"Nós vamos construir a governabilidade na Câmara dos Deputados", diz Carlos Veras

Deputado federal foi o convidado de hoje (28) do programa Folha Política, da Rádio Folha FM 96,7

Carlos Veras (PT), deputado federal

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O deputado federal reeleito Carlos Veras (PT), em entrevista hoje (28) à Radio Folha FM 96,7, disse que ainda é muito cedo para falar de uma candidatura do PT às eleições para a Prefeitura do Recife em 2024. Acrescenta, ainda que a conjuntura é outra e que se deve levar em conta algumas variáveis.
Na entrevista de meia hora concedida à subeditora de política da Folha de Pernambuco, Carol Brito, e ao repórter de política Carlos André Carvalho, o deputado ainda falou sobre a possibilidade de o governo Lula ter até mais de um ministro de Pernambuco, de como acha que será a oposição ao próximo governo e relembrou a desistência dele da candidatura ao Senado

Oposição no governo Lula
Não tem sido uma tarefa fácil ser parlamentar no governo do desgoverno de Bolsonaro. A gente enfrentou momentos muito difíceis, de ataque à democracia, aos direitos da classe trabalhadora. Eu não vejo os parlamentares mais ligados ao bolsonarismo com capacidade de fazer uma oposição qualificada (a Lula), porque o debate deles é muito vazio. Não têm qualificação suficiente para trazerem um debate de oposição. Nós podemos ter uma oposição mais qualificada para alguns partidos que estão no centro, que estão colocando nesse momento, que não querem fazer parte do governo, mas que estão à disposição para dar sustentação ao próprio governo, dependendo da pauta, do projeto que tiver tramitando. O que mais me preocupa é esse processo de radicalização que eles estão tentando fazer na sociedade, tentando não legitimar um processo legítimo, democrático. 

Questionamento das eleições
Todos nós fomos eleitos pelas urnas eletrônicas. Qualquer parlamentar para questionar o resultado das eleições, primeiro teria que renunciar logo ao mandato, porque ele também foi eleito pelas urnas eletrônicas. A gente precisa trabalhar, todas as forças democráticas, independentemente daqueles que vão estar dando sustentação ou não ao governo do presidente Lula, mas que defendem o estado democrático de direito, que defende a democracia, para a gente poder apaziguar este país. 

Atrair partidos de centro
A gente está dialogando bastante. O próprio coordenador da transição, o vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin, tem ajudado bastante, tem sido peça fundamental nesse arranjo. Nós estamos conversando com todos os partidos. No segundo turno, a gente já teve uma adesão, é a maior de partidos que está no campo do centro. Têm uns se colocando como independentes por conta da relação dos estados, como o Republicanos, por exemplo. Mas a gente sabe que vai poder contar com Silvio Cosa Filho, que é do Republicanos, com Augusto Coutinho, que foi eleito pelo Republicanos. No MDB, a gente sabe que vai poder contar com vários parlamentares. Estamos conversando também com PP.

Presidência da Câmara
Nós vamos construir a governabilidade na Câmara dos Deputados. Não vamos partir para aventuras. A gente não é dois pesos e duas medidas. A gente tem uma atuação política no estado de Pernambuco com a mesma coerência que atuamos no Congresso Nacional. Amanhã, temos reunião da bancada para discutir sobre isso e nós estamos trabalhando para garantir a governabilidade do presidente Lula. Não vamos embarcar em nenhuma aventura, vamos fazer o bom debate e construir a governabilidade. O que é importante é que principalmente nesses primeiros dois anos o presidente possa ter uma harmonia com a Câmara Federal.


Escolha para o Senado
No PT, havia três nomes para o Senado: o meu, o de Marília Arraes, o de Teresa Leitão e até o de Odacir, de Petrolina. Esse debate foi afunilando. Todos nós, inclusive, retiramos os nomes para apoiar o de Marília para o Senado. Ela não se sentiu confiante ou confortável, fez uma opção de sair do PT para disputar a eleição para o governo do estado. Ficaram os outros nomes. Na instância estadual, meu nome foi aprovado praticamente por unanimidade para ser o candidato ao Senado, mas nunca descartamos a possiblidade de outro nome, porque não bastava um nome, a gente teria que construir o melhor caminho. Então, em uma reunião com GPE nacional, com o presidente Lula, ele me fez um pedido para continuar na Câmara Federal, pela minha origem: eu vim do movimento sindical da classe trabalhadora. (...) Foi um pedido do próprio presidente Lula para que a gente continuasse na Câmara Federal para ser interlocutor com a classe trabalhadora, com as centrais sindicais, porque esse é um governo em que vamos disputar por dentro e também nas ruas.

Ministro do PT local
Acho que pode ter mais de um. O PT quer um nome de Pernambuco, o PSB tem tudo para ter um nome de Pernambuco, PCdoB, com Luciana, quer também poder ocupar um espaço como esse. Então, Pernambuco tem muitos candidatos e candidatas a ministros e ministras. O PT contribuiu fortemente nesse processo, e nós vamos trabalhar para que tenha uma representação de Pernambuco e do PT, como teve anteriormente com o próprio Humberto Costa como ministro da Saúde. 

