Raquel Lyra faz balanço de dois anos de gestão em visita à Folha de Pernambuco
Governadora visita redação integrada e diretoria do jornal, e participa do Folha Política
A governadora de Pernambuco, Raquel Lyra, visitou a Folha de Pernambuco, nesta segunda-feira (23). A gestora, que completa dois anos de mandato na próxima semana, fez um balanço da primeira metade da sua gestão.
Raquel Lyra participou do programa Folha Política, na Rádio Folha 96,7 FM. O âncora Jota Batista, a editora de Política e Economia, Carol Brito, e a colunista de política Betânia Santana, conduziram a entrevista.
Assista:
Raquel Lyra foi recebida pelo presidente do Grupo EQM, do qual a Folha de Pernambuco faz parte, Eduardo de Queiroz Monteiro, pelo diretor Executivo, Paulo Pugliesi, pelo diretor Operacional, José Américo; e pela diretora Administrativa, Mariana Costa.
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Raquel Lyra destacou, entre os temas abordados na entrevista, a reorganização da gestão feita durante o seu mandato.
"Fazendo uma comparação com a nossa casa, quando você chega numa casa nova, precisamos fazer uma grande reorganização do Governo de Pernambuco e reposicionar o nosso governo que tinha, infelizmente, ficado estagnado ao longo dos últimos anos. A gente não tinha capacidade de investimento, fomos buscar recursos, construir parcerias", afirmou a governadora, ao citar o trabalho feito nestes dois anos.
A gestora também ressaltou os desafios para o futuro, identificados a partir de diagnósticos de quais são os grandes problemas do Estado.
"Diante do diagnóstico dos grandes desafios de Pernambuco, da falta de água, das estradas em péssimas condições, do problema na educação, lançamos programas estratégicos, com recursos garantidos", completou, elencando programas da gestão, como PE na Estrada, Juntos pela Educação, Pernambuco sem Fome e Águas de Pernambuco.
"Todo esse esforço era para que a gente pudesse fazer de novo Pernambuco voltar a crescer com o cuidado de não deixar ninguém para trás", analisou.
Raquel Lyra falou ainda sobre a cessão de servidores, às vésperas do início de novos mandatos dos prefeitos do Estado. No domingo, o prefeito do Recife, João Campos, anunciou servidores estaduais na composição do secretariado de sua nova gestão.
"Temos 200 mil trabalhadores, parte da nossa força de trabalho está servida a municípios e outros órgãos. Ao longo do tempo, houve municipalização de alguns serviços, como na educação, por exemplo. É um regime de colaboração, existe previsão legal. Vocês veem todos os dias no Diário Oficial pessoas cedidas do Governo de Pernambuco, assim como a gente recebe parte deles. E na Prefeitura do Recife não é diferente", pontuou.
Outros temas citados na entrevista foram o machismo na política, sua relação com o PSDB, o desmembramento da Secretaria de Educação e Esportes
e outros.
Visita
O presidente do Grupo EQM, Eduardo de Queiroz Monteiro, destacou a atuação da governadora nesta primeira metade do mandato. “Que ela possa colher os frutos. É uma governadora de mãos limpas, e hoje em dia isso é um ativo muito valioso”, afirmou.
A governadora ainda reafirmou a contribuição da Folha de Pernambuco ao jornalismo. “Quero agradecer muito pelo papel responsável que a Folha tem feito. Um jornalismo crítico, mas um jornalismo democrático. O jornalismo que vocês praticam, para nós, é muito importante. São pessoas comprometidas com os fatos”, ponderou a mandatária.
Raquel Lyra definiu o atual ambiente do Estado como melhor para investimento e, por isso, trabalha para Pernambuco captar recursos.
“A certeza que vamos ter nos próximos anos níveis históricos de investimentos em Pernambuco. Precisamos olhar para o que temos pela frente”, completou a gestora.
No tema da segurança pública, Raquel Lyra ressaltou os avanços no programa Juntos pela Segurança. Segundo ela, até o início de 2026, o Estado reforçará o efetivo em 7 mil novos policiais.
