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João promete recorde de entregas no novo mandato

Para o gestor, o resultado do pleito reforça a necessidade de retribuir a confiança do eleitor

Prefeito do Recife, João Campos - Arthur Motta/Folha de Pernambuco

O prefeito do Recife, João Campos (PSB), fez um balanço do seu primeiro mandato e traçou as perspectivas para os próximos anos do seu governo, em entrevista à Folha de Pernambuco, ontem (26). Ao ser reeleito com 725.721 votos na disputa municipal deste ano, o socialista alcançou o feito de se tornar o gestor recifense eleito com o maior número de votos em uma corrida às urnas da Capital pernambucana.

Para o gestor, o resultado reforça a necessidade de retribuir a confiança do eleitor com o aumento no número de entregas de ações e investimentos da administração. 

“Agora, tem que ser (recorde) de trabalho. Acho que para responder a tudo isso (votação) tem que ser recorde de obra, de agenda, de inauguração de entrega. Eu gosto do que faço, eu acho que metade do caminho da vida é você gostar do que faz, é reunir um bom time, ter a competência de fazer e entregar. Então, agora, só tem uma forma de agradecer o recorde de voto: é recorde de trabalho. A primeira parte foi feita, não é? Que é o reconhecimento das pessoas”, destacou o administrador.

Críticas

Durante a entrevista, o líder socialista rebateu críticas dos opositores ao seu comportamento nas redes sociais. O gestor avaliou de forma positiva o seu engajamento nas plataformas virtuais, mas ponderou que sua prioridade é o trabalho. 

“Tudo na vida parte de escolha. Tem gente que escolhe entrar na política ou na vida pública para desconstruir, outros para buscar aparecer na agressão gratuita. Eu não escolhi esse caminho. Eu não. Eu fico feliz com o engajamento. Tem na rede social o reconhecimento, mas eu boto o trabalho e a entrega na frente disso. Eu tenho uma cidade para cuidar”, destacou João Campos.

Secretariado

Sobre a escolha de nomes técnicos e políticos para o seu secretariado, João Campos defendeu a importância de unir os dois perfis no seu time. “Eu sou político. Meu governo sempre vai ter presença política, mas também é preciso entregar resultado. Se você criar um ambiente de disputa entre o técnico e o político, a tendência é que a cidade saia perdendo. Por isso penso em juntar os dois”, disse.

MDB

O prefeito também fez elogios ao MDB. A legenda, atualmente, tem uma relação próxima tanto com a Prefeitura do Recife quanto com a governadora Raquel Lyra (PSDB). O gestor destacou a tradição democrática da legenda de respeitar as decisões das instâncias partidárias e ressaltou o compromisso firmado com o presidente nacional da legenda, Baleia Rossi, de fortalecer a bancada de vereadores da sigla no município. 

“O MDB é um partido que tem um nível de organicidade dentro do comando dele. Eu fiquei muito feliz de poder fazer a construção com o MDB aqui", destacou. O gestor ainda fez elogios ao futuro secretário de Relações Institucionais, Raul Henry (MDB).

“Cada partido tem sua dinâmica própria interna, o que eu busco é dialogar com todo mundo dentro do partido. Eu não tenho dúvida de que Raul é um grande quadro. É uma pessoa que eu tenho uma afinidade política e pessoal grande e que vai fazer um grande trabalho ao nosso lado. Vem ocupar uma posição muito estratégica de construção política, de relações institucional, de presença com outros poderes”, elogiou.

PT

Questionado se teria dificuldades em lidar com o PT na gestão, o prefeito destacou a importância da legenda no cenário nacional e negou problemas. “Eu respeito a forma como os partidos funcionam. Na gestão, a gente tem a relação política e tem a cobrança de entregar resultado. Então, a partir do momento que alguém tem um viés ou indicação ou participação política e entra na gestão, tem nosso respeito, mas ele tem nossa cobrança para entregar resultado. Não tenho tido problema não”, garantiu.

Estruturação

Entre os objetivos do PSB até 2026, uma das prioridades é estruturar o partido e criar novas lideranças. Para João Campos, esse é um caminho natural de qualquer partido político. “É preciso ter presença, se fazer presente nas cidades, nas regiões e formar quadros. Isso faz parte de qualquer processo”, esclareceu o gestor, que deve assumir a presidência nacional do PSB no próximo ano.

Vice e secretário 

O prefeito não poupou elogios ao seu vice-prefeito eleito, Victor Marques (PCdoB). Escolhido para assumir a secretaria de Infraestrutura, João Campos destacou que a missão fará com que o aliado tenha presença política e técnica na agenda da cidade.

