Boa memória faz diferença na hora da prova
A memória é a capacidade que o cérebro tem de armazenar e evocar informações adquiridas. É uma das funções mais complexas do corpo humano e, por isso, parte de seu funcionamento ainda é uma incógnita para a neurociência. A hipótese mais aceita, no entanto, é a de que a presença do glutamato - um dos neurotransmissores do cérebro - permite a conexão entre os mais de 6 milhões de neurônios do hipocampo (responsável pela memória declarativa), processo que possibilita o acionamento da função.
Apesar da importância para a estabilidade da mente, muitos estudantes negligenciam o tema. “A memória é fundamental para o processo de estudo e está diretamente ligada ao estado de humor e à forma como a pessoa se sente, seja sobre uma prova de concurso ou vestibular. Se a pessoa está muito nervosa ou ansiosa, a primeira coisa que falha é a memória”, explica a psicóloga Juliana Amaral. Segundo ela, o desenvolvimento de uma boa memória pode ser alcançado por fatores como o autoconhecimento. “O estudante deve conhecer os distrativos, o que lhe tira o foco, se são as redes sociais, se é a televisão. Saber o que distrai faz com que o candidato consiga identificar de que forma ele pode ter mais foco e melhorar a memorização”, diz.
Além de conhecer a si mesmo, o neurocientista Valdenilson Ribas aponta o cuidado com a alimentação como ponto essencial para uma boa memória. “Um dos aspectos é a nutrição. Para a pessoa que vai fazer concurso, a primeira coisa que tem que fazer é consultar um nutricionista funcional. As vitaminas D1, D6 e D12, por exemplo, são fundamentais para o desenvolvimento da memória”. De acordo com o pesquisador, diante da grande quantidade de conteúdo exigido nas provas, ter estratégia de memorização é um diferencial. Um método de grande funcionalidade é a Gestalt. Desenvolvido na Alemanha sob o conceito de “percepção do todo”, o mecanismo considera como estratégia de estudo o uso de fluxograma, que ao longo do tempo, foi adaptado para a criação de mapa-mental, organograma e outros esquemas de organização e memorização.
Além disso, boas noites de sono são importantes para o processo de armazenamento dos conteúdos. “Quem tem sono reparador consegue ter uma boa memória, porque o sono reparador além de limpar o cérebro das impurezas, solidifica a aprendizagem, reorganiza as informações que o estudante teve ao longo do dia e coloca na memória o que o cérebro acha que é importante ou não”, explica o psicólogo e neurocientista Murilo Calafange.
Para o estudante Bruno Carvalho, 39, o processo de memorização é facilitado quando os métodos de estudos são incorporados como rotina. “Ter o hábito de estudar, se organizar, acordar tendo metas diárias, cumprir horários, é muito importante para a memorização”, ressalta. No décimo segundo período do curso de medicina, Bruno precisou adaptar a rotina às maratonas de exercícios e, hoje, se prepara para a prova de residência. “Eu tentava estudar e não conseguia. Estudava um dia e ficava três sem estudar. Era algo sem regularidade. Hoje em dia existem muitas distrações, mas o segredo é ficar alternando não só as matérias, como também os dispositivos. Estudar por vídeo, resolver questões, fazer fluxograma, mapa-mental”, sugeriu.
"A memória é fundamental para o processo de estudo e está diretamente ligada ao estado de humor", explica a psicóloga Juliana Amaral - Crédito: Caio Danyalgil
"Quem tem sono reparador consegue ter uma boa memória", orienta o psicólogo e neurocientista Murilo Calafange - Crédito: Caio Danyalgil/Folha de Pernambuco