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Raquel Lyra: “2025 será um ano de colheita, mas também de plantio”

Durante a visita, a governadora também concedeu entrevista à Rádio Folha FM 96,7

Governadora Raquel Lyra em entrevista na Rádio Folha - Paullo Allmeida/Folha de Pernambuco

A governadora Raquel Lyra (PSDB) fez um balanço dos dois primeiros anos de gestão e traçou as perspectivas para o próximo ano durante visita à Folha de Pernambuco ontem (23). Na ocasião, a chefe do Executivo estadual foi recebida pelo presidente do Grupo EQM e fundador da Folha de Pernambuco, Eduardo de Queiroz Monteiro; pelo diretor Executivo do jornal, Paulo Pugliesi; pelo diretor Operacional José Américo Lopes Góis; pela diretora Administrativa Mariana Costa e pela editora-chefe do jornal, Leusa Santos.

Durante a visita, a governadora também concedeu entrevista à Rádio Folha FM 96,7. Na ocasião, Raquel Lyra destacou que o próximo ano será de consolidação das ações do seu governo.

“Aqui, em Pernambuco, 2025 será um ano de colheita, mas também de plantio. Todo dia falo sobre isso porque, à medida que avançamos, estamos trabalhando”, destacou.

A gestora também defendeu a adoção de uma postura realista sobre os desafios do governo com empenho para superar as adversidades. “Não existe solução mágica para problemas difíceis. Quem promete isso está enganando a população. Muito trabalho e muito empenho juntos”, esclareceu.

Ao receber a visita de Raquel Lyra, Eduardo de Queiroz Monteiro destacou que “a governadora vive um grande momento, especialmente no que diz respeito à agenda econômica e política”. “É importante reconhecer sua trajetória política exemplar. Sempre digo que ela é uma governadora de movimento, de ‘mãos limpas’”, afirmou.

Servidores

A governadora comentou a cessão de servidores estaduais para prefeituras e outras entidades do Estado. Raquel Lyra reconheceu que o empréstimo faz parte de um “regime de colaboração” previsto no sistema jurídico brasileiro e garantiu que vai ceder quadros para órgãos de todo o Estado. Os movimentos, contudo, serão analisados pela Casa Civil caso a caso.

“Isso faz parte de um regime de colaboração, que tem previsão legal no sistema jurídico brasileiro. É algo que ocorre em todo o País. Continuaremos com esse modelo. Todos os dias, no Diário Oficial, vemos pessoas cedidas pelo Governo de Pernambuco, assim como recebemos servidores de outros órgãos. Com a Prefeitura do Recife, isso não é diferente”, citou.

Alepe

Questionada sobre sua relação com a Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe), a governadora reconheceu que houve um tensionamento inicial pela mudança da forma de governar da sua gestão, mas ponderou que há uma evolução positiva na melhora da relação com a Casa.  “Na medida que você dá um novo olhar (para o governo), existe um tensionamento que é natural da vida política. É claro que a gente quer é muito mais harmonia do que tensão. E é para isso que trabalho todo o dia: para que a gente possa atender aos anseios da Assembleia, mas, sobretudo, nos debruçarmos e entregarmos à população de Pernambuco aquilo que a gente se comprometeu com ela”, acrescentou.

A respeito da liberação de emendas que ainda estão pendentes, Raquel avaliou que é natural que exista o interesse dos parlamentares em disponibilizar suas emendas. “Já executamos um grande número de emendas parlamentares e vamos continuar fazendo até o dia 30, quando fecha o sistema. Na reabertura do sistema, vamos continuar trabalhando no pagamento das emendas e na execução do orçamento de forma geral”, garantiu.

PSDB

Durante a entrevista, Raquel ainda fez questão de ressaltar a boa relação institucional que mantém com o Governo Lula e voltou a defender que o PSDB adote uma postura independente em relação ao Palácio do Planalto. A gestora ainda defendeu a importância da legenda fazer uma reflexão sobre o seu futuro e admitiu a possibilidade da agremiação iniciar um processo de fusão ou federação com outras siglas.

Prateleira

Já sobre a possibilidade de deixar o PSDB, a governadora confirmou que recebeu convites para se filiar a outros partidos, mas ponderou que a decisão sobre o seu futuro partidário será anunciada por ela.

 “Não estou ‘na prateleira’, mas é claro que o diálogo na política existe, e, sim, já recebi convites de partidos políticos para compor suas estruturas partidárias. Quero agradecer a todos e a cada um que acredita que eu possa ser alguém importante para a construção partidária”, mencionou.

Escola

Quanto à Escola de Sargentos, que será construída em Pernambuco, a governadora destacou o papel relevante do ministro da Defesa, José Mucio Monteiro, na articulação da benfeitoria. “Primeiro, reconhecer aqui o trabalho que o ministro José Mucio vem fazendo, inclusive o seu empenho para garantia da Escola de Sargentos, que é um equipamento importante para a gente poder garantir o crescimento de uma região muito pobre da nossa Região Metropolitana”, destacou.

