Conflitos na empresa: qual a melhor postura?
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No ambiente de trabalho, especialmente em discussões e trocas de ideias, é comum surgirem desconfortos. Sentir-se incomodado pela forma como alguém se expressou, pela postura de um colega, ou até por achar que está sendo excluído são situações normais em equipes. No entanto, o que diferencia um ambiente saudável de um cheio de intrigas é a maneira como esses desconfortos são administrados.
Frequentemente, em vez de conversar diretamente com a pessoa que causou o desconforto, os profissionais compartilham seus sentimentos com terceiros. Essa escolha pode parecer inofensiva, mas acaba aumentando o problema. Ao falar com outros colegas, envolve-se mais gente, geram-se mais opiniões e cria-se um ciclo de desgaste que não resolve a questão.
Compartilhar um desconforto com outras pessoas, sem conversar diretamente com quem causou a situação, fomenta a fofoca. Mesmo sem intenção, o que era um problema entre dois indivíduos se espalha pelo time, gerando interpretações diferentes, julgamentos e ruídos na comunicação. A pessoa envolvida é exposta, muitas vezes sem saber que existe um problema, o que cria um ambiente de desconfiança e insegurança.
Sem perder tempo
Quando evitamos o confronto direto, o desconforto não apenas persiste, mas cresce. Isso acaba minando a confiança entre os integrantes da equipe e tornando o dia a dia mais difícil de se lidar. A melhor forma de resolver um desconforto no trabalho é confrontar diretamente a pessoa envolvida, de maneira respeitosa e no primeiro momento mais oportuno. O timing é crucial: quanto mais cedo a conversa ocorrer, menores as chances de ficarmos imaginando e fantasiando fatos que não aconteceram ou que não fazem sentido e, consequentemente, de o problema evoluir para algo maior. Adiar essa conversa e continuar falando com terceiros faz com que percamos a razão, pois estamos criando uma situação de desgaste desnecessário.
Resolver o desconforto de forma direta permite esclarecer mal-entendidos, alinhar expectativas e, em muitos casos, melhorar o relacionamento e fortalecer os vínculos de trabalho. Isso é particularmente importante porque, muitas vezes, o desconforto surge de uma falha na comunicação, de uma mensagem mal interpretada, e uma conversa franca pode resolver a situação.
Quando não tratamos o desconforto de maneira direta e no tempo certo, não só permitimos que ele evolua, mas também expomos a pessoa envolvida de forma injusta. Falar sobre o problema com outros, sem dar à pessoa a chance de ser escutada, de expor suas intenções e de explicitar suas interpretações dos fatos, cria um ambiente tóxico e prejudica o trabalho em equipe.
Além disso, ao compartilhar o desconforto com terceiros, permitimos que o problema se transforme em algo muito maior. Outras pessoas passam a comentar sobre a situação e acabam influenciando negativamente comportamentos e percepções de colegas de trabalho, gerando ainda mais ruídos e desentendimentos, o que só aumenta a dificuldade de resolução e os desafios para se desenvolver equipes alinhadas, engajadas e solidárias.
Mediação
É importante destacar que, em alguns casos, pode ser útil envolver um mediador. Isso pode ocorrer quando a tensão está muito alta ou quando as partes têm dificuldade de se comunicar diretamente. Porém, o ideal é que a mediação seja uma segunda opção, após uma tentativa de resolver a questão diretamente.
Procurar ajuda de um gestor ou do RH pode ser eficaz, mas é essencial não transferir a responsabilidade de resolver o problema para outras pessoas. Muitas vezes, o que se observa é que alguns profissionais desabafam repetidamente, esperando que o outro tome a frente. Entretanto, nossos problemas são de nossa responsabilidade, e cabe a nós buscar a solução de maneira proativa.