No Aniversário de Josué de Castro, evento na Alepe debate a fome como questão política
Médico e geógrafo pernambucano pioneiro em elencar a fome como problema social e político completa 115 anos
A Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) realizou na última terça-feira (5/9) a Mesa de Diálogo "A atualidade do pensamento de Josué de Castro: A fome como uma questão política", atividade promovida pelo Núcleo de Direito Humano à Alimentação e Nutrição Adequadas (DHANA) Josué de Castro e pelo Ministério Público de Pernambuco (MPPE), em parceria com a deputada estadual Rosa Amorim (PT), a Escola Superior do Ministério Público (ESMP) e a FIAN Brasil.
A deputada, que presidiu a Comissão de Combate à Fome da Assembleia Legislativa de Pernambuco, reforça a importância do legado de Josué de Castro para debater o tema.
“Suas reflexões sobre a fome, a desigualdade e a necessidade de uma reforma agrária popular continuam a ressoar em um mundo que ainda enfrenta esses desafios como um chamado à ação. O combate à insegurança alimentar é uma questão estruturadora para a garantia e efetivação de todos os demais direitos”, destaca a deputada.
Para a Fernanda Tavares, professora do Laboratório de Nutrição em Saúde Pública do Departamento de Nutrição da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e doutora no tema, Josué de Castro “não foi só um dos maiores pernambucanos da história, mas uma das principais mentes que o Brasil produziu. O que ele produziu, poucas mentes na história foram capazes de pensar. Tudo o que a gente discute hoje e discutia em 1994, quando foi criado o Consea, e em 2004, quando foi criado o Fome Zero, tudo isso bebeu da fonte do pensamento Josué de Castro”, destaca a pesquisadora.
Para além do debate do acesso às políticas de alimentação, Fernanda pontua também a questão da qualidade dos alimentos. “Não é só se alimentar, mas se nutrir. A qualidade dos alimentos faz toda a diferença no combate à fome e na garantia da segurança alimentar e no combate à fome”, conclui.
Direito à alimentação
“Se coloca muito que Josué de Castro desvenda a questão da fome, mas isso se relaciona com a forma com que se lidava com o tema na época. O Nordeste naquela época vivia os impactos da seca, da fome e da violência, mas isso era jogado para debaixo do tapete. Josué de Castro faz um mapa que prova que o mundo estava passando fome. A fome precisa ser tratada como ela é: uma questão política e que impacta toda a sociedade. Se alimentar é um direito! ”, destacou o dirigente nacional do Movimento de Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e representante da Via Campesina, Jaime Amorim.
O evento também contou com a participação do promotor de justiça e coordenador do Núcleo de Direito Humano à Alimentação e Nutrição Adequadas (DHANA) Josué de Castro, Westei Conde; o deputado estadual Doriel Barros (PT), o deputado estadual Luciano Duque (SD), o pesquisador e atual Presidente do Centro de Estudos e Pesquisas Josué de Castro, José Arlindo Soares; e a pesquisadora e professora da Graduação em Nutrição da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Catarine Santos.
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Fotos: Rebeca Martins