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Reação desproporcional para palavras ao vento

Márcio Didier
Editor do Blog da Folha

Diz o ditado que política não se faz com o fígado. Agir dessa forma, não raras vezes, apresenta resultados equivocados. O PT, em 2012, passou por isso, com as prévias internas. O resultado foi desastroso e o partido ainda não encontrou o prumo depois disso. O período pós–eleitoral mostrou o PSB/Governo do Estado usando e abusando desse tipo de prática.

A nota divulgada na noite de segunda-feira (7) na qual o comando do partido afirma o vice-presidente de Relações Institucionais da sigla, Luciano Vasquez, “não fala nem nunca falou em nome do PSB” é, pra dizer o mínimo, esquisita ou incoerente. Como uma pessoa é colocada numa das vice-presidências do partido e não fala pelo PSB.

O script adotado lembra muito o embate, no passado, com a vereadora Marília Arraes. Após ela entrar em confronto com a sigla – quer seja por interesses contrariados ou por “discordar dos caminhos do partido”, como ela anunciou à época –, Marília foi ilhada no partido. O clima ficou tão ruim a ponto de colocarem o nome dela numa cadela que ficava no comitê do então candidato a governador Paulo Câmara, em 2014.

Sem espaço e ambiente na sigla, com rumores de que não conseguiria legenda para disputar a reeleição, Marília não teve outro caminho que não trocar o PSB pelo PT, sigla na qual conseguiu se reeleger com a maior votação da coligação.

Socialistas afirmam que a nota de Luciano Vasquez, na qual ele falou que “a inexperiência, o amadorismo, a inércia e a falta de diálogo são as marcas efervescentes desse tempo”, merecia uma resposta à altura, no mesmo tom.

O governador Paulo Câmara afirmou, na segunda-feira (7), que não mistura a administração estadual com o PSB, o que é plausível, sensato e correto.

O problema é que fica difícil dissociar isso quando o partido adota uma nota com os termos que utilizou, misturando tudo, ao citar que “ele (Luciano) deve achar que o governo seria bom se o mantivesse no cargo. Certamente sua demissão se deu no âmbito administrativo”.

Se os dirigentes da sigla consideram que a nota de Vasquez foi forte e agressiva, a resposta na mesma medida acabou por nivelar partido e filiado. “As opiniões emitidas por Vasquez se perdem como palavras ao vento. O tempo é de muito trabalho e não de futrica”, diz a nota do PSB. Bem, se são palavras ao vento, não deveriam incomodar tanto a ponto de gerar um revide nesse tom.

A cúpula socialista – que Vasquez faz parte, mas não faz, segundo a nota – agiu com o fígado, espelhou o tom agressivo e reforçou um embate público que deveria ser feito nos limites partidários.

Uma sutileza de um hipopótamo numa plantação de orquídeas, que certamente não agrega nada para o PSB.

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