Um Vilarejo para o autocuidado
Tabus existem até serem quebrados, eles nasceram para dizermos “no passado era assim, hoje é assim”.
As emoções e os sentimentos humanos, ainda são um campo imerso de tabus. Reconhecer doenças emocionais, buscar ajuda, falar sobre estes sintomas requer achar lugares de confiança e pessoas similares com os mesmos sintomas para se abrir, se sentir acolhido faz parte do início de uma transformação pessoal.
Na última semana presenciamos o nascimento de uma experiência que vai mudar nossa visão sobre o bem-estar emocional e a forma como nos relacionamos com os nossos líderes sociais. Explicando que o vilarejo pode ser para qualquer pessoa (todos nós precisamos), escolhemos também cuidar de quem cuida. Líderes sociais cuidam de muitas pessoas, famílias inteiras, nos territórios onde atuam através das suas iniciativas sociais e ninguém cuida deles.
O Vilarejo veio para cuidar de quem cuida, levar saúde emocional para quem passa uma vida ajudando a quem mais precisa e muitas vezes esquece de si. Durante dois dias, 60 líderes sociais cuidaram da sua saúde mental, muitos deles fazendo isso pela primeira vez, em um cenário ideal, com inúmeras atividades pensadas por um time de especialistas na temática que estavam todos ali por eles. Além de se cuidarem vão levar exercícios de autocuidado para suas comunidades. Vão ser multiplicadores, fazer com que a ODS 3 - saúde e bem estar - da agenda 2030 da ONU, chegue nos que mais precisam e pouco tem acesso a serviços terapêuticos - os mais pobres.
A preocupação com a saúde mental é uma unanimidade e por isso, a OMS destaca necessidade urgente de transformar saúde mental em prioridade. A depressão e a ansiedade aumentaram mais de 25% apenas no primeiro ano da pandemia. Estigma, discriminação e violações de direitos humanos contra pessoas com problemas de saúde mental são comuns. Saber que estamos dando passo para a melhoria desses números aumenta a nossa preocupação em cuidar das pessoas. E na grande maioria das vezes quem muito cuida pouco é cuidado. Por isso transformar esse assunto em Política pública é tão importante.
A Rede Muda Mundo é um ecossistema de inovação social, impacto positivo, de acelerar a mudança do mundo através das pequenas ações, mas com acolhimento, carinho e afeto pelas pessoas. Não existe impacto se as pessoas envolvidas nele não forem também beneficiadas. Para isso nasceu a Fábrica do Bem uma inciativa que desenvolve experiências sócio emocionais e o Vilarejo - uma imersão em autocuidado é um dos seus serviços.
Que o Vilarejo inspire outros líderes a repensar seus projetos, que inspire novas ações voltadas para saúde emocional e que os tabus sejam pouco a pouco histórias do passado e que mais lugares de acolhimento, afeto e segurança nasçam para cuidar de quem cuida e através deles o mundo mude com harmonia, com leveza e com impacto.
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