"Queremos a desmilitarização da PM", diz Cláudia Ribeiro em sabatina da Rádio Folha FM 96.7. Assista
Candidata a governadora foi a convidada desta sexta-feira (19) na série de sabatinas
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A candidata ao Governo de Pernambuco pelo PSTU, Cláudia Ribeiro, foi a convidada da manhã desta sexta-feira (19) para a sabatina da Rádio Folha FM 96,7. A professora e pedagoga é a quarta a participar da série de sabatinas, que começou na última terça-feira (16) e teve a ordem dos candidatos previamente definida por sorteio. Confira abaixo o que a candidata disse sobre determinados assuntos e assista à integra da sabatina:
Sobre ser governadora
Não é um desejo individual, mas uma organização coletiva. Entendemos que a luta que travamos diariamente com os trabalhadores e com o partido nos credencia a disputar este espaço. Embora as eleições aconteçam de dois em dois anos, a nossa vida não tem mudado, apesar das pessoas falarem sempre em mudanças. A gente quer disputar este espaço e o voto para poder, junto com a classe, construir outro Pernambuco.
Educação
Sou professora da rede municipal do Recife e pedagoga. Nas eleições, é um ponto que todo mundo fala. Todos falam que vão melhorar, mas os indíces demonstram um verdadeiro problema. A educação tem que ser pública. Ela precisa ser mantida com dinheiro público e com trabalhadores de carreira. Temos 40% da composição dos professores da rede estadual que não são contratados. A gente precisa fazer parte da decisão. A educação, infelizmente, se tornou uma grande mercadoria hoje, pois vemos setores da educação que estão enriquecendo muito às suas custas. Entendemos que a educação precisa ser universal para todos os jovens e todas as crianças. A escola tem que ser pública, o orçamento tem que ser público e todos precisam decidir o melhor caminho. Também somos contra a reforma do Ensino Médio, pois mostra que os estudantes até podem escolher os seus caminhos de estudo, mas, se determinada escola da sua localidade não possuir as disciplinas que ele quiser, terá que se deslocar para outro bairro. Precisamos acabar com todo o escoamento de dinheiro público para enriquecer as universidades privadas, pois o dinheiro deixa de fortalecer as próprias escolas públicas ou outros projetos públicos.
Cultura
Não tenho um julgamento de valor sobre o show do cantor (João Gomes), mas o que aconteceu é o mesmo que acontece na educação. A cultura é um direito humano. Hoje, ela serve como um meio de enriquecimento, pois é um bem coletivo, mas transformam em um bem de apropriação. A juventude precisa ter espaços de lazer e cultura. Precisamos ter mais teatros, cinemas. Além disso, as escolas públicas precisam ter concurso para professores de música, arte para que a cultura não se transforme em uma mercadoria. É legítimo o deslocamento das pessoas para o show no Centro, mas é necessário que se tenha uma outra política. O Estado precisa ter uma política forte de investimento para a cultura. A cultura é tão necessária à existência humana quanto os outros fatores, como saúde, por exemplo. Não pode ser um elemento que se transforme em mercadoria. Hoje em dia, por exemplo, é caríssimo ir ao cinema. Os profissionais da arte precisam viver dignamente do seu ofício. Não pode ser um flagelo. Deve ser um direito para eles.
Mobilidade Urbana
Ir e vir é um direito. As pessoas têm o direito de se locomover. Não podem ser privadas disso. Os transportes que estão nas mãos dos donos das empresas de ônibus martirizam os passageiros. As pessoas andam mais de bicicleta ou a pé por não ter condições financeiras de andar de ônibus. É necessário estatizar o sistema de transporte. Ele não pode estar na mão dos empresários. Os ônibus são uma concessão do Estado e não podem servir para enriquecimento deles e, com isso, forçar os passageiros a uma situação calamitosa. A passagem tem que ser social, a frota precisa aumentar e os desempregados e estudantes precisam ter acesso gratuito, subsidiados pelo Estado. O transporte como um todo precisa ser garantido pelo Estado. Aliás, somos contra também a privatização do metrô. É um absurdo o que acontece: superlotação, as mulheres são vítimas de assédio. Culpa do governo do PSB e do governo Bolsonaro.
Privatização da Compesa
A Celpe é um exemplo que podemos tomar. Ela foi privatizada com o discurso de que iria melhorar o acesso. E, hoje, quem não paga a conta de luz é praticamente criminalizado. A privatização não garantiu o acesso à energia. O lucro da Neoenergia não fica sequer no Estado. Quem mais sofre com o sucateamento da Compesa é a população mais pobre. Existem pessoas que vivem sob a lama e o seu próprio esgoto. Entendemos que ela precisa ser do Estado e custeada por ele. É um direito das pessoas terem água e esgoto tratados, pois pode gerar várias doenças e sobrecarregar a saúde pública. A privatização só vai enriquecer ainda mais os empresários e que não vai significar investimento no Estado, a exemplo da luz. Que PPP é essa que só uma parte se dá bem? É um escândalo a população não ter acesso ao saneamento. É inadmissível.
Mobilidade
A gente precisa discutir a política de infraestrutura como um todo. Por exemplo, existe um déficit habitacional muito grande em Pernambuco. Falta mobilidade, asfaltamento e política de drenagem no Estado. Entendemos que é preciso ter um plano de obras públicas para dar conta de toda a infraestrutura que é necessário. É todo um conjunto para que toda a população possa usufruir do seu Estado. As estradas não podem ser um instrumento de enriquecimento para a iniciativa privada. A infraestrutura não se trata apenas de construção de estradas, mas de um conjunto de medidas onde toda a população discutiria qual a real necessidade, que é ter casa, um plano de obras, saneamento.
