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“Precisamos trabalhar pela pacificação do País. O bem do Brasil interessa a todos”, diz José Mucio

Ministro se tornou um ponto de equilíbrio na Esplanada dos Ministérios

“Precisamos trabalhar pela pacificação do País. O bem do Brasil interessa a todos”, diz José Mucio - Divulgação

“Precisamos trabalhar pela pacificação do País. O bem do Brasil interessa a todos”. Assim, o ministro da Defesa, José Mucio Monteiro, descreve a sua atuação à frente de uma das pastas mais estratégicas e delicadas para o Governo Lula. Com um papel de conciliador e peça fundamental para evitar crises entre a caserna e o Palácio do Planalto, o ministro atua para evitar desgastes diante de medidas adotadas pelo Executivo federal que tenham o potencial de causar ruídos com os militares.  

A missão de José Mucio se amolda ao próprio perfil e trajetória do ministro. Liderança política experiente, ele dedicou a carreira a construir pontes e dialogar com civis e militares, conservadores e progressistas. Toda a sua experiência foi colocada à serviço de uma espinhosa transição e da meta de amenizar as resistências das Forças Armadas com o presidente Lula. Isso porque muitas promessas de campanha do petista vão de encontro aos projetos defendidos por militares.

Diferente do cenário visto durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro, com uma forte presença de militares na Esplanada dos Ministérios, a gestão atual quer despolitizar as Forças Armadas. Nesse cenário, José Mucio vem atuando de forma cautelosa e com diplomacia. Logo no início da sua gestão, o ministro enfrentou seu momento de mais alta tensão.

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Com acampamentos de civis na frente de quartéis do Exército pedindo intervenção militar, a crise atingiu seu auge logo no dia 8 de janeiro, quando militantes tomaram a Praça dos Três Poderes, em Brasília, e depredaram prédios públicos. Os episódios culminaram na demissão do general Júlio César Arruda do posto de comandante do Exército, após somente 23 dias no posto, por não contar com a confiança do presidente Lula.

Diálogo e soluções

Com as tensões de janeiro no passado, a relação entre Planalto e militares se tornou mais amena, mas não ficou imune a novos pontos de divergências, principalmente em relação a promessas de campanha do governo petista que batem de frente com os posicionamentos dos militares. É nesses momentos que a atuação de Mucio se tornou ainda mais estratégica. Na última sexta-feira, o presidente Lula assinou o decreto que restringe o acesso de civis a armas e munições. O texto transferiu o papel de fiscalização dos armamentos de civis, atribuição que era do Exército, para a Polícia Federal, sob o comando do Ministério da Justiça.

Na construção do decreto, contudo, José Mucio atuou para atender os pleitos dos militares em relação à matéria, mas sem afetar os interesses do Governo Federal em regulamentar o tema, uma das promessas de campanha do PT. Um dos pontos em que Mucio atuou e que era defendido pelos militares foi para manter a proibição de compra de pistolas de uso restrito, mas sem retirar de circulação as armas em poder da população. Outra polêmica recente foi a decisão do Governo Federal de extinguir o Programa Nacional das Escolas Cívico-Militares, criado durante o governo Bolsonaro. A iniciativa foi anunciada pelo Ministério da Educação (MEC), mas Mucio não assinou o decreto que pôs fim à modalidade.

O programa mobilizou as Forças Armadas e a decisão desagradou, principalmente, membros da reserva. A iniciativa era executada em parceria entre o MEC e o Ministério da Defesa. Apesar dos pontos de tensão, muitas das medidas adotadas pelo Governo Lula já eram esperadas pelos militares e acabam provocando um descontamento maior somente na ala mais próxima de Bolsonaro.

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