A máquina do juízo final
Muitos gestores públicos e privados utilizam a seguinte frase: “Não governo/administro com o espelho retrovisor”. Ora, como saberão e evitarão erros cometidos no passado?
A política, as empresas e os futurólogos sempre procuram resolver todos os problemas como um passe de mágica, apresentando grandes promessas, visões e planejamentos estratégicos.
Não conseguiremos resolver todas as mazelas da humanidade e corporativas ao mesmo tempo, assim como a disrupção, como está sendo pregada e colocada em prática, na minha visão, causará graves consequências para a saúde física e mental do ser humano.
“Desafie e coloque-se no caminho de todos e, dessa forma, praticamente não enfraquecerá ninguém”. Assim disse Peter Durnovo, ministro do interior russo do Tzar Nicolau II, nos anos que antecederam a 1ª Guerra Mundial.
“A máquina do juízo final” ou “Doomsday Machine” significa o aumento significativo de acordos e alianças diplomáticas entre as nações/impérios de proteção e reciprocidade entre blocos que tornaram a guerra inevitável, assim que foram acionadas, causando um efeito dominó irreversível. É a definição dada por Henry Kissinger para a situação diplomática na Europa nos últimos anos do século XX.
Observo um desencantamento com o modelo democrático, populismo antissemitismo crescente, total desconhecimento de fatos recentes da história mundial, assim como as bravatas de ideologias autoritárias se apresentando como democráticas.
Será que essas situações não teriam força para usarem às alianças diplomáticas atuais e desencadear uma situação preocupante, em um futuro próximo, como no passado? Será que a teia de compromissos assumidos pode levar a uma escalada de funções com consequências trágicas?
Vejam que, atualmente, observamos cada vez mais os serviços secretos dos países, na mesma complexa teia de atuação nas relações de alianças estratégicas, influenciando os acordos diplomáticos entre as nações.
1a. Guerra Mundial
“Descobrir as origens da 1ª Guerra Mundial não equivale a descobrir 'o agressor'. Hobsbawm - A Era dos Impérios, Ele repousa na natureza de uma situação internacional em processo de deterioração progressiva, que escapava cada vez mais ao controle dos governos”. Os acordos e alianças diplomáticas, entre as nações/impérios de proteção e reciprocidade entre blocos, tornaram a guerra inevitável, assim que foram acionadas, causando um efeito dominó irreversível
Na Europa da época, com as duas alianças que se formaram: A Tríplice Aliança, formada entre Alemanha, Áustria-Hungria e Itália VS Entente: França, Rússia e Inglaterra, tinha o conflito como base da diplomacia.
O início da 1ª Guerra Mundial dependia apenas de um sopro.
O Sopro
O local para a deflagração da 1ª Guerra Mundial era irrelevante para o Balanço do poder Europeu da época.
Em 28 de Junho 1914, Franz Ferdinand, herdeiro do trono Habsburgo, foi assassinado por um terrorista sérvio, em visita a Sarajevo.
Após dois meses, através de medidas malsucedidas de acordo entre sérvios e o Império Austro-Húngaro, esse atacou a Sérvia no dia 28 de Julho de 1914, ao lado do qual a Rússia tomou partido, em 1º de agosto do mesmo ano.
Máquina do juízo final ou “Doomsday Machine”
A partir daí, o sistema de alianças funcionou automaticamente: a Alemanha, cumprindo seus compromissos com o Império Austro-húngaro, declarou guerra à Rússia; a França, em socorro dos russos, declarou guerra à Alemanha; e, pouco depois, os britânicos aliavam-se aos franceses. Iniciava-se, assim, a Grande Guerra.
Resultado
Além das mais de 20 milhões de mortes, o Império Austro-Húngaro desapareceu e mais três dinastias caíram: alemã, russa e austríaca.
Reflexão
Muitos gestores públicos e privados estão criando a sua Máquina do juízo final ou “Doomsday Machine”. Como saberão e evitarão erros cometidos se não olharem para o passado?
Empresário há 35 anos e Presidente do Iperid (primeiro THINK TANK do Nordeste) – Instituto de Pesquisa Estratégica em Relações Internacionais e Diplomacia, Rainier Michael tem ampla experiência em trocas internacionais. O trabalho realizado por ele junto ao consulado esloveno, e designado “Diplomacia Econômica”, interpreta sob uma visão humana o desenvolvimento e o crescimento do Nordeste. Paulista de nascença, Michael se mudou para Pernambuco há dez anos, quando seus negócios no Estado cresceram de forma a tornar indispensável sua presença aqui. Seu comparecimento nos mercados pernambucanos, entretanto, é mais antigo do que isso. Antes de assumir o consulado, já era representante da DBG - Sociedade Brasil-Alemanha no Nordeste. É destacável, também, sua atuação enquanto presidente do Rotary Club Recife Boa Viagem. ([email protected])
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