Agricultura no governo Bolsonaro
O governo Bolsonaro desmontou toda a política para a agricultura familiar. Nós tínhamos o projeto Dom Hélder Câmara, ele acabou. A gente tinha a política de um milhão de cisternas de placa; o programa um milhão de cisternas, que  tirou a lata d’água da cabeça das minhas irmãs, da grande maioria das mulheres do campo. A política nacional de assistência técnica ... não basta entregar sementes, é preciso ter uma orientação técnica das novas tecnologias para poder ampliar a produção. Se a gente continuar olhando para a agricultura só plantando milho e feijão para subsistência como é que a gente vai manter a juventude na agricultura, como é que vamos produzir para garantir soberania alimentar? Essa política foi desmontada, uma dificuldade para acesso ao Garantia Safra. Agora, nós tivemos que ir para cima do NDR, porque ele cortou o abastecimento de água através do carro-pipa. Tudo que a gente tinha para a agricultura familiar foi desmontado. O programa Minha Casa, Minha Vida rural, o programa de aquisição de terra, a própria política de reforma agrária, o Auxílio Emergencial. A gente não conseguiu fazer com que o trabalhador rural tivesse o Auxílio Emergencial. Foi preciso entrar com um projeto de lei. 

PT no governo de Raquel
Primeiro, a gente tem que aguardar a montagem do governo da govenadora eleita Raquel Lyra. Quando você olha para a composição das forças políticas em torno da sua candidatura, principalmente no segundo turno, vai reviver aquela aliança de Pernambuco que elegeu Jarbas (Vasconcelos) govenador. São as mesmas forças. A gente tem que esperar a composição do seu governo. Vai ter um governo mais ao centro, como é que vai ser com os bolsonaristas de carteirinha que o apoiaram? Vão ocupar também determinadas funções importantes no seu governo?  Tanto no primeiro como no segundo turno, a população de Pernambuco colocou o PT na oposição ao governo. Não apoiamos nem no primeiro nem no segundo turno. Então, o natural para o PT seria a oposição, mas esse é um debate político que tem que ser feito pela direção estadual, pelos nossos parlamentares que foram eleitos não só do PT, mas da federação. Isso é bom lembrar. Não somos mais um partido, somos uma federação. Independentemente de como esteja a federação, sempre teremos uma atuação com muita responsabilidade: denunciando o que tiver de errado e apoiando o que for de bom para o povo pernambucano.

Prefeitura 2024
Time que não entra em campo, não joga. O PT em todas as últimas eleições para a Prefeitura do Recife teve candidato e todos chegando – exceto a eleição de Humberto (Costa) na sucessão de João da Costa – ao segundo turno, fomos bem votados. Então, o PT é um nome forte para qualquer eleição e principalmente uma municipal no Recife. A conjuntura é outra. Nós precisamos conversar, dialogar. Nós temos uma direção municipal do partido, temos uma liderança. Ainda acho cedo para a gente poder tomar uma decisão. O que o partido precisa fazer? Estar preparado para qual seja o cenário, precisa apresentar para o povo do Recife as suas melhores lideranças, precisa apresentar um projeto político. A população do Recife já sabe como o PT governa. Sabe como foi o governo do ex-prefeito João Paulo e do ex-prefeito João da Costa. Sabe e tem uma aprovação também grande das gestões do PT, mas a gente vive uma conjuntura nova: temos Lula na presidência, o PSB na vice. O João Campos cumpriu um papel importante aqui nas eleições do estado, tanto no apoio ao presidente Lula como numa decisão importante, corajosa quando definiu apoio a Marília (Arraes) no segundo turno. Isso aumenta o respeito sobre a liderança política dele. Então, esse é um debate que nós temos que fazer. Acredito que tudo que tomarmos de decisão aqui será tomada em diálogo com a direção nacional. Esse é um debate que vamos fazer na hora certa, no momento certo. 

Marília Arraes
A gente tem conversado muito, até porque até o dia 2 de fevereiro ainda somos colegas de bancada na Câmara Federal. Ela teve um desempenho político grande em Pernambuco. Ninguém vai desconsiderar. Chegou ao segundo turno. Foi muito bem votada. Poderia ser a governadora. A conjuntura política e o resultado do primeiro turno acabaram sendo desfavoráveis no segundo turno, mas ela poderia ter sido governadora por todo o trabalho que foi feito. Então, a gente continua conversando. Ela está desenhando também como será a sua atuação. Marília Arraes vai continuar sendo uma liderança política e um nome muito forte no estado de Pernambuco. Não tenho dúvidas que o caminho dela é de oposição ao governo do estado, mas uma oposição, acredito, com muita responsabilidade também. Na política, tudo pode acontecer. Então, ainda está cedo para a gente poder desenhar os papeis de cada um, configurar o processo político, mas ela tem amadurecido politicamente. A cada eleição que disputa, ganha uma bagagem política cada vez maior. 
 

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