Nova era nas relações sino-brasileiras

China e Brasil têm desenvolvido diversas frentes nas áreas de inovação e sustentabilidade

José Ricardo dos Santos Luz Júnior - divulgação

Por José Ricardo dos Santos Luz Júnior*

A visita do Presidente da República Federativa do Brasil à China em abril de 2023 selou o novo capítulo das relações sino-brasileiras. Consoante asseverado pelo próprio Presidente da República Popular da China, Xi Jinping, “abrimos uma nova era Brasil-China”.

É inconteste que o Brasil e China trilham um caminho de paz, prosperidade e desenvolvimento para o Brasil e a China, com amizade e cooperação mútua entre nações irmãs estratégicas.
Prestes a completarem 50 anos de relações diplomáticas e 20 anos da Comissão Sino-Brasileira de Alto Nível de Concertação e Cooperação (COSBAN) em 2024, China e Brasil fortaleceram ainda mais a parceria estratégica global e abrangente, ao criarem oportunidades de intercâmbio além das áreas tradicionais da balança comercial sino-brasileira, que somente em 2022 fechou em USD 150.4 bilhões. 

China e Brasil têm desenvolvido diversas frentes nas áreas de inovação e sustentabilidade, incluindo-se aeroespacial, energia limpa, veículos elétricos, telecomunicação 5G, manufatura inteligente, inteligência artificial, internet das coisas, computação em nuvem, comércio eletrônico, cidades inteligentes, infraestrutura digital, dentre outros, impactando positivamente e de forma direta o processo de “neoindustrialização” brasileira ou “reindustrialização sustentável” brasileira, isto é, fortalecimento de áreas em que o Brasil tem capacidade instalada e potencial para ampliar, como aeronáutica, aeroespacial, saúde e energia renovável.

Vale dizer que o aprimoramento da relação sino-brasileira no âmbito da relação sul global tem influência da própria construção de política doméstica chinesa, pautada no conceito da “modernização chinesa”.

A “modernização chinesa” ou a modernização ao estilo chinês é um novo conceito centrado nas pessoas, ou seja, a meta é melhorar o padrão de vida dos chineses, expandir a classe média, melhorar o sistema de seguridade social e promover a equidade social.
Trata-se de uma busca de novo caminho de cooperação com ganhos para todas as partes envolvidas, uma promoção de abertura institucional de regras e normas, visando uma economia mundial mais aberta e o compartilhamento de recursos.

Importante ressaltar que a modernização ao estilo chinês estabelece um novo paradigma para o desenvolvimento pacífico, de forma a defender a justiça internacional e promover o multilateralismo, propondo uma comunidade de futuro comum compartilhado para toda a humanidade, expandindo a amizade e a cooperação com outros países com base nos princípios de coexistência pacífica e promovendo valores comuns para construir um futuro mais promissor para a humanidade.

De certo não há uma única maneira de modernização e cada país deve encontrar seu próprio caminho, adaptado à sua história e condições nacionais.

Nesse sentido, a China e o Brasil são interdependentes e podem se beneficiar substancialmente dessa relação ganha-ganha, vez que essa relação sul-sul é vista por ambos os países como uma relação estratégica de longo prazo, pacífica e sem histórico de guerras, sendo nítida a intensificação do comércio, o aumento do fluxo de investimentos, a promoção de parceria concreta e a efetiva integração para atingirem resultados mutuamente positivos nesses quase 49 anos de relações diplomáticas.

Afinal o que nosso país mais precisa é promover parceria de alta qualidade, inaugurando uma nova era de desenvolvimento global, inclusão e abertura, com fluidez em tecnologia e conectividade.

Nesse sentido, Brasil oferece segurança alimentar e energética ao país asiático e, sem dúvida alguma, a sintonia sino-brasileira em tecnologia e sustentabilidade são os novos capítulos dessa profícua relação sino-brasileira que começa agora a definir seus próximos capítulos.

Vida longa à relação sino-brasileira!


*Dr. José Ricardo dos Santos Luz Júnior é um profissional brasileiro experiente nas relações sino-brasileiras. Advogado brasileiro que viveu na China por cinco anos e frequentemente viaja à China para participar de reuniões, delegações e treinamentos, o Dr. José Ricardo obteve seu MBA pela Universidade de Pequim. É Co-Chairman & CEO do LIDE China 巴西 商业 领袖 组织 - 中国 区 (Grupo de Líderes Empresariais China). Pesquisador do Grupo de Estudos BRICS da Faculdade de Direito da USP (GEBRICS / USP), é também Membro e Coordenador Adjunto das Relações Brasil-China da Comissão Especial de Relações Internacionais da Ordem dos Advogados do Brasil, Seção São Paulo, Membro da Comissão Especial de Relações Internacionais e Direito da Ordem dos Advogados do Brasil, Seção Santos e Membro da Comissão Especial da Coordenação Nacional sobre as Relações China-Brasil do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil.
 

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