Ministro Rui Costa propõe remodelar transporte público de Pernambuco
Ministro apresentou à governadora Raquel Lyra a possibilidade de repensar completamente o sistema
Em reunião com a governadora Raquel Lyra (PSDB) para tratar de investimentos do PAC no Estado, o ministro da Casa Civil, Rui Costa (PT) afirmou que o futuro do Metrô do Recife será discutido após a análise de um estudo que será entregue em dezembro pelo Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES).
O ministro revelou que apresentou à Raquel Lyra a possibilidade de alterar o modelo de transporte atual do Estado, propondo, inclusive, a instalação de uma Câmara de Compensação Tarifária, que atua como fiscalizador e faz o recolhimento dos recursos do sistema de ônibus, como acontece na Bahia, estado que Rui Costa governou por dois mandatos.
“Assim que o BNDES entregar o modelo, a proposta, o diagnóstico, nós vamos dialogar. Eu acho que uma hipótese que eu levantei para a governadora é de repensar o modelo como um todo. E ter um sistema onde haja melhor qualidade para a população, um serviço superior”, enfatizou o ministro.
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Rui Costa confessou ter ficado surpreso com a quantidade de recursos que o Estado de Pernambuco investe somente no sistema de ônibus. O ministro revelou que, já em janeiro, o Governo Federal junto ao Governo do Estado, deve apresentar uma alternativa para a melhoria do sistema de transporte como um todo.
“Acho que talvez seja o maior volume de 27 estados no Brasil. Não conheço um estado que coloque tanto recurso em sistema de ônibus. O Governo Federal também investe muito recurso no metrô, mais de R$ 600 milhões de reais. E a informação que eu tenho do serviço, seja de um ou de outro, é de que não são bem avaliados pela população. Se você está gastando muito, é para ter uma boa avaliação. Se não tem, é preciso corrigir o modelo”, pontuou o ministro.
O que dizem as empresas
A Urbana-PE, Sindicato das Empresas de Transportes de Passageiros de Pernambuco, emitiu nota em resposta à fala do ministro. Os empresários afirmam concordar com Rui Costa de que é preciso melhorar o sistema de transporte. Porém, chama de equívoco a comparação entre o sistema de transportes da Região Metropolitana do Recife e o sistema da outras capitais, que é municipal.
Na nota, o Sindicato ressalta, ainda, que o Governo Estadual decidiu pelo congelamento da tarifa, tornando-a uma das mais baratas do País, o que refletiria, segundo a organização, na necessidade de maiores subsídios.
Confira a nota completa abaixo:
A Urbana-PE não apenas concorda com o ministro Rui Costa que é fundamental qualificar o sistema de transporte público da Região Metropolitana do Recife (RMR) como também tem apresentado propostas ao governo do estado pautadas na necessidade de inovação, de priorização do transporte coletivo e de ajustes no atual modelo de custeio, permitindo o adequado atendimento à população, a melhoria da qualidade do serviço e a realização dos investimentos necessários.
Entretanto, comparar um sistema metropolitano, como o da RMR, a sistemas municipais como os da maioria das capitais brasileiras é um equívoco, não apenas pelo aspecto financeiro, mas sobretudo pela complexidade de governança. Do mesmo modo, também é um equívoco demonstrar surpresa com o volume de recursos destinados ao sistema sem, contudo, conhecer a realidade local e os inúmeros desafios enfrentados na RMR.
Aqui, o governo do estado fez uma opção pelo congelamento tarifário em benefício da população, mas que impacta em maior necessidade de subsídios, principalmente tendo em vista que a tarifa local é uma das mais baixas do Brasil. Além disso, os valores mencionados pelo ministro não são destinados apenas aos serviços de transporte, mas também à infraestrutura, como a manutenção dos terminais integrados e das estações de BRT.
Para se fazer um breve contraponto, o município de São Paulo deve destinar algo em torno de 7 bilhões para o sistema, somente no ano de 2024, quase 20 vezes mais do que a RMR.
Portanto, a Urbana-PE entende que a aproximação do governo federal para conhecer o contexto local e aprofundar o debate sobre a mobilidade da RMR é muito benéfica, posto que é indispensável a articulação entre todas as esferas de governo, o setor empresarial e a sociedade para viabilizar os avanços necessários ao sistema de transporte público da região.
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