Raquel também esclareceu que o Governo do Estado está fazendo sua parte com a realização de obras que fazem parte do acordo firmado com o Exército. “Já, já, a gente vai dar ordem de serviço da PE-27 e estamos trabalhando para concluir a obra da triplicação da BR-232, que são todos os investimentos que foram apontados no acordo de cooperação entre o Estado e o Exército brasileiro”, afirmou. “O orçamento está garantido, as obras estão acontecendo e acontecerão”, acrescentou.

Futuro

Sobre as eleições de 2026 e sua candidatura à reeleição, Raquel afirmou que “discutir as eleições de 2026 agora é prestar um desserviço a Pernambuco”. “Acho que quem faz isso é porque não tem a oportunidade de realizar ações concretas”, destacou.

Concessão

Quanto à concessão parcial do sistema de distribuição de água e de tratamento de esgoto da Compesa, a governadora disse que, em 2025, vai avançar com o processo. “Isso deve nos garantir um investimento para universalização do marco regulatório de algo em torno de R$ 20 bilhões. Então, além dos R$ 6 bilhões que a gente tem, tem mais R$ 20 bilhões para poder garantir esses investimentos onde precisa”, esclareceu.

Pelas contas da governadora, os investimentos necessários para levar água a todo o Estado chegam a R$ 32 bilhões. “Então, o caminho do investimento privado é o único que a gente tem e é o que o Brasil está adotando”, justificou.

Investimentos

No que diz respeito aos investimentos no Estado, a governadora garantiu que, nos próximos anos, Pernambuco contará com níveis históricos de investimento feito diretamente pelo governo e também tracionado por ele. Quanto aos empreendedores, Raquel abordou a construção da segurança jurídica e tributária em Pernambuco e de um ambiente melhor para investimento (infraestrutura).

“O nosso principal desafio para os próximos anos na economia é permitir que Pernambuco capture parte dos investimentos da nova economia. A gente foi sofrendo um processo de desindustrialização, e não adianta mais olhar para o retrovisor. Nós precisamos olhar para as oportunidades que a gente tem pela frente”, disse a governadora.

Depois, Raquel destacou como oportunidades potenciais do Estado o investimento em energia limpa e em logística e o posicionamento melhor no turismo. As medidas, segundo ela, geram emprego, renda e dão sustentabilidade ao momento que Pernambuco vive.

Logística

A gestora afirmou que também tem investido muito na infraestrutura logística.

“Veja os investimentos que estão acontecendo no Porto de Suape: dragagem interna, externa, requalificação do molhe. Aqui, a gente trabalhando no Porto do Recife, que está batendo recorde de investimento, e pela primeira vez na história é superavitário”, revelou.

Outras ações destacadas pela gestora são a BR-104, BR-232, a PE-17, a PE-60 e o Arco Metropolitano. “Estou trabalhando todo dia para que o edital (do Arco) saia neste ano, e minha meta é essa, além da construção do Aeroporto de Caruaru. São ativos que nós vamos ter para permitir que a gente tenha mais competitividade do ponto de vista logístico”, expôs.

Transnordestina

A governadora também defendeu que a conclusão do trecho que liga Salgueiro a Suape da Transnordestina é importante para o desenvolvimento do Estado. Segundo ela, há um compromisso do Governo Federal para tocar a obra com recursos públicos enquanto mantém a busca por um parceiro privado.

“Enquanto modela o novo investimento privado, a obra poderá estar rodando. É a infra que vai rodar a obra. Como obra pública. E tem algumas oportunidades de investimento diante da indenização da malha ferroviária que foi comprada no passado, nunca foi indenizada. São alternativas, inclusive, de destinar investimentos para a Transnordestina. Então, são temas que a gente tem tratado junto ao Governo Federal”, destacou.

Machismo
“Sofremos com isso todo dia. Se eu falar algo diferente, estaria mentindo. Mas a partir do momento que as pessoas vão nos conhecendo melhor, elas entendem a nossa forma de agir, com transparência e diálogo. Nossa gestão é baseada nisso e às vezes causa estranhamento. Quando disse aos prefeitos no ano passado que tudo aquilo que foi prometido, em grande parte, não teria dinheiro para fazer, com propagandas e documentos assinados em 2022 e 2021, as pessoas estranharam. Eu prefiro agir de uma forma diferente, peculiar a forma das mulheres. Claro que cada uma é um ser humano diferente, mas mulheres dialogam bem mais, olhando o individual. É um processo de maturação não somente institucional, do Governo, da relação com as lideranças, mas também da sociedade. Se não houvesse uma mulher aqui, não teríamos as quatro maternidades que construímos ou a ‘Mães de Pernambuco’, com auxílio de R$ 300 a 395 mil mães pernambucanas. Sem uma mulher aqui, o programa de creche não seria prioridade. Vamos construir 250 em Pernambuco. Quando a gente diz que vai pegar na mão de todo mundo e não deixar alguém para trás é porque a gente não se satisfaz de ver pessoas passando fome e não fazer nada. Temos cozinha comunitária, maior nível de investimento em assistência social da história do estado. Trabalhamos para todos, sem excluir quem votou ou não em mim.” 

