O perigo de confundir proximidade com intimidade
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A relação entre liderança e equipe é um dos pilares fundamentais para o sucesso de qualquer organização. Contudo, há uma armadilha frequente que pode comprometer esse vínculo: a confusão entre uma relação profissional saudável entre colegas de trabalho e um vínculo de amizade. Essa mistura, embora pareça inofensiva ou até mesmo desejável à primeira vista, pode causar danos significativos ao sistema organizacional e à própria liderança.
É inegável que conhecer o contexto pessoal dos empregados é essencial para uma gestão eficiente. Entender as motivações, os desafios e os valores individuais permite que o líder adapte sua abordagem e ofereça suporte de maneira mais assertiva. Porém, é necessário um cuidado rigoroso para que essa proximidade não se transforme em intimidade que comprometa a objetividade e a equidade no exercício da liderança.
Afinidade
Um erro comum é deixar que a afinidade pessoal influencie decisões profissionais, como a oferta de oportunidades. Um líder que baseia suas escolhas apenas no argumento subjetivo de que "é com fulano que conto quando preciso" corre o risco de ignorar critérios técnicos e organizacionais. Sem parâmetros claros e justificáveis, essas decisões podem ser vistas como privilégios, gerando insatisfação na equipe e corroendo a confiança no sistema de gestão.
Além disso, a concessão de privilégios tende a criar dinâmicas de poder distorcidas. O profissional favorecido pode passar a se perceber acima das regras e dos colegas, o que mina a harmonia do grupo e coloca o líder em uma posição vulnerável. Em vez de fortalecer a equipe, essa relação de proximidade excessiva pode gerar descontentamento, perda de controle e até conflitos internos.
Objetividade
Portanto, é imperativo que líderes estabeleçam critérios objetivos e bem definidos para a tomada de decisões relacionadas a promoções, oportunidades e responsabilidades. Esses critérios devem ser comunicados de forma transparente à equipe, permitindo que qualquer escolha seja fundamentada e defendida de maneira clara. Além de reforçar a credibilidade da liderança, essa postura promove um ambiente de trabalho mais justo e motivador.
O equilíbrio ideal reside em construir relações de confiança sem abrir mão da autoridade, da imparcialidade e das argumentações consistentes e com evidências. Um vínculo profissional sólido é aquele que permite ao líder apoiar sua equipe sem comprometer sua capacidade de avaliar desempenhos e tomar decisões difíceis quando necessário.
É preciso lembrar sempre que liderar é, acima de tudo, um exercício de responsabilidade. O líder deve ser justo, transparente e criterioso, evitando que as relações pessoais se transformem em armadilhas que enfraquecem sua posição e desencorajam o desenvolvimento de suas equipes. Afinal, o verdadeiro papel da liderança é criar um ambiente onde todos possam crescer e contribuir, com base em mérito e clareza de propósito.