Pertencer - a melhor forma de viver

Sempre me falaram de Medellín/CO, como um lugar a ser copiado pelo seu projeto de transformação de territórios, afinal durante as décadas de 1980 e 1990 ela foi considerada a cidade mais violenta do mundo, com um número assustador de 395 homicídios por 100 mil habitantes (em São Paulo são 9,5 por 100 mil habitantes).

Passados mais de 30 anos, hoje Medellín é considerada uma das cidades mais inovadoras do mundo. Com taxas de 20 homicídios para cada 100 mil habitantes. Como isso aconteceu? Quem é o protagonista desta transformação? O Coletivo, o Colaborativo. Por isso, a cidade se tornou uma das cidades mais inovadoras do mundo, o centro da inovação. Não tem segredo, é fazer JUNTOS! 

Meus últimos 5 dias foram imerso aqui, usando disso como um laboratório aberto de uma cidade. Fui perguntando a mesma coisa para atores sociais diferentes, sempre colocando os pés na terra. Éramos um grupo formado por gestores públicos, empresários, urbanistas e eu, como empreendedor social. A união de visões distintas para o mesmo problema.  

Visitamos comunidades pacificadas (destaque para a Comuna 13 - acho que um dos maiores arranjos sociais e econômicos de comunidades no Planeta), programas de educação, fomos recebidos na prefeitura, fomos ao comércio ouvir as pessoas e estivemos em especialistas que participaram da transformação social e urbanistas de Medellín.

As lições são muitas e acredito que o meu olhar mudou. Agora, como pessoa que atua em comunidades vulnerárias, mas também consegue juntar dezenas e até centenas de empresários para juntos elegermos uma causa, uma missão e trazer propósito para o capital, na mudança do mundo e que vira e mexe é convidado por gestores públicos de municípios, estados e da federação para falar sobre como trazer inovação social para a gestão publica, fico apenas com uma lição, e a  maior delas é o jeito como tudo foi feito - Engajamento que gera senso de Pertencimento!

Fábio Silva 

 

 

O slogan da cidade é “Medellín todos por la Vida”. Pra mim isso se tornou tão verdadeiro e poderoso, que para cada problema (e eram muitos) brotavam dezenas de soluções, agora é executar com as próprias pessoas. 

Fico com a frase usada por um urbanista e sociólogo que nos acompanhou: pessoas não são números. Elas têm nome e lugar onde vivem. Se elas forem convidadas pelo nome para transformar o lugar onde vivem, isso sim é a maior inovação social e econômica. A maior revolução é humana!” 

Deu liga! Um território completamente transformado pelas pessoas recebe caravanas de todo o mundo para ensinar “o como se transforma JUNTOS”.

Eu e meu companheiro, amigo e patrocinador desta viagem, e de tantas ações do que faço – Inácio, da Karne e Keijo e presidente da Aspa (Associação de Atacadistas e Distribuidores),  levamos 17 horas para chegar à Medellín. Já nossa volta foi cheia de emoções (por problemas com voo, roubo de mala) e levamos 28 horas para chegar em São Paulo.

Mas voltando ao assunto, as pessoas decidiram mudar! Um grande pacto social entre o governo, classes sociais distintas, a igreja, as universidades, a sociedade e os empresários transformou Medellín numa cidade que eu posso garantir - moraria facilmente! Você sente a atmosfera da cidade pulsar. Tem problemas? Tem! Mas foram construídas soluções estruturais para os mais pobres. Ouvi mais de uma vez “a cidade não pode ser construída para os turistas!” E verdadeiramente não pode. Será uma grande bolha que em algum momento vai estourar. Seja com um assalto, um roubo ou uma morte. A população que mais precisa dos serviços públicos precisa estar no topo das prioridades de uma gestão pública e isso precisa ser concordado pela sociedade. 

A vida de quem vive no território sendo muito dura - na mobilidade, na educação, na saúde, nos direitos civis - fará a cidade ser uma cidade triste, abatida, quase uma cidade de coitados, que não vivem na cidade e sim sobrevivem para fazer a cidade existir. Medellín decidiu dar vida a si própria, priorizar as pessoas, as crianças, os idosos, as famílias. A população comprou a ideia e voltou as ruas, aos parques, o percentual de jovens que começaram a decidir ficar em Medellín pós universidade cresceu e a mensagem muito forte de que “somos uma família, somos todos de Medellín”, ganhou força, tornando a cidade da eterna Primavera.

As informações contidas neste artigo não refletem a opinião do Jornal Folha de Pernambuco e são de inteira responsabilidade de seus criadores

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