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Mozart Sales deixa cargo mesmo sabendo do risco de não ser vice de João Campos

Prefeito do Recife só decide quem ocupará a vaga no período da convenção, do dia 20 até 5 de agosto

Ex-deputado e ex-vereador Mozart Sales (PT) e o presidente Lula - Foto: Divulgação

O ex-vereador, ex-deputado e agora ex-assessor da Secretaria de Relações Institucionais do Governo Federal,  Mozart Sales (PT), conversou com a reportagem um dia antes de desincompatibilizar-se do cargo. Para poder pleitear a vaga de vice na chapa do prefeito do Recife, João Campos (PSB), à reeleição o médico precisava sair do postto três meses antes do pleito, obedecendo à legislação eleitoral. Decidiu correr o risco, mesmo sabendo das chances cada vez mais reduzidas de conquistar o espaço.

Com bom trânsito junto ao presidente da República,  Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e aos ministros, o prefeito João Campos já escolheu dois nomes de sua extrema confiança como postulantes a vice: a ex-secretária Marília Dantas (MDB) e o ex-chefe de gabinete Victor Marques (PCdoB). Diferentemente do que diz Mozart Sales, na entrevista seguinte feita por WhatsApp, não foram os partidos que escolheram. Foram o gestor. Indicou os nomes e as legendas.

 

 

Além disso, o PT enfrentou um desgaste longo, que começou com a construção de uma lista de pré-candidatos a vice - não combinada com o prefeito - e uma disputa interna, encerrada há pouco tempo com a retirada do deputado federal Carlos Veras do páreo.

Cearense de Fortaleza, Mozart Sales tem 55 anos, está no Recife há mais de três décadas. Agora acredita que poderá contribuir com a gestão. "O PT tem um legado histórico na cidade, tem uma construção, legitimidade eleitoral, política e um legado de construção e  transformação da realidade do Recife", argumenta.

O senhor decidiu mesmo deixar a assessoria da Secretaria de Relações Institucionais do Governo Federal?
Para o cargo que eu ocupo e o que pretendo disputar a desincompatização deve acontecer até três meses antes do pleito. Então, quem é pré-candidato tem a obrigação de se afastar a partir de amanhã (hoje, sexta, 5 de julho). Portanto, nós vamos cumprir aquilo que está na legislação, até porque temos uma indicação do partido de pré-candidatura, Vamos cumprir o que está disposto na lei para que a gente possa ter o devido tempo até as convenções (que começam no próximo dia 20 e podem ser realizadas até 5 de agosto). 

O senhor ainda acredita que o prefeito João Campos poderá escolher um vice petista, mesmo tendo outras opções?
Claro. Até porque eu acho que é uma construção política. O prefeito tem toda a legitimidade de liderar o processo, Afinal, ele foi eleito em 2020, está fazendo um grande trabalho, tem feito uma boa gestão e tem liderado esse conjunto de forças e de partidos no Recife. Tem feito os devidos diálogos e conversas. Também tem conversado conosco com o PT, e nós temos sim a perspectiva de que poderemos compor a chapa de vice. O PT tem um legado histórico na cidade, tem uma construção, legitimidade eleitoral, política e um legado de construção e  transformação da realidade do Recife.

Por que o senhor quer ser vice de João Campos? 
Primeiro porque nós temos uma construção no âmbito do PT. Como nesse conjunto de forças é a segunda força partidária,  é natural que pleiteie essa condição de disputar a vice. E no meu caso, em especial, me sinto preparado por todos os cargos que ocupei ao longo da minha vida pública. Fui vereador da cidade, suplente de deputado estadual (assumi por um mês) e primeiro suplente de deputado federal, sempre tendo boas votações no Recife.
E toda uma trajetória de luta e de articulação com a cidade e com o estado de Pernambuco. Cheguei ao Recife em 1989, para estudar medicina. Tenho a honra de ser cidadão do Recife, cidadão pernambucano, e contribuído com muitas questões da cidade. Participei em 2001, 2002 da gestão de saúde,do PT, que conseguiu ampliar e fazer uma verdadeira revolução. Depois como vereador da Comissão de Saúde aprofundei ainda mais o meu olhar sobre a cidade, sobre os seus desafios, as suas dificuldades.
Ao longo desse tempo, temos agregado outras situações e outros saberes, através da minha vivência no Governo Federal, na própria gestão estadual, e também no ensino, na docência como professor da Faculdade de Medicina, também agregando sempre conhecimentos novos e uma nova maneira de entender e perceber como é que o Recife se coloca e quais são os desafios da cidade.
Portanto, é empolgante a possibilidade de ser vice-prefeito com a liderança do prefeito João Campos numa cidade com as características históricas do Recife, principalmente agora no bicentenário da Confederação do Equador, um movimento de caráter diferenciado e que posiciona o Recife entre as cidades libertárias do Brasil. 

O senhor acha que o partido e seus líderes se desgastaram ao fazer lista e indicar nomes para uma possível vaga de vice sem combinar com o prefeito?
Os partidos têm autonomia, os partidos não tem que se desgastar. Da mesma forma como os outros partidos - o MDB e o PCdoB - dispuseram nomes é natural que o PT assim o faça, não tem nenhum desgaste em relação a isso. É óbvio que o PT tem um processo próprio de conduzir a sua discussão. Nós, desde o início, dissemos que desta vez não iríamos brigar, não iriamos ter nenhuma narrativa de fratura ou de desgaste. Foi isso o que aconteceu: um debate fraterno, uma construção muito harmoniosa.
E hoje está aí o PT unificado, dando um exemplo de como deve ser a construção política de um partido maduro e que tem a responsabilidade de ajudar o prefeito João Campos. Então não tem nenhum desgaste. Pelo contrário, vemos um pleito legítimo, articulado com unidade, com força, com toda a representação histórica que que o PT tem na cidade do Recife, com a sua revolução no carnaval descentralizado e cultural, com a ampliação do Saúde da Família, com o programa de atenção nos morros, com a expansão da educação, enfim, com todas as questões que as gestões do PT trouxeram. 

Qual será seu futuro político se o prefeito não escolhê-lo? o que o senhor pretende fazer?
Primeiro nós trabalhamos com a hipótese de agregar, de somar, de articular com o prefeito João Campos, com o conjunto de forças que hoje representam a frente que o prefeito coordena e articula. Temos a perspectiva de podermos ajudar muito na articulação com o Governo Federal com o presidente Lula, o ministro Padilha, a ministra Nísia e todo o conjunto de ministros com os quais já estava atuando até agora em Brasília. Mas se a decisão política do conjunto de forças, sob a liderança do prefeito João Campos, for optar por outro nome, vamos, claro, ter a maturidade e a condição de sentar, de discutir com o meu partido, discutir com o presidente Lula, com a presidente Gleisi, com o diretório municipal, com o senador Humberto Costa, Teresa Leitão ou nosso conjunto de força ao nosso posicionamento e como vamos 
A ideia que a gente tem é de marchar com o prefeito João Campos. Entendemos que é importante que esse conjunto de forças se mantenha estruturado e aliado para enfrentar a ameaça negacionista da extrema-direita e os horrores que ela provocou no Brasil há pouco tempo. Para isso, nós precisamos estar coesos, muito unidos. É nisso em que a gente acredita. 

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