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Pernambuco “Hub Diplomático do Nordeste”

Pernambuco tem um dos mais importantes legados diplomáticos do Brasil - Reprodução/Internet

A invenção e disseminação de missões diplomáticas no final do século XV foram, provavelmente, estimuladas pelo exemplo de consulados estabelecidos, anteriormente, por povos mercantis no mediterrâneo e seu entorno.

Em alguns casos excepcionais, grandes companhias de comércio estabeleceram importantes embaixadas, não apenas financiando a sua estrutura e funcionamento mas também indicando e instruindo os embaixadores.

Temos um exemplo clássico deste modelo na “Levant Company” e na Embaixada Inglesa, em Constantinopla.

Na época, um dos focos principais dos Ingleses, era o desenvolvimento de relações diplomáticas e comerciais com o Império Otomano, uma região “distante e perigosa”. Em setembro de 1581, para compensar os riscos envolvidos, alguns mercadores de Londres, que se organizariam na Levant Company, obtiveram o aval da rainha Elisabeth I.

Dois anos após, William Harborne, um dos mercadores e anterior membro do parlamento, foi confirmado como o primeiro embaixador da Inglaterra sendo agraciado pelo sultão Otomano com todos os privilégios previamente recebidos por Veneza e França.

A prioridade dada à DIPLOMACIA COMERCIAL pela embaixada em Constantinopla refletia os procedimentos não usuais que novos embaixadores eram instruídos a seguir. Estes procedimentos eram listados pelo governo e através de protocolos de entendimentos e um conjunto de instruções destacados pela Levant Company.

Apenas no início do Século XIX, a embaixada Britânica em Constantinopla – na época um dos mais importantes postos do serviço diplomático Britânico, tornou-se inteiramente subordinada ao controle governamental.

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O plano político preponderava o foco da maioria dos postos de embaixadas até a primeira guerra mundial. O comércio internacional cresceu de forma exponencial na primeira metade do século XVIII, quando as embaixadas tiveram a responsabilidade direta de negociar tratados de comércio em que as parcerias bilaterais seriam conduzidas.

Pernambuco tem um dos mais importantes legados diplomáticos do Brasil, este com mais de 200 anos de história.

Estabelecido em 1815, o Consulado Geral dos Estados Unidos no Recife é o posto de representação diplomática americano mais antigo no Brasil. Celebrado em 2015, os 200 anos de amizade e colaboração entre os Estados Unidos e a região Nordeste é um marco que merece ser celebrado. A sua presença e atuação dentro da Diplomacia Econômica reflete e fortalece o HUB que atualmente conta com mais de 38 representações consulares presentes em Pernambuco.

O crescente comércio bilateral tem provocado uma contínua onda de viagens entre o Nordeste e os Estados Unidos. Em 2014, o Consulado emitiu quase 100 mil vistos, um aumento superior a 16% em comparação ao ano anterior. Nos últimos anos, além de ampliar o número de funcionários da seção de Vistos, o Consulado vem se expandindo com a abertura do departamento para Assuntos Político-Econômicos e do Serviço Comercial.

No entanto, mesmo com todo este legado diplomático, o que presenciamos ainda hoje, de forma geral, é a falta de um amplo debate sobre a política comercial e questões financeiras globais em relação à posição de Pernambuco e do Brasil. Relevante e preocupante neste debate é a necessidade que o nosso estado e país tem de refletir e decidir, com urgência, sobre os rumos que deseja buscar – considerando os múltiplos aspectos da realidade presente e potencial – com vistas ao redesenho de sua presença e participação na economia mundial.

“Hoje mais do que nunca” Henry Kissinger exorta, “devemos estudar história para entendermos a razão que nações e homens tem sucesso ou fracassam.”

Rainier Michael
[email protected]

Empresário há 35 anos, Rainier Michael tem ampla experiência em trocas internacionais. O trabalho realizado por ele junto ao consulado esloveno, e designado “Diplomacia Econômica”, interpreta sob uma visão humana o desenvolvimento e o crescimento do Nordeste. Paulista de nascença, Michael se mudou para Pernambuco há dez anos, quando seus negócios no Estado cresceram de forma a tornar indispensável sua presença aqui. Seu comparecimento nos mercados pernambucanos, entretanto, é mais antigo do que isso. Antes de assumir o consulado, já era representante da Sociedade Brasil-Alemanha no Nordeste. É destacável, também, sua atuação enquanto presidente do Rotary Club Recife.

* A Folha de Pernambuco não se responsabiliza pelo conteúdo das colunas

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