Mobilidade
“Existe um estudo feito pelo Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) que mostra que a mobilidade na Região Metropolitana do Recife (RMR) é uma das maiores angústias da nossa população. A falta de previsibilidade, de saber, ao sair de casa, a hora que chega no trabalho e a hora que vai voltar, é algo que, no Brasil, tem a região como um dos piores lugares. O metrô transportava, antes da pandemia, mais de 400 mil pessoas e, a cada ano, fica mais sucateado, ‘canibalizado’, tirando coisa de vagão para jogar em outro. O estudo será apresentado ao Governo Federal e do Estado. Estamos acompanhando tudo isso com reuniões semanais e um dos cenários possíveis, já que todos sabem que a CBTU é federal, é de entregar para a gestão estadual e ter um processo de concessão. Essa é uma estratégia possível. Mas se exige um valor grande do Governo Federal aqui, balanceando uma eventual entrega da iniciativa privada com o contrato de investimento de algo em torno de R$ 3 bilhões no metrô. Em janeiro, devemos ter uma reunião para discutir isso de forma mais profunda, apresentando cenários ao povo pernambucano, buscando um caminho que caiba no bolso de todo mundo. O mais importante é que quem deve estar no foco dessa construção é o povo.”

Segurança
“O Juntos Pela Segurança é algo monitorado toda semana e todos os dias o secretário de Defesa Social (Alessandro Carvalho) se reúne com toda sua tropa. Primeiro, nós queríamos garantir recursos para investimentos, destinando R$ 2,3 bilhões para a segurança pública, se traduzindo em novos equipamentos, armamentos, sistemas de inteligência, polícia científica, sistema prisional. Já entregamos duas mil vagas e as outras sete mil farão com que tenhamos o maior investimento do sistema prisional em Pernambuco nos últimos 30 anos. No próximo dia 30, teremos a aula inaugural dos nossos praças da Polícia Militar. Serão 2.400 que entrarão agora, com a grande celebração no final do ano após ficarem sete meses na academia. Durante o primeiro semestre do ano que vem, nós teremos oficiais entrando, bombeiros entrando, oxigenando a Polícia. Até o começo de 2026, nós teremos sete mil novos policiais que darão fôlego à segurança. Com mais gente trabalhando, mais investimentos em inteligência e a articulação com as outras forças operacionais de segurança no Brasil, vamos garantir essa redução da violência de maneira ainda mais efetiva.”

Esportes
“Temos o maior programa de financiamento de atletas do Brasil, sendo reconhecido no parlamento europeu como território na América Latina de avanço em esportes. Temos a quarta melhor arena pública do Brasil. Melhoramos o que tínhamos, mas precisamos fazer mais. Por isso, queremos criar uma estrutura específica (secretaria independente de Esportes), permitindo um olhar voltado para essa questão.”

Cultura
“Estamos em um movimento de fortalecimento da nossa cultura popular. Primeiro, tratando todos os artistas com muito respeito. Não temos cachê atrasado. No passado, os artistas diziam que trabalhar pela Fundarpe era quase o mesmo do que fazer uma poupança, sem prazo de resgate do investimento feito no passado. Chegamos aqui com uma proposta de fortalecer a Fundarpe e ela foi fortalecida. Estamos fazendo um trabalho forte para fortalecer os movimentos culturais. Executamos 100% a Lei Paulo Gustavo, trabalhamos com foco na execução da Lei Rouanet. Criamos um festival novo, que é o Pernambuco Meu País, que deu super certo, trabalhando com todas as linguagens culturais nas diversas regiões do estado, saindo da lógica tradicional dos festivais que acontecem dentro dos circuitos do Carnaval e São João. Isso permite que a população experimente outras formas de cultura. O feedback que recebemos do povo, dos investimentos na rede hoteleira é sempre muito positivo. Isso sem falar de privilegiar artistas em um calendário cultural mais fortalecido do que os ciclos tradicionais. Sobre o Festival de Inverno de Garanhuns, houve uma decisão do prefeito de realizar o evento. Ele acontece na cidade, mas foi criado pelo Governo de Pernambuco. Acontece no território de Garanhuns e o prefeito decidiu neste ano que ele iria realizar. A única coisa que podemos fazer é respeitar a decisão deles, realizando aquilo que está na nossa incumbência. Não basta ter o equipamento cultural, o local de visitação: precisamos mexer com outros sentimentos. Queremos não somente atrair os turistas, mas fazer com que a população saiba onde vai ter forró, onde vai ter festival. Isso é criar alternativas de acesso ao lazer de graça. O cinema São Luiz voltou, por exemplo. Já, já vamos firmar um contrato com a Unicap para fazer o Liceu de Artes e Ofícios. Estamos correndo com o projeto da fábrica do Tacaruna. Além disso, tem o prédio da Praça do Diário que será nossa Secretaria de Cultura, com um museu da imprensa pernambucana. Espero soltar a licitação de tudo no ano que vem.”
 

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