“Victor é um cara muito preparado, muito capaz e e também calha de ser um alguém com formação política e técnica. Ele, assim como eu, é engenheiro civil e tem total condições de tocar uma área que é muito técnica. Você está falando da área de manutenção, limpeza e infraestrutura. O grande volume de obras da cidade, praticamente, acontece dentro da URB da Emlurb, órgãos que estão dentro da secretaria de infraestrutura. Então, alguém como ele, que tem a presença política e técnica, se encaixa muito bem com essa área.O Recife do dia a dia passa muito por infraestrutura”, destacou.

Lula

Questionado sobre como vê a aproximação entre o presidente Lula (PT) e a governadora Raquel Lyra (PSDB), João reafirmou que sua aliança com o petista é histórica.  “Estivemos juntos com Lula em quase todos os momentos históricos da democracia brasileira. Se não no primeiro momento, no segundo momento. Defendo a candidatura de Lula à reeleição e votarei nele”, esclareceu.

“Tenho posição. Aprendi desde cedo a ter lado. Da minha parte, posso dizer: sou aliado de Lula. Não fico à mercê de conveniência para escolher, em ano eleitoral em quem votar”, completou.

Oposição

O prefeito do Recife falou, também, sobre a nova composição da Câmara Municipal. O gestor destacou a força da bancada do seu partido, que será a maior da próxima legislatura. “A gente teve um grande resultado municipal. O PSB tem a maior proporção para uma bancada de Câmara no Brasil. Teremos uma participação com muito respeito”, disse João. 

O prefeito ressaltou, no entanto, a importância da harmonia entre os poderes e de campos de oposição, o que considerou “fundamental para a democracia”. O socialista disse esperar um trabalho “responsável e respeitoso” dos opositores.

2026

Cotado para disputar o Governo do Estado em 2026, João Campos afirmou que ainda é cedo para tratar do próximo pleito, mas ponderou que a decisão final não será isolada: “quem entra na política deixa de governar a própria vida”. O gestor afirmou que, no ano do pleito estadual, terá a idade exigida pela legislação eleitoral para disputar o cargo e que também acumulará experiência.

“É cedo para falar de 26 agora. O reconhecimento, claro, nos deixa feliz e acho que, lá na frente, eu vou ter experiência. Então, primeiro, a trajetória na prefeitura possibilita isso (ter experiência) e vou ter idade também. Então vou ter a idade possível para tomar uma decisão. Então, isso é um ponto importante. Eu vou chegar em 2026 no alto dos meus 32 ou 33 anos para poder tomar uma decisão e fazer uma decisão de frente. Eu não vou tomar uma decisão isolada. Jamais vou tomar uma decisão pensando em mim. Quem entra na política, muitas, vezes, deixa de governar sua própria vida. Você passa a governar a vida de tanta gente, mas você não deve tomar a decisão de si. Você precisar representar um conjunto de ideias, de pessoas”, destacou o prefeito.

ICMS

João Campos também repercutiu o impacto da decisão de abrir mão de recursos da partilha do Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) que seriam da Prefeitura do Recife para beneficiar municípios com dificuldades orçamentárias.

“É aquela história de que quando faço o bem, ele volta maior. A gente abriu mão de R$ 7 milhões e meio para hoje ter uma arrecadação muito maior do que a do ano anterior. Fazendo o dever de casa este ano a gente chega à marca de quase R$ 1 bilhão de investimento. É o maior valor da história do Recife de investimento”, comemorou.

Metropolitana

João Campos ainda destacou a importância de realizar o debate sobre a agenda metropolitana, em especial, da partilha de responsabilidades entre municípios limítrofes. O gestor destacou que a Secretaria de Relações Institucionais e de Desenvolvimento Urbano vão tentar ajudar na condução deste debate.

“Não é papel de um município coordenar o outro. Seria até uma soberba propor isso, que eu quisesse coordenar. Outras cidades têm prefeitos e prefeitas dignos, eleitos pela sua população com seus planos diretores municipais. Está longe de mim querer fazer isso. Agora, o meu papel sempre é muito colaborativo. Inclusive na nossa gestão, a gente vai ter duas posições de interlocução metropolitana mais robustas”, destacou.

Transição

Questionado sobre o fortalecimento das instituições após episódios de estremecimento como o ataque aos Três Poderes ocorrido no 8 de Janeiro, João Campos reconheceu que o mundo ocidental vive um momento de transição e que é preciso fortalecer as instituições.

