Habilidades do futuro: 'Indústria 4.0' exige mudança de comportamento

Ferramentas como a robótica, o desenvolvimento da inteligência artificial e da automação estão transformando o universo do trabalho  - Lehi Henry / Arte FolhaPE

A chamada quarta revolução industrial, ou Indústria 4.0, conceito desenvolvido pelo alemão Klaus Schwab, diretor e fundador do Fórum Econômico Mundial, está no centro das discussões sobre as habilidades e competências que passaram a ser valorizadas no novo mundo do trabalho. Ferramentas como a robótica, o desenvolvimento da inteligência artificial e da automação estão transformando o universo do trabalho e, mais do que isso, devem criar novas especialidades e extinguir muitas profissões em poucos anos. Mais da metade (54%) dos empregos formais do Brasil estão em risco pela chegada de robôs e computadores, segundo estudo do laboratório de Aprendizado de Máquina em Finanças e Organização da UNB, que pesquisou 2.602 ocupações brasileiras. Para ajudar a entender melhor o assunto, a Folha de Pernambuco entrevistou especialistas e conheceu um projeto que está orientado por essas transformações.


Na história humana, o universo do trabalho sempre foi marcado por revoluções. Desde o surgimento das técnicas agropecuárias, no período neolítico, passando pela primeira revolução industrial, no fim do século 18, pela segunda revolução, com o surgimento da eletricidade e da linha de produção em larga escala criada por Henry Ford, entre os séculos 18 e 19 - até a terceira revolução, quando a informática, a internet, os computadores pessoais e as plataformas digitais mudaram o trabalho em fábricas e escritórios. Em todas elas, um ponto em comum: as máquinas roubando o protagonismo humano. A indústria 4.0 potencializa esse fenômeno com a automação, mas adiciona um elemento novo: as interações interpessoais. Até 2020, 35% das principais habilidades da maioria das ocupações deve mudar.

Julio Pascoal, professor e especialista em Comunicação e Comportamento Humano

Julio Pascoal, professor e especialista em Comunicação e Comportamento Humano - Crédito: Léo Malafaia



“Na era do conhecimento, a mão de obra não é mais pré-requisito e sim o capital intelectual. E é aí que vem a quarta revolução industrial, que está misturando a tecnologia e o comportamento, integrando máquinas e seres humanos”, diz Julio Pascoal, professor e especialista em Comunicação e Comportamento Humano. “Busquem formação. Pesquisem fontes, seja na internet ou em instituições que promovam esse conhecimento, principalmente na área de TI”, orienta Pascoal. “Existe uma coisa que a tecnologia não acompanha, que são as habilidades socioemocionais, ou seja, desenvolver a comunicação intra e interpessoal. Se eu entendo minhas emoções, eu interajo com o outro de maneira adaptável e isso a tecnologia ainda não faz”, afirma.

“Ter inteligência emocional é um fator fundamental no desenvolvimento de uma carreira. E isso na verdade passa muito pelo saber lidar com pessoas, em que acaba florescendo um aspecto de liderança, que é muito importante. Inteligência emocional é, na verdade, a principal de todas essas habilidades”, avalia o professor presidente do Porto Digital, Pierre Lucena. Pierre aponta duas áreas como as mais promissoras no novo mundo do trabalho. “As áreas de saúde - que sempre vai precisar de profissionais na atenção básica - e a de tecnologia são aquelas que têm uma expectativa de um futuro maior de empregabilidade”, avalia.


Presidente do Porto Digital, Pierre Lucena.

Presidente do Porto Digital, Pierre Lucena. - Crédito: Léo Malafaia 



“A grande questão é que as empresas estão passando por um processo de transformação digital ou, se não estão passando, deveriam. E elas demandam muita gente nessa área. Isso está gerando uma demanda muito grande e é algo permanente”, afirma. Pierre cita como exemplo o próprio Porto Digital, que tem a meta de dobrar seus profissionais, gerando 2 mil empregos por ano. “Para se ter uma ideia, só se formam 200 pessoas em Ciência da Computação por ano em Pernambuco. Por isso, o Porto Digital está partidno para formar as pessoas”, destaca.

Robótica - Antenada com essas mudanças, a Escola Técnica Estadual (ETE) Cícero Dias, em Boa Viagem, usa a tecnologia como ferramenta nas aulas. O ensino regular é complementado por disciplinas como robótica e programação de jogos digitais para uma formação profissional mais completa. “Aqui na escola nós agregamos o pensamento computacional. Eles já aprendem desde cedo como aplicar esse conceito em outras áreas do saber. Uma forma de fazemos isso é através da robótica, em que eles não só têm que aprender a raciocinar dentro da lógica computacional, como também precisam ser criativos na hora de montar os robôs que aqui nós fazemos”, explica o professor Anderson Paulo da Silva, coordenador do curso de programação em Jogos Digitais da escola. 


Os alunos Vinnícius Ferreira, Dayanne Carolina Portela, Pedro Cavalcante e Herlinton Lucas. E os professores Erick de Matos, consultor de qualificação da ETE Cícero Dias e Anderson Paulo da Silva, coodenador do curso de Programação da ETE Cícero Dias

Os alunos Vinnícius Ferreira, Dayanne Carolina Portela, Pedro Cavalcante e Herlinton Lucas. E os professores Erick de Matos e Anderson Paulo da Silva, respectivamente, coodenador do curso de Programação e consultor de qualificação da ETE Cícero Dias - Crédito: Jose Britto

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