Pressão no trabalho e saúde mental

Pressão no ambiente de trabalho pode afetar o bem estar mental - Greg Vieira / Arte FolhaPE
A cobrança por desempenho e cumprimento de metas, já bastante elevada em um mercado cada dia mais competitivo, costuma se intensificar nos últimos meses do ano, quando os prazos se apertam, criando um clima de maior pressão sobre os funcionários nas empresas e organizações. Para ajudar a enfrentar esse ambiente adverso e prevenir as doenças da mente relacionadas ao estresse no trabalho, a Folha de Pernambuco conheceu a história de alguém que vivenciou a situação e também consultou um especialista para sugerir cuidados por uma vida profissional mais saudável.


“Muitas vezes o empregado precisa entregar suas atividades com urgência, por excesso de cobrança ou falta de organização nas empresas onde trabalham. Mas, para se manter no emprego, o profissional se vê obrigado a aguentar a pressão, ter resiliência, criatividade e excelência com as suas entregas. O problema é que, sem perceber, pode estar prejudicando sua saúde mental”, explica o professor Allan Zeek, especialista em comportamento humano. “A verdade é que, cada vez mais, vivemos como máquinas, trabalhando sob pressão e com prazos apertados. Isso afeta o nosso sistema imunológico, nosso cérebro e pode, a longo prazo, causar distúrbios neuropsiquiátricos - como ansiedade, depressão e síndrome de Burnout, depressão em decorrência do trabalho”, alerta Allan.

E a cobrança muitas vezes parte do próprio funcionário. “Acabamos ficando com medo de sermos julgados como incompetentes e vergonha de não chegar ao tão desejado sucesso profissional”, aponta o especialista. 


Allan Zeek, professor e especialista em comportamento humano.

Allan Zeek, professor e especialista em comportamento humano. - Crédito: Leo Malafaia / Folha de Pernambuco



Foi essa realidade que viveu o gaúcho Ibanez Saueressig. Ele atuava como advogado em um escritório, em Porto Alegre, onde recebia um volume excessivo de trabalho. “Chegávamos a cumprir mais de 60 prazos por dia . O prazo para um advogado é a diferença entre ter êxito numa ação ou não. Perdeu o prazo já era! Portanto, a pressão, mesmo que não exercida por algum superior ou algo assim, é muito grande pois está em jo­go a demanda do cliente e o sucesso do escritório”, lembra.

Depois de atuar cinco anos nesse ambiente, Ibanez resolveu abandonar a carreira de advogado e recomeçar a vida aos 30 anos de idade. “O que me surgiu à época foi o mercado de vendas. Atuei como vendedor de uma multinacional de telecomunicações. Nesse tipo de corporação você praticamente nem existe como indivíduo e sim como um número a ser controlado nas planilhas dos superiores. Sofríamos pressão por resul­tados desde a primeira hora de trabalho da segunda-feira até o último minuto do último dia do mês”, relata. 

Por conta do sobrecarga de estresse gerada no trabalho, por duas vezes ele teve que se submeter a tratamento psicoterápico e uso de medicação antidepressiva para regular o humor. “Com a ajuda da terapia percebi que eu estava ‘correndo’ para o lado errado da minha vida, querendo agradar a tudo e a todos, menos a mim. Resolvi então correr atrás do que realmente acreditava como verdade para o resto da minha vida. Sempre fui apaixonado por cinema, fotografia e artes visuais. Busquei montar uma estratégia de como eu poderia a partir daquele momento realizar essa transição de vida”, conta Ibanez. Hoje, trabalha como produtor audiovisual no Recife. 


O gaúcho Ibanez Saueressig, advogado e produtor audivisual, compartilhou sua histtória

O gaúcho Ibanez Saueressig, advogado e produtor audiovisual, compartilhou sua história - Crédito: Leo Malafaia / Folha de Pernambuco

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