Segurança Pública
O Pacto pela Vida não garantiu o fim da violência ou a segurança da população. Não assegurou a vida da população pobre. Pernambuco tem se mostrado um estado bastante violento. Este tipo de modelo de segurança que temos atualmente não serve para nós, mas para aumentar o desespero da mãe que perde os seus filhos, por exemplo. Por isso, queremos a desmilitarização da PM e a formação de uma polícia unificada, onde os seus chefes serão eleitos pela população e que os mandatos sejam revogáveis. Só temos 14 delegacias em Pernambuco. O governo atual não garante a vida das mulheres trabalhadoras.
Nacionalização da política em Pernambuco
Entendemos que é uma necessidade derrotar Bolsonaro. Ele deveria estar preso. Ele incita o ódio e a violência contra as mulheres. O governo federal conscientemente apostou na demora da compra das vacinas e na imunidade de rebanho no início. Depois, se comprovou que houve corrupção na compra das vacinas e, hoje, temos milhares de crianças órfãs. Ele é uma ameaça à liberdade democrática. No entanto, entendemos que a saída para a população não é o governo de Lula e Alckmin. Alckmin representa um setor da sociedade elitista. Temos a alternativa do PSTU e um pouco do programa que falamos aqui serve a nível nacional. Entendemos que as alternativas que estão colocadas aqui são responsáveis por muitas pessoas sequer não terem o que comer hoje em dia. Essas alternativas (de candidatos a governador) que temos hoje não são opções viáveis para o nosso Estado.
Ameaça de golpe nas eleições
Não podemos baixar a guarda. Existe a possibilidade (de golpe). Há um setor mais grotesco da burguesia que acham que precisam viver bem. Se for instaurada uma ditadura, os trabalhadores irão sofrer mais. Afinal, eles precisam explorar mais a gente, que somos da população mais pobre, além de almejar tirar os direitos. Não achamos que devemos lidar com Bolsonaro com flores ou beijos. Lidar assim é condenar a população a uma tragédia. Derrotaremos a ameaça de golpismo nas ruas. A população precisa ir às ruas no dia 7 de setembro para mostrar quem é que manda no País, que somos nós (trabalhadores).
Ditadura de esquerda
Não existe ditadura de esquerda. Existe um governo voltado para a população. Hoje nós não temos democracia. Venezuela, China e Cuba não são países socialistas, pois vivem à sombra do capitalismo. Não defendemos tais países.
Candidatura do PSTU
Comecei a entrevista falando que não vivemos uma eleição democrática. Os espaços não são garantidos para todos. Nosso partido é impedido de ter voz quando começar o programa eleitoral. Ninguém verá as nossas proposições. As leis do Estado determinam em quem a população vai votar. Se eu não ofereço que todos tenham direito de tempo igual, é porque as candidaturas já são condicionadas. É uma eleição para quem tem dinheiro. Os grandes empresários financiam as candidaturas e, quando ganham, vão administrar o Estado a serviço de quem investiu. Nossa candidatura é independente, financiada pelo dinheiro da classe trabalhadora. O PSTU não vai governar sozinho. Pernambuco precisa deixar de governar para os ricos. Ele precisa ser governado com e para os trabalhadores. Por isso, precisamos taxar as grandes fortunas e acabar com a isenção fiscal, pois eles têm lucro e não devolvem à cidade. Estamos disputando, indo para cada lugar e utilizar cada espaço disponível para apresentar uma outra alternativa de candidato.
Saída do PT
Existia uma corrente do PT e, em 1992, a cúpula do partido votou contra a saída de Collor. Por essa razão, a Convergência Socialista (uma vertente dentro do partido) foi expulsa e foi daí que surgiu o nosso partido (PSTU), que hoje tem apoio de partidos .
Críticas ao PT, PC do B e PSB
PSB não é um partido de esquerda. Quem aplica uma política que arranca transporte e deixa os trabalhadores desempregados está bem longe de ser de esquerda. Luciana Santos, que é vice de Paulo Câmara, não trabalhou em prol de uma política de proteção contra as mulheres. Eles aplicam a mesma política que só ajuda os ricos a ficarem mais ricos. Não tem nada a ver com a esquerda.
Diálogo com Bolsonaro
Dialogaríamos com os trabalhadores da saúde. Será uma tragédia caso ele se reeleja. Vai se aprofundar essa política dele de retirada de direitos dos brasileiros. Deste governo só vem miséria, fome e barbaridade como esta que aconteceu (com relação às vacinas).
Pesquisas à Presidência
Com o espaço que não temos, demonstra que o que falamos é o que a população entende que precisa ser feito. É reflexo de que o nosso programa chega e que há uma necessidade dessa dança das cadeiras. Afinal, não há mudança significativa com esses nomes quando ficam à frente do poder.
Financiamento do partido
Eles precisam ter total independência dos partidos. Nosso financiamento vem da classe trabalhadora, de onde ela estiver organizada. Se ela fizer uma assembleia no bairro e organizar as candidaturas, o financiamento do partido vem daí.
Conclusão
Fazemos um chamado a todos os homens e as mulheres do Estado a votar no PSTU. Para que, juntos, possamos construir um Pernambuco capaz de construir as funções mais básicas dos trabalhadores, como saúde, moradia, ir e vir, educação pública. E isso só será possível com um enfrentamento aos ricos e a esses governos que estão aí à frente.