Concurso do TJPE é alvo de críticas
O professor de direito Alexandre Nápoles Filho defendeu que a prova tem que ser anulada. Segundo ele, a folha da redação estava no verso do gabarito, que possuía todas as informações do candidato. "A prova elaborada pela banca da IBFC tem que ser anulada. Isso permite a identificação do candidato pelo examinador e viola o previsto no item 9.2.10 do próprio edital da banca", diz publicação do professor em uma rede social.
No item 9.2.10 do edital diz que "A Folha de Resposta para a Prova Discursiva não permitirá qualquer identificação do candidato, pela comissão de correção, na parte destinada à dissertação, garantindo o sigilo do autor". O professor Alexandre Nápoles classificou o ato como desrespeito. "Um total desrespeito com milhares de candidatos que investiram alto e se dedicaram profundamente", comentou.
A candidata Widma Sandrelly relatou que, no local em que ela realizou a prova, não tinha detector de metal. “Não tinha nenhum tipo de detector no prédio que fiz. Nem no banheiro”, comentou Widma, que fez a prova no Centro Universitário Brasileiro (Unibra), no bairro da Boa Vista, na área Central do Recife. Ela também informou que a prova começou com mais de 15 minutos de atraso. "Tinha muita gente para entrar no local de prova e atrasou bastante”, comentou Widma, que também apontou problemas em algumas questões da prova. “Tinha uma questão que o assunto não estava no edital”, disse.
Nas redes sociais, candidatos relataram outros problemas: bancas apertadas, lotações nas salas e apenas um tipo de prova. As pessoas acreditam que esses problemas facilitam que alguns candidatos troquem informações entre eles. “Tinha gente que se conhecia e sentava um ao lado do outro. Na sala que fiz, só tinha um fiscal e ele não tinha condições de dar conta, sozinho, de mais de 40 pessoas”, comentou um candidato que preferiu não se identificar.
O Espaço Heber Vieira anunciou que servirá de ponto de apoio aos candidatos que se sentirem lesados. Na secretaria do curso, há um documento formal pedindo a anulação do certame. As assinaturas serão recolhidas até o meio-dia desta terça-feira (17). O Espaço Jurídico informou que também está na defesa da lisura da aplicação do certame e disse que vai disponibilizar as duas unidades para recolhimento de requerimentos administrativos que serão encaminhados para o Tribunal de Justiça de Pernambuco.
“Gostaríamos de registrar também nossa confiança no Tribunal de Justiça de Pernambuco, Corte que se caracteriza pela seriedade e elevado conceito no âmbito nacional e que, confiamos, oferecerá resposta adequada às alegações dos candidatos”, diz o Espaço Jurídico. O curso vai receber os requerimentos até o sábado (20). “Acreditamos que, no momento, precisamos focar no auxílio à elaboração dos recursos o quais tem prazo de interposição até a próxima quarta-feira”.
Ao todo, 179.046 se inscreveram no concurso, mas 49.214 não compareceram para realizar as provas, o que corresponde ao índice de 27,49% de abstenção. Os candidatos concorrem a 109 vagas, além de cadastro de reserva, para os cargos de técnico judiciário, analista judiciário e oficial de justiça. Das vagas ofertadas, 60 são para técnicos de nível médio e 49 para analistas de nível superior.
MPPE
Problemas que atingem todos os candidatos ou um concurso como um todo devem ser manifestados ao Ministério Público de Pernambuco (MPPE). A assessoria do MPPE informou que quem constatou irregularidades deve registrar a manifestação no site www.mppe.mp.br, menu Fale Conosco ou no Cadastrar Manifestação. Após o cadastro da manifestação, será emitido um protocolo para que o candidato acompanhe o processo.
TJPE
A reportagem entrou em contato com a assessoria de imprensa do Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE), mas informou que não foi notificado sobre qualquer problema na seleção.
Movimentação
A movimentação de candidatos em torno dos locais de prova foi intensa. No bairro da Boa Vista, por exemplo, houve congestionamento antes e depois da prova. A estudante Widma Sandrelly mora em Boa Viagem, na Zona Sul do Recife, e precisou terminar o percurso a pé.
“Em dia de semana, passo 50 minutos para chegar até a Unibra. No dia do concurso, passei 1h10 dentro do carro e ainda estava longe de chegar ao local da prova. Preferi descer nas imediações do Hospital da Restauração e terminar o percurso a pé”, comentou ela, que também relatou dificuldades ao deixar o local de prova. “O trânsito estava absurdo e nem tinha fiscalização”.
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