Pressão no trabalho e saúde mental
“Muitas vezes o empregado precisa entregar suas atividades com urgência, por excesso de cobrança ou falta de organização nas empresas onde trabalham. Mas, para se manter no emprego, o profissional se vê obrigado a aguentar a pressão, ter resiliência, criatividade e excelência com as suas entregas. O problema é que, sem perceber, pode estar prejudicando sua saúde mental”, explica o professor Allan Zeek, especialista em comportamento humano. “A verdade é que, cada vez mais, vivemos como máquinas, trabalhando sob pressão e com prazos apertados. Isso afeta o nosso sistema imunológico, nosso cérebro e pode, a longo prazo, causar distúrbios neuropsiquiátricos - como ansiedade, depressão e síndrome de Burnout, depressão em decorrência do trabalho”, alerta Allan.
E a cobrança muitas vezes parte do próprio funcionário. “Acabamos ficando com medo de sermos julgados como incompetentes e vergonha de não chegar ao tão desejado sucesso profissional”, aponta o especialista.
Allan Zeek, professor e especialista em comportamento humano. - Crédito: Leo Malafaia / Folha de Pernambuco
Foi essa realidade que viveu o gaúcho Ibanez Saueressig. Ele atuava como advogado em um escritório, em Porto Alegre, onde recebia um volume excessivo de trabalho. “Chegávamos a cumprir mais de 60 prazos por dia . O prazo para um advogado é a diferença entre ter êxito numa ação ou não. Perdeu o prazo já era! Portanto, a pressão, mesmo que não exercida por algum superior ou algo assim, é muito grande pois está em jogo a demanda do cliente e o sucesso do escritório”, lembra.
Depois de atuar cinco anos nesse ambiente, Ibanez resolveu abandonar a carreira de advogado e recomeçar a vida aos 30 anos de idade. “O que me surgiu à época foi o mercado de vendas. Atuei como vendedor de uma multinacional de telecomunicações. Nesse tipo de corporação você praticamente nem existe como indivíduo e sim como um número a ser controlado nas planilhas dos superiores. Sofríamos pressão por resultados desde a primeira hora de trabalho da segunda-feira até o último minuto do último dia do mês”, relata.
Por conta do sobrecarga de estresse gerada no trabalho, por duas vezes ele teve que se submeter a tratamento psicoterápico e uso de medicação antidepressiva para regular o humor. “Com a ajuda da terapia percebi que eu estava ‘correndo’ para o lado errado da minha vida, querendo agradar a tudo e a todos, menos a mim. Resolvi então correr atrás do que realmente acreditava como verdade para o resto da minha vida. Sempre fui apaixonado por cinema, fotografia e artes visuais. Busquei montar uma estratégia de como eu poderia a partir daquele momento realizar essa transição de vida”, conta Ibanez. Hoje, trabalha como produtor audiovisual no Recife.
O gaúcho Ibanez Saueressig, advogado e produtor audiovisual, compartilhou sua história - Crédito: Leo Malafaia / Folha de Pernambuco