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Sintonia em tecnologia e sustentabilidade são novos capítulos dessa profícua relação sino-brasileira

Por José Ricardo dos Santos Luz Júnior*

O Brasil e a China têm uma profícua cooperação, intensificada substancialmente ao longo dos 49 anos de relações diplomáticas celebrados em agosto de 2023, fortalecendo estes laços históricos e mutuamente benéficos para ambas as nações e seus povos, iniciando-se nesse ano novo capítulo das relações sino-brasileiras - a “Relação Brasil-China na Nova Era”, isto é, novo capítulo das relações sino-brasileiras, tal como expressamente conclamado pelos Presidentes do Brasil e da China na visita do Presidente Lula à China em abril de 2023.
Essa relação bilateral abrangente é lastreada na amizade e confiança, por meio do pragmatismo e flexibilidade, instituindo inclusive políticas voltadas ao desenvolvimento do nosso país, num processo doméstico de reindustrialização sustentável e transição da matriz energética brasileira.

Vale dizer que no tocante ao comércio bilateral, o Brasil foi o primeiro país da América Latina a desenvolver comércio bilateral com a China em nível acima de USD 100 bilhões, sendo o gigante asiático o maior parceiro comercial do Brasil desde 2009.



A China e o Brasil são interdependentes e podem se beneficiar substancialmente dessa relação ganha-ganha, vez que essa relação sul-sul é vista por ambos os países como uma relação estratégica de longo prazo, pacífica e sem histórico de guerras, sendo nítida a intensificação do comércio, o aumento do fluxo de investimentos, do intercâmbio cultural entre os povos, a promoção de parceria concreta e a efetiva integração para atingirem resultados mutuamente positivos nesses 49 anos de relações diplomáticas.

No que pertine a balança comercial sino-brasileira, é inconteste o aumento da relação comercial com a China, especialmente após a virada do milênio. No ano 2000, por exemplo, comércio exterior sino-brasileiro totalizou a módica cifra de US$ 2,3 bilhões e em 2022 o recorde histórico de USD 150,4 bilhões, sendo a China responsável pelo enorme superávit acumulado pela balança comercial brasileira.

Vale dizer se faz necessário ampliarmos a parceria estratégica abrangente com a China nessa Nova Era, dadas as novas oportunidades de cooperação, especialmente em sustentabilidade, inovação e tecnologia, durante esse processo de construção de um futuro comum compartilhado com toda a humanidade.



Se acompanharmos com a devida e necessária atenção a importância dada pela China aos conceitos de sustentabilidade (Environmental, Social e Governance – ESG), inovação e inclusão, três pilares do 14º plano quinquenal de metas de desenvolvimento econômico e social vigente na China (2021-2025), seguramente otimizaremos as oportunidades com o nosso maior parceiro comercial, a começar pelo agronegócio brasileiro que já tem a China como seu maior mercado, país responsável pela compra de 1/3 de todas as exportações de commodities agrícolas brasileiras, além de atrairmos cada vez mais investimento estrangeiro direto chinês para solucionar nossos gargalos em logística e compartilhamento de tecnologia de ponta, incluindo-se manufatura inteligente, inteligência artificial, internet das coisas (IoT), telecomunicação 5G, cidades inteligentes, comércio eletrônico, infraestrutura digital, agricultura sustentável de baixo carbono, energia limpa, dentre outros potenciais intercâmbios nas bases de SUSTENTABILIDADE e TECNOLOGIA.

Contudo, a intensificação desse intercâmbio precisa ser revista a partir de um diálogo político respeitoso, fomento de oportunidades por plataformas de negócios sino-brasileiras e uma maior troca de experiências com a China.