“Destinamos para a segurança pública desde o ano passado R$ 2,3 milhões que estão se traduzindo em novos investimentos. Esses novos policiais darão fôlego. Com mais gente trabalhando, com a articulação que estamos conseguindo ter, podemos garantir essa redução na violência e fazer de maneira mais efetiva”, completou a gestora.
Também participaram do encontro a editora-chefe da Folha, Leusa Santos, a colunista Roberta Jungmann, a repórter do Movimento Econômico Ângela Belfort, o assessor especial da presidência do Grupo EQM Joni Ramos, e o diretor do Grupo EQM, Domingos Azevedo.
Emendas parlamentares
Ao ser questionada sobre as emendas destinadas aos parlamentares, Raquel Lyra falou da relação entre os poderes.
"Temos tripartição de poderes e é importante o equilíbrio entre eles. Eu sempre busquei que pudéssemos ter relação de diálogo permanente. Todos os projetos de lei que mandei para a Assembleia Legislativa foram aprovados, todos. Alguns com maior tensionamento de debate, outros de maneira mais rápida, mas isso é natural do processo democrático. A gente vai continuar agindo dessa forma, quero agradecer à Assembleia Legislativa em nome do presidente Álvaro Porto, dos demais membros, deputados e deputadas que conseguiram ao longo desse tempo discutir e aprovar nossos projetos para que possa fazer investimentos em educação, saúde e segurança."
A governadora também garantiu que o trabalho seguirá sendo feito da mesma forma.
"Existe obviamente o interesse dos parlamentares de poderem disponibilizar de suas emendas, previstas na Constituição Federal. A gente já executou um grande número de emendas parlamentares e vamos continuar fazendo até dia 30, quando fecha o sistema, e, na reabertura dele, vamos continuar trabalhando".
Relação com a Alepe
Raquel Lyra afirmou que trabalha diariamente para, na relação com a Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe), conseguir entregar à população do Estado aquilo que prometeu.
"Quando chega um novo governo que tem uma forma diferente de fazer política, de fazer gestão. Pela primeira vez na história são duas mulheres, isso não é algo singelo. Imagina que toda uma estrutura sempre foi pensada e montadap or homens. À medida que você dá um novo olhar, é claro que existe um tensionamento que é natural da vida política. É claro que o que a gente quer é que haja muito mais harmonia do que tensão".
"Não tenho dúvida nenhuma que ano que vem será melhor do que o que passou"
Machismo na política
Raquel Lyra foi perguntada sobre seu papel enquanto mulher no Governo do Estado. Ela destacou o fato de compor uma mesa com três mulheres, ao lado da editora de Política e Economia, Carol Brito, e da colunista Betânia Santana.
"A gente sofre todo dia com machismo. Se eu disser algo diferente eu estaria mentindo, mas a partir do momento que as pesosas vão lhe conhecendo melhor, vão entendendo a forma de agir, a gente sempre age com muita transparência, com muito diálogo, a nossa gestão é baseada nisso e às vezes isso causa estranhamento. Quando cheguei ano passado e disse aos municípios, aos deputados que tudo aquilo que tinha prometido, em grande parte, não tinha dinheiro para fazer, as pessoas estranharam. Mulheres agem dialogando mais e isso na política também acontece, é um processo de maturação não só institucional, mas também da sociedade com gente".
"Se não houvesse uma mulher aqui, não seriam construídas quatro maternidades como nós faremos. Se não houvesse uma mulher aqui, talvez não tivesse o Mães de Pernambuco, que dá R$ 300 a 95 mil mães pernambucanas. Se não houvesse uma mulher aqui, o programa de creche não seria prioridade como nunca foi. Há também uma recolocação das prioridades de um governo"
Relação com o governo federal
Em recente visita ao Estado, o ministro da Casa Civil, Rui Costa, destacou a atuação de Raquel Lyra junto ao presidente Lula e afirmou que a gestora era base do governo. Ela foi perguntada sobre esse papel.
