O Sétimo Selo e o Brasil de hoje...
Após presenciar tantas tragédias como Brumadinho, os jovens atletas do Flamengo, questiono se não existe mais o simples e velho “bom senso”?
Poderíamos chamar de Compliance, no mundo corporativo, ou ainda, de direitos humanos ou, simplesmente, respeito ao ser humano.
Como podem as autoridades públicas e privadas ficarem empurrando a culpa um para o outro quando se há vidas em jogo ou que foram ceifadas pela simples falta de “bom senso”?
Como é que um CEO de uma grande empresa mineradora ainda tenta justificar uma tragédia como a que ocorreu em Minas Gerais? Ou, ainda, outro CEO que tenta intimidar um País e os seus funcionários dizendo que fechará a empresa no Brasil!
Tremendamente triste é ver crianças/adolescentes, chamados de “novos talentos“, morando em containers, verdadeiros puxadinhos em uma área que deveria ser um estacionamento, perderem a vida e observar o show dos horrores das entidades públicas e privadas tentando explicar o que fizeram ou não fizeram ou, ainda pior, tentando nos convencer de que o local era digno para qualquer ser humano.
Que mundo estamos vivendo? Cada vez mais, observo as pessoas na situação do protagonista da película “O Sétimo Selo”(Det sjunde inseglet), aclamado filme de Ingmar Bergman.
Esse, lançado em 1956, no conturbado período pós-segunda guerra mundial, refletindo a terrível lembrança recente do Holocausto, do medo de um conflito nuclear e da nova fase, chamada de Guerra Fria.
No filme, um soldado volta das Cruzadas, encontra seu país arrasado pela peste negra e se depara com a Morte, personificada.
Para não ser levado, o cruzado desafia a ceifadora para um jogo de xadrez.
Tenho a impressão que essas pessoas estão, diariamente, jogando xadrez com a vida dos outros.
Fica a reflexão...
Empresário há 35 anos e Presidente do Iperid (primeiro THINK TANK do Nordeste) – Instituto de Pesquisa Estratégica em Relações Internacionais e Diplomacia, Rainier Michael tem ampla experiência em trocas internacionais. O trabalho realizado por ele junto ao consulado esloveno, e designado “Diplomacia Econômica”, interpreta sob uma visão humana o desenvolvimento e o crescimento do Nordeste. Paulista de nascença, Michael se mudou para Pernambuco há dez anos, quando seus negócios no Estado cresceram de forma a tornar indispensável sua presença aqui. Seu comparecimento nos mercados pernambucanos, entretanto, é mais antigo do que isso. Antes de assumir o consulado, já era representante da DBG - Sociedade Brasil-Alemanha no Nordeste. É destacável, também, sua atuação enquanto presidente do Rotary Club Recife Boa Viagem. ([email protected])
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