Exemplo disso foi o recente seminário sobre capacitação em reestruturação do comércio exterior para os países de língua portuguesa, intercâmbio patrocinado pelo Ministério de Comércio da República Popular da China e organizado pelo Centro de Cooperação Econômica Internacional de Fujian em julho de 2023 a representantes do Brasil, Cabo Verde e Guiné-Bissau, incluindo-se os empresários Rainier Michael, Gilberto Freyre Neto, José Ricardo dos Santos Luz Júnior, Sérgio Cavalcante, Thiago Siqueira Macedo e Giulio Mansour que representaram o LIDE Pernambuco, a convite do Consulado Geral da República Popular da China em Recife.

Referida imersão na China permitiu ao empresariado uma maior compreensão sobre a evolução da República Popular da China desde sua fundação em 1949, com uma gama de palestras e visitas técnicas que permitiram ao empresariado maior aprendizado sobre as relações econômicas, políticas e sociais chinesas, sem se esquecer dos aspectos históricos e culturais que permeiam a cultura de negócios chinesa.



Sem sombra de dúvidas esses intercâmbios precisam ser intensificados nesse período pós-pandemia marcado pela reabertura das fronteiras chinesas, de forma a aproximarmos ainda mais os povos sino-brasileiros para trocarmos experiências em tecnologia, saúde, cultura, agronegócio, infraestrutura, dentre diversos outros.

A cooperação do Brasil no contexto da ambição chinesa para constituir uma nação moderna, forte e próspera ao completar os 100 anos da fundação República Popular da China em 2049, apenas confirma a importância da amizade, parceira e cooperação estratégica entre esses dois gigantes e demonstram o potencial de fortalecimento das relações entre Brasil e China.
Trata-se de um momento de novos investimentos e novas parcerias mediante modelo de solidariedade, cooperação e desenvolvimento conjunto sino-brasileiro, inaugurando Nova Era para as relações Brasil-China e empurrando a parceria a um novo nível, gerando novas contribuições à promoção da prosperidade e estabilidade regional e global.

A China é importante aliada e parceira na transição do Brasil para uma economia de baixo carbono. Como já mencionado, sustentabilidade, tecnologia e inovação são pilares do 14º Plano Quinquenal chinês e são centrais para o futuro da economia brasileira. Uma relação ganha-ganha depende necessariamente de uma agenda de cooperação robusta nessas três frentes.
Trata-se, portanto, de um momento de turbinarmos os negócios não só nas áreas tradicionalmente desenvolvidas nessa parceria, como também em novas áreas a serem desenvolvidas a partir dessa nova ótica sino-brasileira.

Afinal o que nosso país mais precisa é promover parceria de alta qualidade, inaugurando uma nova era de desenvolvimento global, inclusão e abertura, com fluidez em tecnologia e conectividade.

Nesse sentido, Brasil oferece segurança alimentar e energética ao país asiático e, sem dúvida alguma, a sintonia sino-brasileira em tecnologia e sustentabilidade são os novos capítulos dessa profícua relação sino-brasileira que começa agora a definir seus próximos capítulos.

*Dr. José Ricardo dos Santos Luz Júnior é um profissional brasileiro experiente nas relações sino-brasileiras. Advogado brasileiro que viveu na China por cinco anos e frequentemente viaja à China para participar de reuniões, delegações e treinamentos, o Dr. José Ricardo obteve seu MBA pela Universidade de Pequim. É Co-Chairman & CEO do LIDE China 巴西 商业 领袖 组织 - 中国 区 (Grupo de Líderes Empresariais China). Pesquisador do Grupo de Estudos BRICS da Faculdade de Direito da USP (GEBRICS / USP), é membro do Comitê de Internacionalização do LIDE Pernambuco. Também é Membro e Coordenador Adjunto das Relações Brasil-China da Comissão Especial de Relações Internacionais da Ordem dos Advogados do Brasil, Seção São Paulo, Membro da Comissão Especial de Relações Internacionais e Direito da Ordem dos Advogados do Brasil, Seção Santos e Membro da Comissão Especial da Coordenação Nacional sobre as Relações China-Brasil do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil.

O conteúdo desse texto não reflete necessariamente a opinião da Folha de Pernambuco e é de responsabilidade do seu autor.

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