Japão, Pernambuco e o Mundo
2001 quando ainda residia no Japão com minha esposa, na histórica cidade de Kanazawa, (conhecida como a “pequena Kyoto”), localizada na ilha central – Honshu, na costa oeste do Japão, pude compreender um pouco mais sobre o significado do planejamento estratégico e política de estado.
Aos finais de semana, costumávamos visitar o “Castelo de Kanazawa”, construído pela família Maeda, local famoso pelas suas flores de cerejeira e sua história. Nas proximidades imediatas do parque do Castelo de Kanazawa está localizado o “Jardim - Kenrokuen”, considerado um dos três mais belos jardins de todo o Japão.
Após o dia de trabalho no Jornal Hokkoku Shimbun, atravessávamos a estação central, localizada em nosso caminho para casa. Nesse trajeto obrigatório e diário, lembro-me, claramente, de um grande outdoor ao lado da estação, informando que em 2015 seria inaugurado a linha de Trem Bala - Shinkansen em Kanazawa. Estamos falando de um outdoor de 2001.
Predominantemente, até aquela data, os Shinkansen circulavam apenas na costa leste: Tóquio, Nagóia, Osaka entre outras cidades. Portanto, possuir uma linha de Shinkansen era motivo de orgulho e desenvolvimento certo para a região.
Já residindo em Pernambuco, passados muitos anos, leio o jornal com as notícias informando que em 2015 havia sido inaugurado a linha Kanazawa-Tóquio, reduzindo uma viagem com trem regional de mais de 4 horas para 2 horas e 30 minutos, agora com o Shinkansen, linha chamada de “Hokuriku line” que custou cerca de 1.6 trilhões de Yen.
Esta recordação demonstra, claramente, um exemplo bem sucedido de planejamento estratégico alinhado a uma política de estado. Quando existe este alinhamento entre o público e o privado; entre o cidadão e seus representantes, visando o bem comum, todos ganham e seus benefícios reverberam por anos, enriquecendo o país e seu povo.
Neste quesito, Pernambuco é privilegiado, pois dispõe de um amplo estudo estratégico denominado “Pernambuco Desafiado - Cenários e Prioridades Para A Próxima Geração No Horizonte 2035”. De Almeida, Ricardo - Instituto de Tecnologia em Gestão.
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Se temos um estudo tão compreensivo que nos mostra um caminho e abre-nos as portas para o futuro, por que não temos utilizado mais esta importante ferramenta dentro do contexto acadêmico, parlamentar, consular e empresarial?
“A publicação apresenta um estudo detalhado dos cenários internacional e nacional nas próximas duas décadas, aprofundando sua análise no âmbito de Pernambuco. Aponta as tendências estaduais consolidadas e traz uma radiografia da estrutura produtiva do Estado. ... enfrentamento dos principais gargalos e superação das dificuldades, apontando um norte para a construção do futuro desejado para as próximas gerações”.
Para enriquecer ainda mais este conhecimento de hoje e do futuro, temos, além deste estudo estratégico, outro recentemente lançado com um cenário internacional intitulado “A visão de longo prazo: Como a ordem na economia global será alterada até 2050” - “The Long View How will the global economic order change by 2050?” – PWC.
Quero deixar esta questão em aberto para tratarmos mais detalhadamente em colunas futuras.
Precisamos nos apropriar deste conhecimento disponível e trabalhar juntos por um futuro melhor!
Rainier Michael
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Empresário há 35 anos, Rainier Michael tem ampla experiência em trocas internacionais. O trabalho realizado por ele junto ao consulado esloveno, e designado “Diplomacia Econômica”, interpreta sob uma visão humana o desenvolvimento e o crescimento do Nordeste. Paulista de nascença, Michael se mudou para Pernambuco há dez anos, quando seus negócios no Estado cresceram de forma a tornar indispensável sua presença aqui. Seu comparecimento nos mercados pernambucanos, entretanto, é mais antigo do que isso. Antes de assumir o consulado, já era representante da Sociedade Brasil-Alemanha no Nordeste. É destacável, também, sua atuação enquanto presidente do Rotary Club Recife.
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