Logo Folha de Pernambuco
Blog da Folha

Sebrae-PE aposta em lideranças locais e diversidade econômica para impulsionar Mata Sul

Alexandre Alves, foi o convidado do Folha Política desta segunda-feira (14)

Alexandre Alves, gerente do Sebrae-PE para a Zona da MataAlexandre Alves, gerente do Sebrae-PE para a Zona da Mata - Matheus Ribeiro / Folha de Pernambuco

O gerente do Sebrae Pernambuco para a Zona da Mata, Alexandre Alves, foi o convidado desta segunda-feira (14) do programa Folha Política, da Rádio Folha FM 96,7, com apresentação de Patrícia Breda e participação da colunista Betânia Santana. 

Durante a conversa, ele detalhou as estratégias do Sebrae para promover o desenvolvimento econômico e sustentável da região da Mata Sul, com foco na realização dos objetivos coletivos da Agenda LÍDER — iniciativa que foi estruturada ao longo dos últimos 11 meses com o envolvimento direto de lideranças locais.

Segundo Alves, o programa LÍDER é uma metodologia nacional do Sebrae voltada para o fortalecimento da liderança regional. Ele explicou que a iniciativa, aplicada em todas as regiões do estado, chegou até a Mata Sul para suprir uma necessidade histórica da região.

“Tomamos a iniciativa de implementar o programa cujo objetivo central é reunir pessoas daquele território — lideranças empresariais e políticas — para que elas, a partir do olhar de quem vive ali, possam construir uma proposta de agenda para o desenvolvimento territorial”, explicou.

Ao todo, 39 lideranças locais participaram do processo, que resultou na formulação de ações estratégicas baseadas nas reais necessidades da população.

Ao abordar a transformação econômica da região, historicamente marcada pela monocultura da cana-de-açúcar, o gerente destacou que a diversificação produtiva vem ganhando espaço.

“Há um movimento crescente de valorização de outras atividades, como o turismo histórico e cultural, que se fortalece com a visitação de engenhos, a culinária típica e manifestações culturais”, afirmou. Alves citou ainda o papel da educação e da tecnologia como vetores de desenvolvimento, mencionando cidades como Palmares, que hoje se destaca como pólo educacional.

A inovação também tem mostrado força na região. Segundo o gerente, o Startup Day, promovido pelo Sebrae em todo o Brasil, registrou na edição mais recente o maior número de inscrições vindas da Zona da Mata Sul. 

“Isso sinaliza o interesse e o ambiente já construído para atividades que não estejam apenas ligadas à cana. É uma região que começa a colher resultados de políticas iniciadas ainda nos anos 1980, como a diversificação com o cacau e a produção de chocolate 100% pernambucano”, apontou.

Alves afirmou que existe um esforço planejado para que os frutos da Agenda LÍDER não fiquem restritos às lideranças envolvidas.

“A ideia é abrir a agenda para a sociedade. Mostrar o que foi identificado como potencial, para que outros empreendedores possam decidir abrir negócios e que as administrações públicas também sejam incentivadas a apoiar essas iniciativas”, disse.

O plano inclui fóruns e eventos públicos, alguns já realizados e outros previstos para os próximos meses.

A sustentabilidade é outro eixo prioritário do projeto, especialmente diante das memórias traumáticas das enchentes de 2010 e 2012.

“Palmares ficou debaixo d’água. Isso gerou uma consciência sobre a importância da preservação ambiental. Hoje há uma preocupação com a recomposição das matas ciliares e da Mata Atlântica, que é uma riqueza por si só”, afirmou.

Segundo ele, produtores locais têm ampliado, voluntariamente, suas áreas de reserva legal, além da exigência mínima prevista em lei.

As práticas ESG (ambientais, sociais e de governança) também estão no centro da discussão.

O Sebrae tem incentivado ações sustentáveis que integrem preservação ambiental e impacto social positivo. Um exemplo citado foi o turismo regenerativo. 

“É um turismo que não apenas preserva, mas ajuda a restaurar. Temos iniciativas em que cada visitante é convidado a plantar uma muda de espécie nativa. Isso tem um valor simbólico e ambiental importante”, disse Alves. 

Ele ainda destacou o turismo de observação de aves, que também tem atraído visitantes e pesquisadores estrangeiros, contribuindo com a proteção das espécies e da floresta.

Na perspectiva da Agenda 2030 da ONU, Alexandre Alves reconhece os desafios. 

“Não é coincidência que, dentro da nossa agenda, o horizonte de tempo é até 2030. Embora seja um desafio, temos sempre trabalhado com um olhar voltado para o médio prazo, entendendo as perspectivas das novas iniciativas sustentáveis que possam agregar nesse projeto”, ressaltou.

Apesar da complexidade do cenário, Alexandre  destacou acreditar que seja possível colher resultados concretos nos próximos anos. 

“Algumas ações podem gerar impactos importantes em dez anos, como melhorias nos indicadores de alfabetização e preservação ambiental. Outras serão semeadas agora para transformar o futuro. A agenda está pautada nas ODS e busca sensibilizar a sociedade para a mudança. Não é apenas falar sobre resíduos sólidos, por exemplo, é promover ações que mobilizem e transformem a realidade local”, concluiu.

 

Veja também

Newsletter