Papel de Bolsonaro nas eleições do Recife divide opiniões dos pré-candidatos da oposição
Em meio aos problemas estruturais do Recife e as propostas de campanha, os pré-candidatos à Prefeitura do Recife do campo progressista não deixarão de lado as críticas ao Governo Federal como ferramenta para captar votos dos eleitores recifenses anti-Bolsonaro. Em contraponto, pré-candidatos da ala da oposição tem posições divididas sobre o papel do presidente Jair Bolsonaro em suas campanhas.
A pré-candidata delegada Patrícia Domingos (Podemos) ganhou o título popular de “Moro de saia” durante seu trabalho na Delegacia de Crimes contra Administração e Serviços Públicos (Decasp). O apelido é uma referência ao ex-juiz federal da Lava Jato Sérgio Moro, que rompeu com Bolsonaro neste ano. Seu discurso tem alguns pontos que assemelham com o do presidente Bolsonaro, como a sua defesa ao porte de armas de fogo para Guardas Municipais. No entanto, diante de sua trajetória, a postulante lembra que não é “candidata de ninguém”.
“O meu aliado é o povo, o apoio que eu procuro é do povo recifense”, disparou a delegada. Sobre um eventual apoio do presidente, a pré-candidata não hesitou ao afirmar que “quem tem que declarar apoio a alguma campanha é o presidente”. “Essa decisão vem de Brasília para cá, e não daqui para lá. Inclusive, em respeito às declarações do próprio Bolsonaro, que já afirmou em mais de uma ocasião que não pretende interferir nas eleições municipais”, completou.
Quem seguiu na mesma linha em focar a discussão no Recife durante o pleito de 2020 foi o pré-candidato e deputado federal, Daniel Coelho (Cidadania). Para o correligionário insistir no debate é fazer palanque eleitoral. “Eleição é sobre a cidade. Sobre os ônibus lotados, sobre 850 mil pessoas sem saneamento, sobre um dos piores sistemas de saúde do Brasil, sobre 30% de jovens analfabetos matriculados em nossa rede de ensino. Papel do prefeito é resolver esses problemas, não ficar usando o cargo para fazer eterno palanque eleitoral”, afirmou Coelho.
Presidente do Cidadania em Pernambuco, partido que compõe o movimento nacional “Janelas pela Democracia: impeachment já” ao lado do PSB, PDT, Rede e PV, Daniel Coelho afirmou que o “Cidadania é independente, não faz parte da oposição no Congresso e a bancada é contra impeachment”.
Quem também pode ter seu nome ligado na campanha municipal do Recife ao presidente Jair Bolsonaro é o pré-candidato Mendonça Filho (DEM). Na campanha de 2018, o ex-ministro da Educação declarou seu apoio no segundo turno a Bolsonaro. Mendonça ainda marcou presença na comemoração pela vitória do novo presidente da República no Mercado da Madalena.
Por outro lado, a oposição do Recife tem nomes que não só levantam a bandeira bolsonarista, como faz questão de ratificar que querem ser candidatos do presidente Jair Bolsonaro. O líder da oposição na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe), Marco Aurélio (PRTB), recebeu apoio do vice-presidente da República, Hamilton Mourão (PRTB) e quer ser o nome do Governo Bolsonaro na campanha.
“Votei em Bolsonaro e espero que ele vote em mim, mas, se ele não votar, continuarei Bolsonaro até 2022. Não sou Bolsonaro de ocasião", afirmou. Marco Aurélio relembra que é o pré-candidato que apoiou Bolsonaro desde sua campanha de 2018 e que chegou a disponibilizar o seu comitê no segundo turno no Pina para ser o suporte do projeto do presidente no Recife”, destacou.
Já o pré-candidato Alberto Feitosa (PSC) afirmou que é com muita satisfação e orgulho que será o candidato que defenderá as pautas do governo federal na corrida eleitoral da capital pernambucana. “Os recifenses tem demostrado que não querem mais um governo que quebrou o Brasil”, disse o deputado estadual.
O pré-candidato procurador Charbel (Novo) afirmou que não tem nenhum problema em vincular sua imagem com o presidente da República. “O Brasil mudou muito, avançou, estamos numa crescente. Dos pré-candidatos do Recife, serei o mais alinhado com o Governo Federal, em todas as pautas. Por exemplo: o que eles defendem em economia, nós pensamos igual, sempre defendemos. Também nas questões de saneamento básico, reforma da previdência”, declarou.