Os legados da Revolução Pernambucana de 1817
A bandeira do Estado e obras de artes espalhadas pela cidade do Recife relembram o movimento
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A Revolução Pernambucana de 1817, inspirado por ideais iluministas, foi maior movimento popular no Brasil Colônia, transformando Pernambuco numa república independente por 75 dias. É a Data Magna, motivo do feriado desta segunda-feira (6). É considerado um movimento pioneiro na tomada do poder contra os desmandos da Família Real, que morava na Corte, no Rio de Janeiro, contra as províncias.
Pernambuco se tornou independente, formando um novo país, com direito à bandeira, leis próprias e força armada. A República, apesar de breve, deixou um legado inestimável e inspira o povo até os dias atuais.
Um dos legados da Revolução Pernambucana de 1817 é a bandeira de Pernambuco. Apesar de ter sido concebida durante o movimento, a flâmula só foi oficializada 100 anos depois, em 1917, pelo decreto nº 459/1917, do então governador Manuel Antônio Pereira Borba.
Em relação à concepção original, no entanto, sofreu uma pequena alteração: foram retiradas duas das três estrelas que ficavam acima do arco-íris, representando o Rio Grande do Norte e a Paraíba, em referência à república pernambucana.
O padre João Ribeiro, revolucionário e líder da Revolução e que trabalhava também como desenhista botânico, foi criador da flâmula, que tem significados relevantes em cada cor e cada símbolo.
O azul representa o céu; o branco, a paz; e o arco-íris (verde, amarelo, vermelho), a união dos pernambucanos. Quanto aos símbolos, a estrela é o estado no conjunto da federação; a cruz, a fé na justiça e no entendimento; e o Sol, a força e a energia de Pernambuco.
A Revolução Pernambucana de 1817 também está registrada nas ruas e avenidas do Recife não só por terem sido batizadas com nomes dos heróis do movimento.
O levante pode ser relembrado a partir de obras de artistas locais. Alguns já são clássicos, como os painéis do muralista, desenhista e escultor Corbiniano Lins (1924-2018) sobre as revoluções pernambucanas, inclusive a de 1817, na Avenida Cruz Cabugá.
O escultor Abelardo da Hora (1924-2014) assina o Monumento aos Heróis da Revolução Pernambucana de 1817, em concreto e inaugurado em 1994, na Praça da República, voltado para o Palácio da Justiça e de costas para o Palácio do Campo das Princesas, sede do governo de Pernambuco. Na praça, conhecida na época como Campo da Honra, foram enforcados líderes do movimento como Leão Coroado, Vigário Tenório e Domingos Teotônio.
Na área intena do Palácio do Campo das Princesas, em frente a escadaria principal que dá acesso ao primeiro andar, pode ser visto o vitral do arquiteto, pintor, escultor e um dos fundadores da Escola de Belas Artes do Recife, o alemão Heinrich Moser (1886-1947), que chegou ao Recife em 1910. O vitral, que tem como tema a Revolução Pernambucana de 1817, inclui o simbolismo da bandeira da revolução na sua concepção original.
Em 1982, o pintor Cícero Dias (1907-2003), um dos maiores nomes do modernismo brasileiro, doou dois painéis à Casa da Cultura, que foram instalados no hall central do equipamento cultural. Eles representam duas revoluções pernambucanas: a Revolução de 1817 e a Confederação do Equador, que martirizou Frei Caneca, participante também da insurreição de sete anos antes.