Embaixador Renato Mosca apresenta um pouco do histórico da Eslovênia
Imediatamente após sua independência, em 1991, a República da Eslovênia empreendeu importante campanha diplomática que possibilitou o rápido reconhecimento internacional do novo estado. O Brasil foi dos primeiros países a reconhecer, no ano seguinte, sua independência.
Desde o princípio de sua vida autônoma, após tornar-se membro da Organização das Nações Unidas, a Eslovênia passou a percorrer os passos necessários à plena integração nas estruturas euro-atlânticas. Em 2004, acedeu à Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) e à União Europeia; em 2007, foi o primeiro dos novos membros do bloco a integrar-se à zona do euro.
Com muito êxito, assumiu em 1º de janeiro de 2008, por um semestre, a presidência do Conselho da União Europeia, tendo sido o primeiro país do antigo bloco socialista a exercer tal responsabilidade. Em julho de 2010, com o ingresso na Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), completou-se a fase de integração euro-atlântica da história da política externa eslovena.
Ainda relativamente desconhecida pela sociedade brasileira, a Eslovênia tem um território pequeno, mas que em nada representa a grandiosidade de seu povo e do trabalho que desenvolveu nesses 25 anos para consolidar suas estruturas políticas e econômicas e afirmar-se no panorama regional e internacional como parceiro confiável.
Atuante no cenário mundial, identifica no multilateralismo o caminho para afirmação de seus valores de convivência internacional pacífica, harmoniosa e cooperativa. Sua localização é estratégica no centro da Europa para o aprofundamento dos laços de amizade que mantém em sua circunstância geográfica. Sua população de dois milhões e cem mil habitantes revela elevados padrões de formação e qualificação. Liubliana, a capital do país, é sua maior cidade, com cerca de 280 mil habitantes, e capital verde da Europa, reconhecimento muito merecido a um país que está na vanguarda da defesa e proteção do meio ambiente e ostenta 60% do seu território recobertos de florestas.
Com o estabelecimento de relações diplomáticas entre o Brasil e a Eslovênia, em 21 de dezembro de 1992, promoveu-se crescente convergência de princípios no nível bilateral e multilateral. Concluíram-se, já nos primeiros anos do relacionamento, acordos nas áreas de comércio e cooperação econômica, de consultas políticas, de cooperação científica e tecnológica e de educação, propiciando aproximação e frequentes contatos entre homólogos brasileiros e eslovenos nas diversas áreas em que se identificam interesses comuns e potencialidades.
Há dez anos, o governo brasileiro abriu a missão diplomática brasileira em Liubliana, que propiciou impulso adicional ao relacionamento. O gesto diplomático foi imediatamente correspondido com a abertura da embaixada eslovena em Brasília, atualmente sob o comando do competente e ativo embaixador Alain Brian Bergant.
Os primeiros anos revelaram interesses estratégicos sobremaneira complementares.
Apesar da crise financeira de 2008, o Brasil seguia, em sua vertente interna, rota de expansão da economia, distribuição de renda e avanços sociais e, em sua face externa, de consolidação de seu papel de ator global. A Eslovênia, embora afetada pela recessão, buscava aproximar-se de economias emergentes, como o Brasil, com o objetivo de diversificar mercados e internacionalizar crescentemente suas companhias, em especial as pequenas e médias empresas. Seguiram-se anos em que ambos os países experimentaram enormes desafios, tendo-se de qualquer modo mantido e, mesmo, aumentado o fluxo comercial (US$ 487,2 milhões de intercâmbio em 2016, o maior já registrado).
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No entanto, a sustentável recuperação econômica eslovena, com previsão de crescimento de 4,4% em 2017, em grande parte ancorada no setor exportador, e os recentes sinais de retomada da economia brasileira parecem indicar um novo momentum na relação bilateral, com o revigoramento de contatos políticos e identificação de oportunidades de cooperação, comércio e de investimento.
Nos últimos meses, com base em medidas de ajuste fiscal promovidas pelo governo brasileiro, com redução progressiva das taxas de juros e melhora do ambiente econômico, a economia nacional apresenta sinais visíveis de recuperação, afastando ainda em 2017 a recessão. Com crescimento, redução da inflação (previsão de 3,9% para 2017, a menor em onze anos) e taxas de juros mais baixas (atualmente em 8,25%, com expectativa de que feche o ano no menor nível histórico 7,5%), o Brasil está novamente em condições de atuar de modo pró-ativo em relação à Eslovênia.
Há enorme potencial a ser explorado, já que as exportações brasileiras representam apenas 0,8% do mercado esloveno. Do ponto de vista brasileiro, há espaço para incrementar o volume exportado e diversificar a pauta exportadora e, ao mesmo tempo, tornar-se mercado cada vez mais significativo para os produtos eslovenos.
Como estão as relações diplomáticas entre os dois países e a sua importância
As relações diplomáticas entre o Brasil e a Eslovênia têm sido cuidadosamente construídas nesses 25 anos com base no diálogo, na cooperação e no respeito mútuo. Atualmente, são sólidas e, ademais, promissoras, já que ambos os países pisam terreno firme e vislumbram horizonte comum. Nesse contexto, o Itamaraty e o ministério dos Negócios Estrangeiros têm trabalhado na preparação da segunda reunião da Comissão Mista de Cooperação Econômica Brasil-Eslovênia, que se realizará em Liubliana entre 13 e 14 de novembro próximo, a fim de avaliar os avanços do intercâmbio comercial bilateral, prospectar novos setores que possam estabelecer negócios e buscar meios de retomar a cooperação em ciência, tecnologia e inovação, tão esseciais ao desenvolvimento. A missão de zelar pelo relacionamento de duas nações que, embora geograficamente distantes, estão irmanadas em promover um mundo melhor requer empenho diuturno, mas tem sido ao mesmo tempo desafiadora e gratificante.
Renato Mosca, é embaixador do Brasil na Eslovênia. Este artigo foi escrito a título pessoal e não reflete necessariamente posições oficiais do Ministério das Relações Exteriores.
Empresário há 35 anos, Rainier Michael tem ampla experiência em trocas internacionais. O trabalho realizado por ele junto ao consulado esloveno, e designado “Diplomacia Econômica”, interpreta sob uma visão humana o desenvolvimento e o crescimento do Nordeste. Paulista de nascença, Michael se mudou para Pernambuco há dez anos, quando seus negócios no Estado cresceram de forma a tornar indispensável sua presença aqui. Seu comparecimento nos mercados pernambucanos, entretanto, é mais antigo do que isso. Antes de assumir o consulado, já era representante da Sociedade Brasil-Alemanha no Nordeste. É destacável, também, sua atuação enquanto presidente do Rotary Club Recife.
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