“Acho que a gente ainda vive uma transição. Muito se foi visto de riscos institucionais. Mas você ainda tem muita disfunção. De maneira geral, quanto mais as instituições estiverem fortalecidas e harmônicas é melhor. Muito problema se dá quando se tem avanços de competência ou briga por protagonismos que não são inerentes à instituição. Isso cria a desorganização. Por isso, eu busco deixar muito claro a independência, a harmonia e a competência que cada um tem. Cada um deve cuidar daquela área que lhe foi conferida”, destacou.

Reforma

Sobre a reforma tributária, o prefeito se declarou crítico ao sistema de tributação brasileiro e o caracterizou como complexo, pouco eficiente e regressivo, com uma tributação que penaliza as rendas mais baixas. “Imagino que o grande desafio vai começar a partir de agora. Primeiro, é preciso ter cuidado para não estabelecer uma alíquota-base muito alta. Se você começar a acentuar muito diversas áreas, vai acabar com uma alíquota muito elevada e uma carga tributária muito alta”, avaliou.

Segundo o prefeito, será preciso acompanhar de forma rigorosa a regulamentação da reforma, com cuidado no que tange o papel do município.

“Queremos garantir equidade nos ambientes e nos conselhos que farão essa modulação (dos tributos), para que os municípios não tenham presença minoritária e acabem derrotados nas decisões de estados e da União”. “O nosso dever é aumentar a arrecadação porque, ao crescer a arrecadação, a fotografia da transição será diferente”.

O gestor destacou o papel do futuro secretário de Finanças no processo de transição entre o regime tributário antigo e novo.

“Dentro da Secretaria de Finanças, vamos ter alguém destacado para trabalhar exclusivamente nessa área. Ricardo Dantas, que conhece bem essa questão, inclusive por sua experiência na Receita Federal, ele conhece essa cabeça de Fisco Federal”, destacou.

Inovação

O prefeito destacou a importância da formação de capital humano para engrenar fluxos de economia criativa. “Hoje, estamos com o ProUni, o Protec e o Embarque Digital, além de uma rede de escolas profissionalizantes própria, composta por 17 escolas. Também temos uma matriz curricular na educação básica que dialoga com esse ambiente de inovação”.

Ele destacou o compromisso de renovação do Embarque Digital, garantindo a formação no ensino superior.  “Estamos consolidando Recife como uma cidade que forma pessoas criativas e que oferece um ambiente de emprego e renda para o futuro. Ao formar mais pessoas, teremos mais mão de obra qualificada, mais empresas captadas para essa área, mais negócios e aumento da renda média na cidade.”

Agora, a intenção é fortalecer o polo médico e tecnológico do Recife. “A formação de pessoas é algo de que nunca vamos abrir mão. Estamos cuidando desde as creches até a alfabetização, passando pela educação integral, o ensino profissionalizante e superior. Isso é uma estratégia de cidade porque Recife precisa ter uma estratégia de formação de gente para se consolidar como uma cidade de ponta, na frente. Isso porque, a gente já não tem um território muito amplo, nem áreas agrícolas ou industriais. Se não formarmos pessoas, não teremos futuro.”

Credpop

Na área do CredPop, João Campos ressaltou a importância de modular o programa e entender os anseios da população. “Identificamos que podíamos ter perfis diferentes, não uma única forma de operação. Isso levou ao CredKit e ao CredRápido, vinculados ao mercado de trabalho”.

“A ideia é intensificar essas operações, sempre buscando identificar lacunas no mercado que podemos preencher. Nosso objetivo não é competir com bancos, mas atender quem não consegue ser atendido pelas operações tradicionais, como as da Caixa Econômica, Banco do Brasil ou Banco do Nordeste”, esclareceu.

Turismo

Para os investimentos no turismo, João Campos falou sobre a importância de ações transversais para estimular o setor.

“No turismo, tivemos ações transversais. Fizemos um projeto de benefício fiscal para retrofit hoteleiro, não aumentamos impostos e ainda conseguimos reduzir a alíquota em algumas áreas. Temos empreendimentos classificados que farão mais de R$ 60 milhões de investimentos nas unidades hoteleiras existentes e vão receber o benefício fiscal. A obra da Orla (de Boa Viagem) também já começou e será um divisor de águas importante na consolidação do setor turístico, além da captação de novos empreendimentos imobiliários para a área central. Precisávamos modernizar a rede hoteleira e esse projeto vai fortalecer”, destacou.

O gestor também destacou a importância de construir espaços de qualidade de vida na cidade e anunciou as obras da segunda fase do Parque da Tamarineira em 2025. “Por exemplo, o Parque da Tamarineira era um sonho que, talvez, pouca gente acreditasse que depois de tanto tempo fosse se transformar em realidade e já estamos em processo avançado para, no próximo ano, começar a segunda etapa do parque”.

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