De Pernambuco para mundo e vice-versa
() Com todos os avanços tecnológicos à nossa disposição, ainda não se descobriu como substituir uma boa posição geográfica na logística das exportações. E Pernambuco tem esta posição, tanto do ponto de vista marítimo, como aéreo. É só olhar o mapa e ver como fica perto tanto dos Estados Unidos como da Europa, sem ignorar a África. E isto não é nenhuma novidade, já que a luta pelo domínio de Pernambuco e sua posição privilegiada data do descobrimento do Brasil e as invasões holandesas e francesas que esse estado sofreu. E a isso se soma também a tradicional base de produção e exportação de açúcar para o mundo.
Mas, nos tempos de hoje, o que vale essa posição? Muito e nada. Nada, porque para exportar precisa-se de base produtiva, precisa-se de produtos aliados a uma eficaz rede de logística e serviços. Essas duas condicionantes estão se recompondo em Pernambuco. De um lado, temos a eficácia do cluster de frutas em torno de Petrolina, por outro lado o cluster automobilístico, com a fábrica da FCA. Mas enquanto o primeiro prospera, o segundo tecnologicamente mais avançado do País, está orientado, graças a inúmeros benefícios (e com a dificuldade de não ter ainda uma escala de produção que amplie o anel de fornecedores de autopeças), mais para o mercado interno do que o externo. E adicionalmente, para o açúcar e etanol, sempre em dificuldades devido às politicas governamentais.
Em outro plano, mas de primordial importância, está a consolidação do Porto de Suape, com sua zona industrial. É incrível que com tantos ministros que Pernambuco teve e tem, este projeto não se consolide e desenvolva (se me lembro bem começou há 50 anos). Deve ser interessante para alguém que demore. Mas, continua a questão primordial: um porto eficaz para exportar (ou importar) o quê?
Pernambuco talvez esteja mais adiantado não na indústria clássica, como alco-sucareira,têxtil ou até automobilística, mas na área digital e de serviços de medicina. O mundo não tem mais fronteiras, ou as diferenças de antigamente. E o valor maior, desprezado por tantos anos, é de capital humano. Hoje uma empresa de Pernambuco pode vender produtos e serviços no mundo inteiro, começando pelo imenso mercado brasileiro, usando as tecnologias digitais disponíveis. E justiça seja feita, há nessa área boas notícias do Porto Digital.
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Made in Pernambuco
O estado precisa ter sua política de expansão internacional e de exportações, como São Paulo tem e acaba de formar um Conselho de Relações Internacionais e Comercio Exterior. Hoje em dia não há mais espaço para empresa bem sucedida se ela não for global e usar as mais avançadas tecnologias à sua disposição. E isso quer dizer que é preciso ter também um sistema educacional compatível com as necessidades e mercados globais.
Quem ainda lembra do movimento armorial, com músicas tocadas em um Stradivarius, sabe que se pode atingir esse nível de excelência. De Pernambuco para o mundo.
() STEFAN SALEJ - Ex-Presidente da FIEMG, Federação das Indústrias de Minas Gerais, empresário e consultor.
Empresário há 35 anos, Rainier Michael tem ampla experiência em trocas internacionais. O trabalho realizado por ele junto ao consulado esloveno, e designado “Diplomacia Econômica”, interpreta sob uma visão humana o desenvolvimento e o crescimento do Nordeste. Paulista de nascença, Michael se mudou para Pernambuco há dez anos, quando seus negócios no Estado cresceram de forma a tornar indispensável sua presença aqui. Seu comparecimento nos mercados pernambucanos, entretanto, é mais antigo do que isso. Antes de assumir o consulado, já era representante da Sociedade Brasil-Alemanha no Nordeste. É destacável, também, sua atuação enquanto presidente do Rotary Club Recife.
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