Mitos e verdades do processo de coaching
Por volta de 1830, na Universidade de Oxford, a palavra “coach” passou a ser atribuída ao “tutor”, aquele que orienta e ensina estudantes em suas trajetórias acadêmicas. No ano seguinte, em 1831, o coaching derivou para campo dos esportes. Mas foi apenas em 1950 que o termo passou a ser empregado como competência de desenvolvimento de pessoas. O coaching é um processo definido entre o coach - profissional que conduz - e o coachee, como é denominada a pessoa em atendimento.
Formado em Design e Comunicação com ênfase no comportamento humano e pós-graduando em Neuroaprendizagem, o coach Allan Zeek conceitua a atividade. “A primeira coisa que as pessoas precisam prestar atenção é que o coach é um profissional muito mais dedicado ao desenvolvimento de pessoas. Se você está num ‘ponto a’ e quer chegar num ‘ponto b’, nós construiremos um conjunto de estratégias utilizando ferramentas e técnicas validadas cientificamente, tiradas da psicologia e das neurociências, para que possamos atingir esse objetivo. Mas sem receita mágica, não existe fórmula pronta. Cada pessoa é única”, explica.
E é justamente por fazer uso de ferramentas da psicologia e das neurociências que a profissão de coach ainda encontra resistência de outras especialidades. Alguns maus profissionais acabam invadindo um campo que é próprio do tratamento psicológico ou psiquiátrico e isso se torna perigoso, sobretudo nos casos em que existem doenças da mente como depressão e ansiedade, por exemplo. “O profissional de coaching voltado para o desenvolvimento de pessoas tem total consciência de que ele não mexe com estrutura de pessoas que estão alteradas com algum tipo de distúrbio psicológico. Isso compete a outras áreas como a psicologia e psiquiatria”, esclarece Allan.
"Não existe fórmula pronta. Cada pessoa é única", diz Allan Zeek sobre o processo de coaching. - Crédito: Leo Malafaia / Folha de Pernambuco
“Existe muita resistência em relação ao coach pelo fato de alguns profissionais terem banalizado a profissão. O processo de coaching, na verdade, não tem nada a ver com o processo de psicoterapia e muitos misturam esses processos”, aponta a psicóloga Maria Fernanda Almeida, que procurou formação e hoje também atua como coach.
A psicóloga Alissandra Oliveira também buscou formação em coach, há dez anos. Ela avalia que ainda há desinformação sobre a profissão. “Eu acredito que muitos psicólogos e psiquiatras desconhecem o que é o trabalho de um coach. Isso faz com que eles tenham uma certa resistência em relação a esses profissionais por conta da confusão entre as atividades - as que o coach desempenha, as que psicólogos e psiquiatras desempenham e o que pensa a sociedade em relação a cada uma delas”, avalia.
"Minha dica é: primeiro investigue através de outros clientes que ele já tenha atendido. Verifique onde ele fez a formação. Existem vários cursos, existe o Instituto Brasileiro e o Instituto Internacional de Coaching, que são bastante renomados. Busque saber se ele está preparado para atender à sua necessidade", orienta.
"Eu acredito que muitos psicólogos e psiquiatras desconhecem o que é o trabalho de um coach", diz Alissandra Oliveira. - Crédito: Alfeu Tavares / Folha de Pernambuco
Áreas de atuação
O processo de coaching pode ser aplicado em diversos campos como o planejamento financeiro e de carreira, aprendizado e estudos, relacionamentos, entre outros. Em cada uma dessas áreas, o método ajuda a facilitar e acelerar metas e objetivos a serem atingidos.
Senado
Proposta publicada no site E-Cidadania, do Senado Federal, levantou o debate sobre a regulamentação da atividade. Intitulada Criminalização do Coach e assinada pelo sergipano Willian Menezes, já recebeu assinaturas suficientes para ser debatida se transformou na sugestão 26/2019, pronta para ser discutida na Casa. Se tornada lei, será o primeiro passo para regulamentar a atividade no Brasil. A ideia é coibir a prática de má fé. “Isso não quer dizer que não existam profissionais que têm a responsabilidade de compreender até que ponto eles podem ir”, diz Allan Zeek.