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Empresas e Start-ups - Os Conselheiros dos novos tempos

Sala de reunião - Pixabay

Rainier Michael: Como podemos podem os conselheiros apoiar as empresas e start-ups neste momento de grandes transformações?

Thomas Lanz*: Klaus Schwab, fundador e presidente do Fórum Econômico Mundial disse que a tecnologia e a sociedade evoluem mais rápido que o mercado. Esse pensamento ele expôs um pouco antes da explosão da pandemia do Covid-19 que aumentou a velocidade com que essa conscientização viria a se difundir rapidamente em milhares de gestores pelo mundo. 

A influência do avanço tecnológico nos últimos anos, em todos setores da economia, em especial no processamento, velocidade e transmissão de dados, gerou uma nova relação do consumidor com os fornecedores de produtos e serviços.

Além disso, o surgimento massivo de startups, a formação de novos modelos de negócios entre empresas trouxe a necessidade de novos perfis de lideranças e novas ambições da força de trabalho. Toda essa lista de variáveis, levaram as organizações a outro estágio, em parte resultante de mudanças drásticas como as que vêm ocorrendo atualmente. O disruptivo se faz presente assumindo o protagonismo, deixando o tradicional em segundo plano.  

Nesse cenário, o 'mindset' dos conselheiros empresariais e dos Conselhos nas empresas precisa passar por alterações significativas. Não basta mais o conselheiro acompanhar o desempenho econômico financeiro da empresa, aprovar alguns projetos e pensar em planos de longo prazo. 

Hoje, o conselheiro, precisa se posicionar de forma totalmente nova perante a realidade. Primeiramente, os membros do Conselho precisam saber que   têm que assumir o protagonismo da transformação. 

A empresa tradicional terá que se transformar totalmente ou parcialmente numa organização disruptiva.   Novos tipos de questionamentos precisarão ser colocados e precisará existir a abertura para importantes mudanças. Deverá existir espaço nas empresas para exploração de novas ideias. O processo decisório se iniciará após a implantação deste terreno fértil. 

Os investimentos deverão ser realizados gradualmente, baseados em novas métricas e ideias conforme o apetite de investir dos responsáveis.  O conselho deverá por exemplo falar em termos de MVPs(Produtos Minimamente Viáveis). A discussão do novo entre conselho e gestores deve se transformar numa reunião de investidores. Os executivos deverão largar por um tempo o seu papel de gestores para pensar como investidores. 

Conselheiros precisarão mergulhar em indagações ligadas a processos e formas de conduzir um novo tipo de empresa. Para tanto precisam, desde já, estar aptos para acompanhar o novo. Apenas a experiência do passado não é mais suficiente, sendo que manter-se atualizado e buscar novos conhecimentos   sobre empresas ágeis passa a ser imprescindível.                                              
O pulso da organização em relação ao novo, à agilidade e flexibilidade necessárias deverá também mudar o perfil dos Conselhos de Administração. Uma composição mais plural deverá moldar os novos conselhos. Conselheiros mais jovens ligados à inovação e pessoas de diferentes gêneros e raças, por exemplo, são figuras muito importantes e deveriam participar ativamente de uma nova governança corporativa. 

*Thomas Lanz, trabalhou por 30 anos na Industria, tendo tido a possibilidade de atuar em importantes empresas do cenário nacional, tais como: Giroflex, Grupo Mangels, Carbex e Lafer. Chegou a presidir a Giroflex e a Carbex. Foi e é membro de Conselhos de várias empresas. Thomas Lanz formou-se em Economia pela PUC São Paulo. Obteve seu mestrado em administração de empresas pelo INSEAD (França). Também é certificado como Conselheiro de Administração pelo IBGC (Instituto Brasileiro de Governança Corporativa) e como Consultor Empresas Familiares pelo IFF (International Family Institute) dos Estados Unidos. Entre outros é articulista, palestrante e já contribuiu com capítulos de livros editorados pela FGV- São Paulo, Enlaw (revista jurídica voltada para compliance).

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