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Sem prefeitos nas últimas eleições, gestores vão tentar quebrar paradigma na eleição de 2022

A eleição para o Governo está há décadas sem um prefeito que deixa o cargo para voos mais altos

Na corrida pelo Governo do Estado em 2022, o projeto oposicionista poderá quebrar um paradigma que já dura quase 32 anos. Isso porque, desde a eleição de Joaquim Francisco para o Governo do Estado em 1992, que um prefeito não deixa seu mandato para se lançar para a disputa pelo Palácio das Princesas. Na época, oposição ao Governo Miguel Arraes, o então prefeito do Recife deixou o cargo para concorrer ao Governo do Estado, vencendo o adversário histórico Jarbas Vasconcelos (MDB).

O emedebista era considerado o nome da situação, mas estava com a relação estremecida com o então governador Miguel Arraes (PSB), o que acabou favorecendo o antagonista. A trajetória de Joaquim tentará ser repetida pela oposição no próximo ano. Três gestores municipais se colocam na disputa: a prefeita de Caruaru, Raquel Lyra (PSDB), o prefeito de Petrolina, Miguel Coelho (DEM), e o prefeito do Jaboatão, Anderson Ferreira (PL).

Todos eles estão dispostos a se desincompatibilizarem dos seus cargos para se lançar no pleito majoritário pela oposição, com o intuito de quebrar a hegemonia do PSB no Estado.

Um movimento arriscado

Deixar o Executivo municipal para tentar um mandato majoritário é considerado um passo arriscado. Pela legislação eleitoral, o postulante tem que se desincompatibilizar do cargo seis meses antes do pleito, o que pode gerar consequências na percepção do eleitorado que ajudou a eleger o gestor e no futuro político da liderança, em caso de derrota. Por isso, muitos evitam deixar o posto. Não é à toa que este passo foi evitado por lideranças políticas nas últimas décadas. O caso de 2022 deverá ser diferente.  

Reeleitos e com a carreira política em ascensão, Raquel Lyra, Anderson Ferreira e Miguel Coelho se tornaram opções naturais da oposição, segundo o cientista político Alex Ribeiro. O perfil dos gestores antagonistas se encaixa no discurso de renovação política e a experiência nas administrações municipais será um ativo explorado pelos  pré-candidatos. “A direita ou centro direito analisam que a próxima eleição terão mais chances para chegar ao palácio do governo, por isso a possível pluralidade de candidaturas”, avalia.

Virada geracional

A situação atual da oposição acabou exigindo a presença dos gestores municipais no pleito de 2022. Com uma hegemonia de 16 anos do PSB, os antagonistas apostam em uma virada geracional para criar um fato novo na disputa.

"Eles (Anderson, Miguel e Raquel) têm redes de sustentabilidade. Não se trata de uma opção de técnico ou perfil político, mas sim de transição de geração", avalia o ex-governador Gustavo Krause. O  deputado Daniel Coelho (Cidadania) acredita que a experiência será diferencial na tentiva de vencer a eleição.

“Para um cargo com a dimensão de governar Pernambuco, a experiência política é tão importante quanto a experiência administrativa”, aposta.

Sem prefeitos nas últimas eleições

Após 1990, as eleições seguintes do Estado não contaram com candidatos que se desincompatibilizaram do Executivo. Em 1994, a disputa ficou polarizada entre Miguel Arraes (PSB), que era deputado, e Gustavo Krause (PFL), que estava sem mandato. Em 1998, Jarbas Vasconcelos (MDB), também sem mandato, teve uma vitória histórica contra o então governador Miguel Arraes. O emedebista foi reeleito, no primeiro turno, em 2002. Em 2006, o então deputado Eduardo Campos travou uma disputa contra o governador Mendonça Filho (DEM) e o deputado Humberto Costa (PT). Em 2010, Campos foi reeleito com ampla margem contra o então senador Jarbas Vasconcelos, devolvendo a derrota histórica do PSB de 1998. Em 2014, o técnico Paulo Câmara (PSB) teve como principal adversário o senador Armando Monteiro Neto (PTB). A polarização entre o socialista e o petebista se repetiu em 2018.

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