A preço de ouro
Nos primeiros cinco meses de 2024, a Câmara de Vereadores de Trindade, no Sertão do Araripe, viu seus gastos com diárias dispararem. O valor já ultrapassa os R$ 170 mil, com quase R$ 150 mil destinados exclusivamente aos vereadores. O aumento, pasmem, de 145,71% em relação ao total gasto em 2022 levanta questões sérias sobre a gestão dos recursos públicos.
O Portal da Transparência, que por sua vez deveria esclarecer esses gastos, apresenta dados insuficientes. A ausência de informações detalhadas sobre os motivos das viagens impede uma análise adequada da necessidade e eficácia dessas despesas.
A gestão financeira da Câmara sob diferentes presidências revela um crescimento alarmante nos gastos com diárias. No biênio 2021-2022, com Francisco Freire ‘Serra Branca’, os valores foram relativamente modestos, de R$ 1.400,00 em 2021 para R$ 70.375,00 em 2022. No entanto, com a chegada de Allan Johnes de Morais Galdino à presidência, esses números explodiram: R$ 136.825,00 em 2023 e R$ 172.050,00 até maio de 2024. Um aumento que sugere, no mínimo, uma mudança significativa na política de viagens e um possível desvio de prioridades em relação ao orçamento.
Enquanto isso, a população de Trindade sofre com deficiências em serviços essenciais como saúde, educação e infraestrutura, que permanecem sem solução. O atendimento médico é precário, os índices educacionais são baixos e as ruas continuam esburacadas.
A população, que está de olho, já tem questionado os gastos dos vereadores em detrimento de suas necessidades básicas e cobrado ao Tribunal de Contas do Estado de Pernambuco (TCE-PE) a responsabilidade de fiscalizar tais abusos.
Cassados
Repercute ainda em Olinda o fato de quatro vereadores terem seus mandatos cassados pelo Tribunal Regional Eleitoral de Pernambuco (TRE-PE) por fraude à cota de gênero exigida pela Lei das Eleições. A decisão, que foi tomada na sexta-feira (21), atinge os partidos Cidadania, PSC, PDT e PMN, embora este último não tenha eleito nenhum vereador. A investigação, iniciada em 2021, revelou que os partidos não cumpriram a exigência de 30% de candidaturas femininas, resultando na cassação dos vereadores Jesuíno Gomes de Araújo (Cidadania), Bruno Soares de Melo (Cidadania), Vlademir Labanca Barata de Moraes (PSC) e Everaldo Lima da Silva (PDT). Além da cassação, a Justiça Eleitoral declarou inelegíveis por oito anos as candidatas Eva Vilma Pereira, Rosilane Alves da Silva e Sílvia Alves dos Santos, consideradas “fictícias” por não participarem efetivamente da campanha eleitoral.
Cidadão
Durante sessão solene da Câmara de Vereadores de Ingazeira, no Sertão do Pajeú, na última sexta-feira (21), o prefeito Luciano Torres Martins (PSB) recebeu o Título de Cidadão Honorário e aproveitou a ocasião para lançar uma indireta política: “Quero ver quem é que vai me chamar mais de forasteiro”. Nascido em Iguaracy, Torres atua em Ingazeira desde os anos 80, e seu desabafo reflete as tensões locais sobre sua legitimidade política na cidade.