"Acho que é importante ressaltar o quanto que o Estado de Pernambuco ganhou a partir do momento em que você permite, a partir de sua liderança, eu, de a gente poder estar em diálogo com o governo federal. Passamos por muito tempo em Pernambuco sem construir esse diálogo e isso fez falta a nós. Disse ao povo de Pernambuco que no primeiro momento do nosso governo, iria ao governo federal, ao presidente eleito para poder trabalhar prioridades para Pernambuco. E desde o primeiro momento, na primeira reunião que eu tive com o presidente Lula com todos os governadores do Brasil, ele nos colocou que trabalharia para todos e essa é a forma que também compreendo. Pela minha forma de agir, de compreensão da política, que devemos fazer com os municípios pernambucanos e desde o primeiro momento também sendo tratado, com muita hombridade e com muita reciprocidade com os ministérios".
Relação política com o PT
Raquel Lyra foi perguntada ainda sobre a aproximação política com o PT. A governadora destacou sua gratidão.
"Não é só o PT e eu sou grata a todos os parlamentares, que compreendem que os projetos de lei que a gente encaminha para Casa são para que a gente possa garantir que as ações que vão chegar à vida da população possam acontecer. Aqui vai um registro de agradecimento, inclusive, à bancada do PT"
Relação com o PSDB
A governadora também falou de sua relação com o PSDB, que se coloca como oposição ao presidente Lula.
"O partido tem uma postura, do ponto de vista de ser uma oposição declarada ao presidente, ao governo federal e eu tenho dito que é uma postura equivocada. No meu ponto de vista, deveríamos ter pelo menos uma postura de independência, para que, no momento de desafio como a gente vive agora, veja aí os juros, a questão do dólar, necessidade de aprovação do orçamento, que a gente precisa de concertação e de união"
"A gente precisa de união, se a gente tiver olhando para a próxima eleição, a gente tem dificuldades de poder ajudar o Brasil a poder crescer. Não tô aqui dizendo que todas as atitudes de qualquer partido que façam oposição seja nesse sentido de olhar para a próxima eleição, mas acho que a gente tem que dar as mãos e ajudar o governo federal, ajudar inclusive o presidente Lula, para a gente poder ter estabilidade no país porque quando é ruim para todo mundo, é ruim para os estados, para os municípios.
"A gente tem sempre conversado muito com o próprio partido com a lideranças partidárias, eu sempre digo que sou porta-voz de mim mesma e que qualquer decisão que for tomar em relação ao partido e manutenção ou saída do partido, será verbalizada no tempo certo, no tempo oportuno, não tenho dúvida nenhuma disso que serei eu mesma que darei eventualmente a notícia pra vocês"
Eventual de mudança de legenda
Raquel Lyra destacou os resultados do PSD e registrou agradecimentos ao presidente estadual da sigla, o ministro de Pesca e Aquicultura, André de Paula, e o presidente nacional, Gilberto Kassab.
"Eles têm sido sim grande parceiros do Estado de Pernambuco. A gente quando vê o resultado eleitoral agora das eleições de 2024, a nossa base cresceu de maneira muito forte e o PSD é um partido essencial sim na construção dessa base, foram mais de 124 prefeitos eleitos que estão diretamente na nossa base e o PSD é um partido com o qual a gente conta sem medida".
"É claro que diálogo na política existe e eu já recebi sim convites de partidos políticos. Quero agradecer a todos e a cada um, mas temos foco muito grande em Pernambuco. Estou aqui por conta do PSDB, a gente também tem a plena convicção de que esteja firme nos valores que nos trouxeram até aqui"
Regiões do Estado
Raquel Lyra comentou sobre ações no Recife, na Região Metropolitana e no Interior do Estado.
"Se eu tivesse com uma casa organizada, é claro que em 23, eu tinha entregue, mas era impossível. Se eu tivesse aqui chegado com o governo voando, a gente tinha só acrescentando o pé no acelerador, mas se fosse o governo voando não seria eu a governadora. A gente veio aqui pra implementar um jeito diferente de fazer as coisas e o jeito diferente quer dizer que a gente só se compromete com aquilo que a gente pode cumprir, que antes de a gente lançar uma coisa na televisão, a gente tem que ter papel assinado"
Ela falou de obras e projetos como Canal do Fragoso, Adutora do Agreste e Morar Bem Pernambuco
"A gente consegue reposicionar o Estado, colocá-lo em pé de novo. A população de Pernambuco já consegue enxergar os resultados do nosso trabalho"
Ano de colheita e plantio
Em relação ao novo ano que se aproxima, a governadora destacou que será um ano de colheita, mas também de "plantio todo dia".
