Seminário vai debater o papel da Confederação do Equador na formação do estado brasileiro
Evento faz parte das comemorações do bicentenário do movimento
A Comissão do Bicentenário da Confederação do Equador realiza a partir da próxima quarta-feira (14), um seminário com especialistas de todo o País para discutir o movimento pernambucano de 1824 no contexto dos anos iniciais da formação do Estado Brasileiro.
Serão quatro conferências principais e onze mesas-redondas no evento organizado que segue até a sexta-feira (16) na Escola Judicial de Pernambuco (Esmape). Entre os especialistas convidados, estão Heloísa Starling (UFMG), Socorro Ferraz (UFPE), João José Reis (UFBA) e Luiz Carlos Villalta (UFMG).
Atualidade
Segundo a a vice-governadora de Pernambuco, Priscila Krause - que coordena os trabalhos do grupo, o movimento. que teve como um dos líderes Joaquim do Amor Divino, o Frei Caneca (1779-1825) segue atual.
O religioso pagou com a vida por participar da Confederação do Equador e defender ideais consagrados nos dias atuais como a república. “Estudar e debater a Confederação do Equador é uma oportunidade de discutir as noções basilares de cidadania, de participação política e de defesa das garantias individuais e direitos da coletividade”, destacou a vice-governadora. “Esses foram temas caros ao mentor intelectual do movimento, Frei Caneca, e que, mais do que nunca, são de crucial importância para nossa sociedade”, completou.
A Confederação do Equador teve a adesão da maior parte do Nordeste, mas não foi um evento apenas regional, pois o que ocorreu no Nordeste insurgente representava anseios e ideais defendidos durante aqueles anos em várias partes do Brasil.
Tradicionalmente, a história do processo de emancipação política brasileira e do estabelecimento do Estado nacional foi contada a partir da perspectiva do projeto vencedor, isto é, tomando como foco o eixo Rio de Janeiro/São Paulo/Minas como cenário e a figura de Pedro I, com um Estado extremamente centralizado, pesando sob as demais províncias do Brasil.
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O historiador e professor do Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), George Cabral, que também é membro da comissão do bicentenário e organiza o seminário, conta que outros projetos de independência mais sintonizados com os valores da Revolução Francesa e da democracia moderna, bem como a voz das camadas subalternas, foram sistematicamente esquecidos ou mesmo desqualificados.
Democracia
“Eventos como esse seminário são importantes para ressaltar a existência de outras formas de conceber nosso Estado nacional, e também a atuação dos agentes históricos secularmente marginalizados (indígenas, negros/as escravizados/as, forros/as e livres, mestiços/as e brancos/as pobres). O Estado de Pernambuco é um exemplo disso com seus movimentos libertários que foram importantes na construção de nossa democracia”, destacou.
O bicentenário da Confederação do Equador é uma excelente oportunidade para refletir sobre estas questões a partir do prisma da História e do Direito. É também uma ocasião propícia para possibilitar aos docentes das redes públicas e privada uma chance de aprofundar seus conhecimentos sobre este período de nossa história, fazendo ainda uma reflexão sobre as repercussões daqueles anos da Independência até a contemporaneidade. O seminário é organizado pelo Governo de Pernambuco, pelo Programa de Pós-graduação em História da UFPE, pela Universidade de Pernambuco, pelo Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico Pernambucano, pela Academia Pernambucana de Letras e pela Escola Judicial de Pernambuco.
As inscrições podem ser realizadas gratuitamente aqui.