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Em busca da equipe perfeita

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Muitas empresas, na busca por competitividade, seguem à risca manuais de boas práticas de gestão de pessoas no que tange o cuidado com suas equipes. Estimulam o desenvolvimento, oferecem promoções, respeitam as necessidades individuais e, por vezes, criam um ambiente de trabalho repleto de incentivos. Entretanto, junto com essa atenção aos detalhes, vem o desejo de que, em troca de todo esse cuidado, não haverá problemas. Que os empregados não faltarão, não precisarão de atestados médicos, nem quebrarão acordos ou entregarão trabalhos de qualidade inferior ou fora do prazo combinado. Essa expectativa é uma utopia. Por outro lado, não é raro encontrar lideranças que pensam que, para que suas equipes respondam de maneira eficiente, é necessário impor um ambiente de rigidez ou até de hostilidade.

 

Ideia falaciosa

A ideia de que ser excessivamente rigoroso é a solução para evitar problemas operacionais é uma falácia. Ao contrário, esse modelo de gestão autoritário, que promove o distanciamento e a falta de diálogo, só gera ressentimento entre os empregados e fomenta um sentimento de injustiça, agravando qualquer dificuldade que surja. 

Toda equipe, independentemente do cuidado com que é gerida, será trabalhosa. Há um paralelo interessante com a educação de filhos: ninguém cria um filho sem enfrentar desafios ao longo do caminho. Da mesma forma, uma equipe, por mais bem capacitada, estruturada e respeitada que seja, também terá momentos de falhas, atrasos e situações de cobrança. O investimento em capacitação e desenvolvimento humano tende a minimizar a complexidade e a quantidade de problemas, mas jamais será capaz de eliminá-los por completo. É importante que os gestores internalizem essa realidade, pois criar expectativas de perfeição é um caminho certo para a frustração.

A diferença entre empresas que investem em gestão de pessoas e aquelas que não o fazem é gritante. Organizações que se dedicam ao desenvolvimento de suas equipes tendem a lidar com os problemas de forma mais eficiente e ágil, simplesmente porque os indivíduos ali envolvidos se sentem mais conectados e comprometidos com a missão da empresa. As dificuldades não desaparecem, mas tornam-se mais fáceis de administrar, pois há um ambiente de confiança, respeito mútuo e diálogo. Esse é o tipo de relacionamento que cria um espaço para que as adversidades sejam resolvidas com menos estresse e de maneira mais colaborativa.

Por outro lado, a expectativa de que a rigidez, o distanciamento e a falta de abertura para o diálogo e para negociação melhorariam o desempenho de uma equipe é um verdadeiro "tiro no pé". O modelo de gestão autoritário, tão defendido por alguns, não só distancia e desestabiliza os empregados, como também cria barreiras emocionais que dificultam ainda mais a superação de obstáculos e o desenvolvimento de equipes estáveis, competentes e com alta produtividade.

 

Sem ameaças

Em vez de encarar as dificuldades como parte natural do processo de trabalho, esses gestores veem os problemas como ameaças ao seu controle, o que os leva a pensar em retaliações. No entanto, essa abordagem apenas amplia os desafios, em vez de resolvê-los.

É natural que os gestores se sintam frustrados e impacientes diante de repetidos problemas. A constante necessidade de monitorar prazos, cobrar desempenhos, checar qualidade, estimular o desenvolvimento e lidar com as recorrentes ausências e resistências ao cumprimento dos processos de trabalho pode, sem dúvida, ser exaustiva. No entanto, o melhor caminho, ainda que não seja o mais fácil, é administrar as expectativas de maneira realista e insistir com as práticas de gestão de pessoas que privilegiam o cuidado e o respeito com os profissionais, o reconhecimento pelo bom desempenho e o estimulo ao desenvolvimento das equipes de trabalho.

Nenhuma empresa, por mais bem organizada e estruturada que seja, está isenta de dificuldades, sejam elas de natureza operacional ou não. A verdadeira diferença está em como essas dificuldades são enfrentadas.

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