Um Mundo Coletivo 

Coimbra

Tenho falado sempre em “a transformação de territórios ocorre transformando a vida das pessoas” e é super real. 

A cada viagem, a cada experiência, estou cada vez mais certo disso! Nesta semana estive em Portugal, na região central do País: Coimbra, Aveiro e região. Observação, amo Portugal, sempre me sinto em casa. Existem sim cidades vibrantes e cidades mornas. Aprendi isso sentindo o cheiro da terra e percebendo o nível de bom humor da pessoas que vou encontrando. Coimbra é uma cidade morna. As causas são melhor explicadas por quem lá vive, do que por um brasileiro, pernambucano de passagem, mas o termo “inovação” ainda é pouco vivido ali. Mas onde existem dores, existe um sopro de cura. Ainda não numa escala de solução, mas já é o começo de uma revolução. 

Gosto muito e repito sempre o mestre Ariano Suassuana falava: Não sou otimista, nem pessimista. Os otimistas são ingênuos e os pessimistas, amargos. Sou um realista esperançoso. Sou um homem da esperança. 

Por isso, fui conversar e conhecer uma iniciativa muito parecida com o DNA do Novo Jeito, chamada Coimbra Coletiva. De fato essa terra tão calma começa a ser movida pela inovação social deles. 
A melhor forma de saber o que vai acontecer breve, é conhecer quem está à frente de uma iniciativa. Lembro bem que sempre me dizem desde quando começamos, “Fábio seu olho brilha quando falas dos teus sonhos.” Pronto, é o símbolo de que vai acontecer, já começou, tá no olhar.

Em Coimbra fui recebido pela Joana Pires, uma empreendedora cívica, uma das gestoras da iniciativa e com uma grande capacidade de formação de rede. Pronto, é só ela falar e o seu olhar brilha, a esperança chega através da sua fala mansa e assim vai começando a tal chamada transformação de territórios. Quando uma liderança está grávida de uma missão, breve haverá uma gestação e o filho será o fruto da transformação social. Fui perguntando para as pessoas que ali vivem: você conhece a Coimbra Coletiva? E muitos diziam SIM! Isso é muito característico de movimentos, começam com o boca a boca, e muito em breve, vira da cidade! 

A Coimbra Coletiva é uma revista eletrônica local independente que tem colocado “a boca no trombone” nas questões que o poder público não tem agido. Em pouco tempo de nascido a cidade já reconhece a voz da Coimbra Coletiva. Mas não estão só falando da mudança, estão sendo a mudança. Idealizaram um programa de aceleração de iniciativas de impacto, a Geração Coletiva. A intenção é fortalecer novas lideranças para que, quem sabe assim, o poder vá pouco a pouco mudando de mãos - isso muda o território. O que me chamou também a atenção: a alegria da Joana e sua parceira, a Fillipa, fazem a Coimbra Coletiva existir. Eles fazem festas, jantares, eventos, ações de repercussão e buscam sustentabilidade com muita alegria num terreno tão arenoso que é a cidade de Coimbra.Estou muito disposto a colaborar com Coimbra, com a região central de Portugal e porque não com toda Portugal e quem sabe ser um laboratório para a Europa? 

A rede muda mundo nasceu para isso, para formar redes em redes. Para juntar e juntos causarmos impacto através da inovação social. Estou compartilhando este exemplo para que você que lê e está passando por um momento desafiador, pensando em parar ou desistir, por conta de um ambiente externo muito desfavorável, não pare! Maior do que algo que esteja ao seu redor, é a sua força interior, seus sonhos, sua missão, tudo isso é bem maior. Tudo no externo passa, ou se acomoda, tudo! O que será devastador é se um sonhador guardar seus ideais. Claro que poucos vão acreditar na mudança, você vai se sentir muito só, mas pouco a pouco a mudança fará mais gente chegar junto e dizer como falamos nós brasileiros:Tamo junto!

Deixo aqui o meu carinho por todas as meninas como as de Coimbra, que se levantam todos os dias com problemas maiores a resolver, do que a sua própria agenda de vida. Essas pessoas são coletivas, colaborativas. elas são especiais!

Finalizo meu artigo desta semana, avaliando a percepção de espiritualidade do povo europeu, que já não frequenta mais as igrejas, se distanciou dos dogmas e crenças da religião, mas quando vejo coisas como as que vi nesta semana eu digo, com respeito a todas as crenças eu penso: ali está Deus! Numa revista que aponta as falhas do poder público, num programa de aceleração de líderes sociais, na tentativa de fazer uma cidade voltar a respirar o amor, Deus está ali! É na esperança, nos sonhos, no futuro, na justiça social, em juntar pessoas para serem irmãos e mudar uma realidade, uma cidade, a sociedade, Deus está ali! 

Eu continuo fazendo rede para mudar o mundo, construindo pontes e coletando histórias reais, eu também vejo Deus assim!

Fábio Silva


As informações contidas neste artigo não refletem a opinião do Jornal Folha de Pernambuco e são de inteira responsabilidade de seus criadores

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