Quando a política é um assunto de família

Os relacionamentos familiares nem sempre ficam restritos dentro de casa. Muitas vezes, ganham as ruas, podem ser vistos no ambiente de trabalho e, em diversos casos, nos palanques (ou ambientes) políticos. E, no poder, há famílias e famílias. Umas adotam a estratégia de seguirem unidas; outras, por disputa, acabam se separando. Há, ainda, aquelas que se separam em partidos diferentes, as mantém um projeto comum. Em Pernambuco, assim como em alguns estados do Nordeste, há famílias tradicionais e outras que começam a dar seus passos na política do Estado.

Para o cientista político e professor da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), Leon Victor de Querioz, a questão não é famílias o poder, mas quais interesses essas famílias representam. Se observarmos os Estados Unidos, a taxa de renovação do Congresso é baixíssima, ou seja, os mesmos parlamentares estão no poder há anos, como os Kennedy, Bush, Clinton. A questão não é a permanência do mesmo grupo/família no poder, mas o que esse grupo ou família construiu enquanto esteve no poder”, avaliou.

Queiroz citou o exemplo da família Sarney, no Maranhão: “É um dos piores estados da Federação, com péssimos índices em quase tudo. Em Pernambuco, Petrolina vem há tempos se desenvolvendo fortemente com a exportação de hortifruti. Diante dos Sarneys, os Coelhos são um exemplo virtuoso de desenvolvimento. Não significa que Petrolina não passe por problemas sociais, mas está longe de ser algo próximo ao Maranhão”.

Em Pernambuco, há famílias mais tradicionais na política – caso dos Lyra, dos Coelho, dos Campos, dos Arraes, dos Queiroz, dos Mendonça, dos Costa, dentre outros. Alguns já governaram o Estado, comandaram prefeituras e ocuparam e ocupam cargos no Legislativo. Outras, a exemplo dos Ferreira, começam a ganhar mais destaque, galgando seus espaços no plano local. E as ramificações dos clãs podem acontecer de pais para filhos, de irmão para irmão, marido e mulher, cunhados, primos e tios, entre as diversas possibilidades.

Fenômeno regional

Apesar de encontradas em algumas partes do País, esse fenômeno das famílias na política é algo mais regional, muito característico das regiões Norte e Nordeste do Brasil. A explicação é do doutor em Ciência Política e professor de Ciência Política do curso de Administração da Faculdade Asces, em Caruaru, Vanuccio Pimentel, cuja tese de doutorado – A primazia dos clãs: a família na política nordestina – foi apresentada em agosto de 2014.

“Obviamente que existe esse mesmo tipo de organização familiar, que é uma organização informal, em alguns estados do Sul e do Sudeste. A gente vai encontrar em Santa Catarina, Minas Gerais, por exemplo. Mas a grande concentração deles está no Nordeste, com especial ênfase para alguns estados: Alagoas, Paraíba, Rio Grande do Norte, Sergipe. Pernambuco é um Estado intermediário, vamos dizer assim, porque ele possui um pouco de al ternância de poder maior e que essa alternância de poder necessariamente não está vinculada a algumas famílias. Ela está vinculada a alguns grupos políticos mesmo, ideológicos até, possuem diferenças significativas, que agora com a volta de Eduardo Campos é que isso, vamos dizer, s apossou do Estado de Pernambuco, no Governo do Estado”, avaliou.

Para ele, quan do se olha para os município de Pernambuco, se vê um série desses clãs, citando como exemplo, os Gouveia d Amaraji, Escada e Primavera Para estimular a renovação dos quadros que não seja po meio dessas famílias tradicionais ou por esses pequeno clãs, Pimentel afirma que chave de tudo está na reforma política, com o fim de coligação partidária, fim de financiamento privado e empresarial e candidatura avulsa.

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