Bom mesmo é ser um realista esperançoso
Foi o tema da esperança que compartilhei com os mais de 1.200 participantes do Encontro Nacional de Escolas da Academia de Líderes Ubuntu.
Nestes últimos dias, Portugal tem sido a minha casa. Um lugar onde tenho estado à vontade para falar sobre o que gosto: a promoção do engajamento social através do voluntariado. Encontrar por aqui pessoas, de vários países, que se engajam para construir um futuro melhor nas cidades, comunidades, tem me levado a esperançar, como bem colocou o nosso mestre Paulo Freire suas. E foi justamente o tema da esperança que compartilhei com os mais de 1.200 participantes do Encontro Nacional de Escolas da Academia de Líderes Ubuntu, um projeto de educação não formal voltado para a qualificação de jovens das comunidades de Lisboa, com elevado potencial de liderança.
Falar para aqueles futuros líderes, que durante sua formação foram inspirados nas ações dos pacifistas Nelson Mandela, Martin Luther King e Desmond Tutu, foi uma grande responsabilidade. Eu pude dividir com eles todo o entusiasmo e comprometimento que nos levou a trilhar caminho sem volta há mais de 12 anos: o da transformação social. Começamos com um pequeno movimento coletivo, o Novo Jeito e a partir deste movimento, vieram o Porto Social, o Transforma, a Casa Zero e a Fábrica do Bem. Exemplos bem-sucedidos de impacto social em Pernambuco.
Foi emocionante ver os olhos curiosos de crianças, jovens e adultos, todos atentos às experiências de inovação social que acontecem no nosso estado e que podem ser replicadas em Lisboa, Portugal e por toda Europa. Nós somos exemplo de que a união de líderes, equipe, comunidade, voluntários, apoiadores, patrocinadores, jornalistas, governos e empresas, faz um país dar certo.
Sabemos que o momento atual é desafiador no Brasil e no mundo. Cada um dos palestrantes internacionais relataram as suas dificuldades: guerra na Europa, mudanças climáticas, crescimento dos juros, escassez alimentar e a fome. Acredito que eu tenha sido uma exceção ao tratar de soluções para esses desafios. É assim que temos trabalhado, com respostas e, acima de tudo, com confiança.
O empreendedorismo social vem ganhando espaço neste duro cenário mundial com o esperançar. Uma busca incessante pelo sanar dos problemas sociais e pela promoção do bem coletivo. Esperançamos em ideias, obras, em projetos e no impacto causado.
Quando chegamos no fundo do poço como nação, país, sociedade, falar sobre esperança é fundamental, mas é no exemplo que mostramos onde a esperança nos leva, os resultados. A minha participação encerrou-se como eu comecei: falando da minha terra, das minhas origens, do meu Pernambuco e, agora, de um outro mestre, Ariano Suassuna que falava “O otimista é um tolo. O pessimista, um chato. Bom mesmo é ser um realista esperançoso”.
Por isso, bom mesmo é ser um realista esperançoso. Viva Ariano! Viva o empreendedorismo e a inovação social!
*Empreendedor social e idealizador da Casa Zero
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