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"Meu PSB não é o mesmo PSB de Paulo Câmara”, diz Antônio Campos

Antonio Campos - Renata Bezerra de Melo/Folha de Pernambuco
Derrotado no segundo turno das eleições municipais em Olinda, na Região Metropolitana do Recife (RMR), o advogado Antônio Campos (PSB) mostrou, em coletiva de imprensa, na tarde desta terça-feira (1º), realizada no Hotel Samburá, divergências com o governador de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB) e integrantes do partido.

“(O) meu PSB não é o mesmo PSB de Paulo Câmara”, disparou Campos. Ele ainda garantiu que não apoiará eventual candidatura do governador à presidência nacional do PSB no ano que vem, quando o partido deve decidir a nova composição da executiva nacional.

Em conversa com a imprensa, o advogado voltou a afirmar que a ex-primeira-dama do Estado Renata Campos, mulher do ex-governador Eduardo Campos (PSB), nunca gostou do pai dele, como consta em entrevista exclusiva à Folha de Pernambuco, publicada nesta terça, e que a recíproca era verdadeira. Ele ainda registrou que Renata não aceita “nada que não seja Andrade Lima”.

Na visão do advogado, a sua cunhada acha que qualquer outro projeto fará “sombra” a João Campos, filho de Renata e Eduardo Campos. O jovem, que atua como chefe de gabinete de Paulo Câmara, é cotado para disputar uma cadeira na Câmara Federal em 2018.

Antônio Campos também falou de Ana Arraes, ministra do Tribunal de Contas da União (TCU), e de seu futuro político. Segundo Campos, sua mãe fez vários apelos a Renata Campos pela união da família, mas que não teria havido um retorno positivo. Ele também afirmou que só faria sentido a ministra deixar o tribunal se fosse para disputar um cargo majoritário, em 2018, como foi antecipado na coluna Folha Política. “Toda vez que fala em política, o olho dela acende”, disse sobre Ana Arraes. O candidato, que ficou em segundo lugar na disputa pelo Executivo olindense afirmou, ainda, que ela está “momentaneamente no TCU”.

PSB
Antônio Campos voltou a criticar o direcionamento da legenda. Segundo ele, o projeto do PSB atual está “ferindo raízes históricas” da sigla. Ele ainda avisou que Paulo Câmara e o prefeito do Recife, Geraldo Julio (PSB), não vão usar a “grife Campos Arraes” e prometeu “lutar por dentro”, mas não deve deixar o partido.

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Confina a nota de Antônio Campos logo após a coletiva:

1. Boa tarde a todos, gostaria de agradecer à presença da imprensa.

2. Estamos numa época de resistência e aprendi com meu pai que “vencer é a própria capacidade de resistir”. Resistir é uma forma de ação hoje. Quando Arraes foi candidato em 1998, muitos não entenderam, ante as dificuldades eleitorais e políticas da época. No entanto, talvez isso tenha propiciado a eleição de Eduardo Campos como Governador em 2006. O livro de Marcos Cirano, “Porto do Renascimento – A última campanha de Arraes”, recentemente lançado, inclusive é uma tese que demonstra isso.

3. Saímos vitoriosos dessa campanha. Demonstramos força e criamos um sentimento de esperança ao povo olindense, tão castigado nos últimos 16 anos. Ir ao 2º turno com 90.558 votos, tendo chegado a esse resultado praticamente sozinho, demonstra que nosso projeto inovador para a cidade com ideias, propostas e soluções reais, nos deu uma verdadeira vitória política.

4. Agradeço mais uma vez à nossa aguerrida militância e os apoios sinceros de lideranças, movimentos sociais, artistas, juventude, mulheres e de partidos em Olinda.

