compromisso antecipado com a reeleição do prefeito, mas é a leitura que muita gente faz. O que nós temos que entender é que há um acordo entre os partidos e um acordo a sociedade e se isso não for bem costurado, a população não vai entender. Saímos de uma eleição estadual há pouquíssimo tempo. Quem estava no palanque do governo do estado com toda máquina administrativa, o conjunto de partidos, de deputados estaduais, federais e senadores,de candidatos a senadores,da maioria dos prefeitos, ex-prefeitos e mais aquela figura que mais pesa como político em Pernambuco, que o presidente Lula? Agora me diga o resultado do candidato de Lula em Pernambuco? Quarto lugar e a diferença para o quinto foi pouquíssimo. Estamos em uma federação, em última instância quem vai definir a política de alianças aqui e a combinação com o PT nacional. Não podemos entender essa participação (do PT na prefeitura) como uma coisa acabada. Casamento pode terminar na porta da igreja, muitas vezes.

PT e PSB 2
Se voce for entender do ponto de vista nacional, independentemente das divergências que possam ter aqui, dos ataques que o prefeito e uma banda do PSB fez a Dilma, ao governo Lula, ao PT...O que é que nós costumamos preservar? Primeiro o projeto nacional, que Lula cuidar do povo brasileiro. Esse entendimento é a base da nossa linha política. Aqui, poderemos estar juntos ou não. Vai depender muito da conjuntura política, das estratégias montadas. Está muito antecipado para a gente ver isso. Foi um gesto do PT e um gesto do governo essa aproximação até em reciprocidade ao apoio que Lula recebeu. É um gesto, mas não uma coisa consolidada. Política é a arte do possível. Se for para melhoria do país, da cidade esse entendimento vai ser feito.  Pode ser feito, mas deve ser avisado ao povo. Acho que para costurar isso aí é a conjuntura nacional. Primeiro, o que vai definir isso é o cenário nacional e depois aqui você pode definir. Aqui, na primeira eleição de Eduardo Campos tínhamos duas candidaturas no mesmo campo: Eduardo e Humberto. No mesmo palanque. Lula levantou os dois braços (de Eduardo e Humberto). Podemos ter um cenário desse? Lula com dois candidatos aqui? Podemos. A tendência, para mim, é um esforço de Lula, do PT de Pernambuco, do PSB no sentido de construir um consento. Outro cenário possivel vai ser,  não podemos esquecer, que uma nova força política, que assumiu o governo do estado, que tem uma influência na RMR, no Recife, que possivelmente vai querer disputar esse espaço. E aí eu acho que essa costura, essa leitura do tabuleiro do xadrez da política que vai determinar o próximo cenário. Qualquer coisa que for definir agora, será precipitado. Para o ano, a gente vai ver como está o tabuleiro.

Aliança
Eu acho que não é necessariamente a participação no governo que define uma aliança. A participação no governo é uma das formas. Há outras formas de sinalizar, que é talvez algumas experiências que vivemos no nosso... Vai ter participação popular? Porque não existe mais orçamento participativo. como é que está sendo fortalecida relação com a sociedade civil organizada? Como é que a relação com a sociedade está se dando? Como é que o atendimento nos postos de saúde? Como é que está a merenda da criança? Como está o trabalho nos morros do Recife? Como a sociedade está vendo, analisando e sentindo o governo. Essa é a primeira aliança.    

Confira a entrevista na íntegra:

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