"Eu falo sobre isso porque, na medida em que vamos aqui licitar quatro maternidades para que a gente possa reduzir a mortalidade materna infantil em Pernambuco, para que a gente possa garantir à mãe o direito de saber onde seu bebê vai nascer, a gente tem que construir pelo menos entregar cinco maternidades. Eu entrego uma no começo do ano lanço edital das outras quatro. Nos próximos dias, a gente tem que ter foco nisso E então estou aqui, conseguimos o dinheiro, a gente planta, a gente lança edital, é o plantio, e, em seguida, nós vamos monitorar as obras para fazer elas acontecerem e a gente tem colheita. Não tem solução mágica para problema difícil"
"O que tem de extraordinário para o ano que vem? Muito trabalho, muito empenho"
Metrô do Recife
A governadora Raquel Lyra comentou a situação do Metrô do Recife, alvo constante de reclamações dos usuários por suas condições.
"A gente tem acompanhado esses estudos com reuniões semanais e um dos cenários possíveis, todo mundo sabe que o metrô é federal, a CBTU é Federal, é de entregar o metrô pra gestão estadual e fazer um processo de concessão. Essa é uma das estratégias possíveis. É evidente que já está posto no papel que exige-se um dinheiro muito grande do governo federal aqui, que seja para poder balancear uma eventual entrega para iniciativa privada com o contrato de investimento de algo em torno de 3 bilhões de reais no metrô, fora aquele dinheiro que vai ser utilizado pela iniciativa privada. A gente ia fazer a reunião agora durante o mês de dezembro, mas o presidente se acidentou"
Raquel Lyra disse que em janeiro deve ser convocada uma reunião para fazer a discussão dos cenários do sistema.
Reforma no secretariado
Recentemente, a governadora enviou projeto para reformar parte das secretarias. A Secretaria de Educação e Esportes será desmembrada, mas com o esporte educacional ainda em seu guarda-chuva. Ainda será criada a Secretaria Executiva da Causa Animal.
"A gente está estruturando [mudanças] para dentro do governo para que a gente possa agir melhor em relação a determinados temas"
A governadora não adiantou os nomes que irão ocupar as novas pastas.
"Os nomes não estão definidos, mas, assim que forem, a gente coloca para vocês"
Escola de Sargentos
A governadora também abordou a questão da instalação da Escola de Sargentos do Exército Brasileiro.
"É um equipamento importante para a gente poder garantir o crescimento de uma região muito pobre da nossa Região Metropolitana. As obras estão acontecendo e acontecerão, então o que a gente espera agora é que consiga se destravar o início da obra, a aprovação de projetos e início da obra. Esse é o empenho que precisa ser feito, fechar o escopo do projeto e conseguir licitar a obra para que o Exército Brasileiro possa tocar".
Raquel Lyra citou que os recursos serão empenhados pelo próprio Exército.
Concessão da Compesa
Foram captados pelo Governo do Estado recursos na ordem dos R$ 6 bilhões para o tema da distribuição de água. A governadora destacou os desafios para a universalização da água à população e a concessão da Compesa.
"A gente tem R$ 6 bilhões, R$ 20 bilhões da concessão e mais uns R$ 6 bilhões par poder chegar onde a Compesa não vai chegar, onde não é viável economicamente para o equilíbrio econômico-financeiro do contrato. A gente está investindo muito no sistema simplificado de abastecimento rural, poços e tudo mais. São R$ 32 bilhões, é o número para a gente poder levar água para todo mundo. O caminho do investimento privado é o único que a gente tem. Não temos recursos, não somos um estado rico"
"No desenho que a gente pôs, fizemos algumas proteções. A gente já garantiu umas proteções, como a tarifa social da Compesa. Hoje é mais tranquilo do ponto de vista de como serão os próximos anos, temos previsibilidade. Vamos ter um processo bom, com garantia de investimentos"