5. Desde o início, sabia das dificuldades que iria enfrentar e minha candidatura já era para também testar o pretenso campo aliado. Certamente, a maior importância da minha candidatura tenha sido:

a) mostrar um novo projeto político para Olinda (derrotando o PC do B no 1º turno, embora não tenhamos terminado o serviço no 2º turno pois Lupércio foi apoiado pelo PC do B e o tempo vai mostrar isso mais ainda)

b) resistir dentro do PSB contra um projeto que fere as raízes históricas do partido e entrega várias de nossas bases à adversários históricos.

6. O PSB Estadual durante o período pré-convenção tentou várias vezes desestabilizar a minha candidatura. Quase quinzenalmente saía uma nota na imprensa ou tínhamos conhecimento de uma ação política.

7. A fragmentação das candidaturas no 1º turno teve o apoio de setores expressivos do Palácio do Governo. O único pedido político que fiz ao governador Paulo Câmara, antes das convenções, foi uma tentativa de uma conversa com Augusto Coutinho para debatermos as eleições, o que não houve e, logo em seguida, soube que ele tinha recebido o espaço da Junta Comercial de Pernambuco, com alguns cargos dados a Lupércio, na Junta.

8. Não enfrentei Lupércio, mas, essencialmente, a máquina do PC do B e forças expressivas do PSB Estadual, que propiciaram sua candidatura no 1º turno e o ajudaram nos bastidores no 2º turno. As poucas participações do PSB estadual em Olinda foram formais. Tenho diversos depoimentos para provar isso.

Por outro lado, não deu tempo em uma eleição curta, no 2º turno, de desconstruir o discurso do adversário, que desqualificou o debate para assuntos como “filho de Olinda x forasteiro”, “rico x pobre”, as mistificações nas redes sociais e os boatos na periferia de Olinda.

9. Algumas vezes tivemos que recorrer à Justiça para frear ataques e baixarias e para denunciar fatos. O Professor Lupércio terminou sua campanha tendo declarado à Justiça Eleitoral ter arrecadado R$151.780,00 e gasto R$88.701,99 (ele gastou mais do que isso só em bandeiras, segundo estudo feito pelo nosso Jurídico, com auxílio técnico especializado). A sua prestação de contas é objeto de investigação judicial eleitoral. Ele pode até o dia 19 de novembro fazer a prestação de contas final, mas tal postura mostra a falta de transparência na sua campanha e seu volume de propaganda de rua é incompatível com esses gastos a olhos vistos, o que deveria ter sido motivo de mais atenção por parte do Judiciário e do Ministério Público, ante a forte indícios de caixa 2. Iremos, no tempo e nos recursos próprios, colocar tal matéria para apreciação do Poder Judiciário.

10. Estou decidido a continuar a fazer política em Olinda e em Pernambuco. Serei candidato em 2018. Decidirei o cargo em 2017. Não sairei do PSB. Olinda abre um novo ciclo nessa eleição e serei um dos líderes de uma oposição responsável na cidade, vigilante. Sempre estarei ao lado das melhores causas de Olinda. Olinda é uma cidade desafiadora para se administrar ante a situação em que se encontra e espero que o Professor Lupércio e as forças que o apoiaram cumpram com as promessas que fizeram durante as eleições.

11. O PSB precisa rever posições. O partido se não corrigir o rumo e buscar o propósito que sempre o fez forte e determinado, que é beneficiar o povo de Pernambuco e ser fiel às suas bandeiras históricas, vai se fragmentar.

12. Estou fazendo uma carta relatório ao PSB Nacional e uma carta política aos diretórios estadual e municipais de Pernambuco do que se passou em Olinda, que também aconteceu em algumas outras cidades de Pernambuco. Estão entregando várias das nossas bases a antigos adversários políticos. Não falo hoje aqui só, represento a voz de muitos descontentes que talvez não tenham condições de falar nesse momento.

13. Apesar de todos esses desafios, vejo o futuro com fé e esperança.

14. Resistir é uma forma de ação hoje.

15. Não desistirei. Não me intimidarei. Lutarei sempre.

Olinda, 01 de novembro de 2016

Antônio Campos

Com informações de Renata Bezerra de Melo, da Folha de Pernambuco.

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