Existe vida profissional após os 50

Ana Regina Carneiro Leão, 60 anos, decidiu se reinventar e aposta nas redes sociais para trocar experiências. - Leo Malafaia / Folha de Pernambuco
A ideia de que o profissional com mais de 50 anos perde espaço no mercado de trabalho está a cada dia mais superada. Nos últimos anos, houve crescimento não só de pessoas maduras procurando emprego, mas também conquistando uma colocação no mercado. Pesquisa do Instituto Datafolha comprova que o percentual de brasileiros com 60 anos ou mais empregados ou em busca de emprego cresceu de 20% para 26% entre 2007 e 2017. Nesse mesmo período, dentro do mercado formal, os profissionais com 50 a 64 anos passaram de 10,5% para 16,5%.

Esse crescimento segue o aumento da expectativa de vida do brasileiro. Segundo o IBGE, o número de idosos no Brasil vai triplicar nos próximos 40 anos e chegará a 66,5 milhões de pessoas em 2050, representando cerca de 30% da população. Para acompanhar essa tendência, não só os profissionais dessa faixa etária devem estar atentos em reciclar seus conhecimentos e competências, como as empresas também precisam rever sua cultura e promover a valorização da experiência dessas pessoas.



“O mercado incerto e o desemprego fazem as pessoas procurarem novos rumos sem saber se vão continuar na empresa ou tendo que se reinserir no mercado com a idade mais avançada, pois as barreiras ainda existem”, relata a admistradora e coach especializada em carreiras Eduarda Menelau. “A sociedade e a cultura fazem a gente crescer, fazem a gente ser uma profissão, ser um cargo e a gente perde a identidade. Não adianta mais estar engessado naquele modelo corporativo que você viveu a vida inteira. É o momento de se reinventar”, diz Eduarda.

Segundo a coach especializada em carreiras Eduarda Menelau, tanto profissionais quanto empresas precisam se adaptar às mudanças no mundo do trabalho

Segundo a coach especializada em carreiras Eduarda Menelau, tanto profissionais quanto empresas precisam se adaptar às mudanças no mundo do trabalho - Crédito: Leo Malafaia / Folha de Pernambuco



Segundo a especialista, pessoas com mais idade podem conhecer as novas tendências do mundo através do intercâmbio com outras pessoas. “Elas precisam estar sempre se atualizando e buscando estar com pessoas diferentes e escutando temáticas diferentes”, sugere. E para aprofundar esse convívio, a dica é procurar lugares que promovam esses encontros. “É importante começar a frequentar ambientes com todas as idades, com todas as profissões, isso dá uma riqueza incrível de trocas de experiências e imputs”, destaca.

Além dos escritórios colaborativos (coworking), outro caminho é fazer um uso mais ativo e inteligente das redes sociais. “Ali há um consumo de conteúdo riquíssimo. A gente se aproxima do mundo e de tudo que está acontecendo. Existe um movimento de mudança de era, o comportamento do consumidor mudou e as pessoas mudaram a forma de consumir e se a gente não companhar esse movimento, fica obsoleto”, alerta. Essa mudança de paradigma também precisa ser observada pelas empresas em relação aos profissionais. “É muito rico ter uma pessoa mais madura que conheça toda a cultura da empresa e mesmo que existam as mudanças, as empresas precisam estar atentas a não descartar pessoas, mas a dar oportunidades em formatos diferentes”, aponta Eduarda Menelau.

E foi justamente nas redes sociais que a arquiteta Ana Regina Carneiro Leão, 60 anos, encontrou um caminho para seguir após a aposentadoria. Com 34 anos de profissão, 23 deles dedicados a administrar uma loja de móveis e decoração, ela decidiu exercer atividades que sempre gostou de fazer mas não tinha tempo. Resolveu, então, criar um perfil no Instagram (@acao.intuitiva) para dividir experiências e ajudar outras pessoas maduras. “Dizer às pessoas que você tem habilidade, talento, experiência e vivência. E tudo isso só o tempo é que lhe dá. Então você tem o tempo da sua vida em que você aprendeu coisas maravilhosas, não necessariamente no mundo corporativo, em apenas ter que ganhar um salário, mas em poder se realizar”, afirma.

“Evelhecer pra mim não é ficar velho. Envelhecer é um privilégio, porque eu estou tendo a oportunidade de mostrar o que aprendi. É mais uma etapa de vida. Eu acho que a gente mais maduro leva uma coisa que a juventude não tem, que é a tranquilidade e uma certa sabedoria para enfrentar alguns problemas da vida mesmo. Porque isso a gente só aprende com o tempo. Tem coisas que se eu fosse mais nova talvez não encarassse com a leveza que hoje encaro, sem tanta cobrança”, avalia Ana. “Cada um tem um talento, desenvolva um que lhe faça feliz”, aconselha.

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