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Bio-Hybrid - Stellantis vai fabricar quatro motores híbridos-flex no Brasil; previsão é para 2024

A tecnologia tem três plataformas para carros híbridos com etanol e uma para BEVs

Quatro novas plataformas híbridas e elétricas são a aposta da Stellantis no processo de descarbonização - Divulgação/Stellantis

A Stellantis, montadora responsável pelas marcas como Fiat, Jeep, Citroën, Peugeot e RAM, apresentou, na última quarta (31/07), no Polo Automotivo Stellantis de Betim (MG), protótipos de quatro plataformas que estão sendo produzidas no Brasil e que tem previsão de comercialização a partir de 2024. O sistema é híbrido flex e foi batizado de Bio-Hybrid.

A tecnologia traz três novas plataformas para carros híbridos e uma para carros totalmente elétricos. São eles o Bio-Hybrid (híbrido leve), Bio-Hybrid e-DCT (híbrido full) e Bio-Hybrid Plug-in (híbrido plug-in). Por enquanto, a Stellantis não divulgou quais carros usarão as plataformas, mas Antonio Filosa, presidente do grupo para a América do Sul, revelou, na coletiva, que o Bio-Hybrid e o Bio-Hybrid e-DCT devem ser usados principalmente nas marcas mais acessíveis (Fiat e Citroën). O Bio-Hybrid Plug-in e o BEV deverão ser usados nas marcas de maior valor agregado (Jeep e Peugeot).

O projeto faz parte do programa global de descarbonização da montadora. O objetivo é não mais importar os veículos e sim fabricar os carros híbridos e elétricos em território nacional, pensando tanto na economia valores dos carros quanto na sustentabilidade em todo o ciclo de vida do automóvel, desde a fabricação até a o uso pelo consumidor final, reduzindo, assim, a emissão de CO2 no meio ambiente.

Na coletiva, Filosa destacou compromisso da Stellantis na produção nacional. “A gente não gosta de importar. Não gostamos de colocar dinheiro nos navios que trazem carros para o Brasil, até porque eles também emitem CO2. E também porque é um dinheiro que vai embora, não cria valor nem riqueza para o país”, enfatizou.

Confira os detalhes:

Bio-Hybrid. Reprodução
Bio-Hybrid. Reprodução

Bio-Hybrid - Traz como elemento um novo dispositivo elétrico multifuncional, que substitui o alternador e o motor de partida. Trata-se de equipamento capaz de fornecer energia mecânica e elétrica, que tanto gera torque adicional para o motor térmico do veículo quanto gera energia elétrica para carregar a bateria adicional de Lítio-Íon de 12 Volts, que opera paralelamente ao sistema elétrico convencional do veículo. O sistema gera potência de até 3KW, garantindo melhor performance ao automóvel e redução de consumo de combustível.

Bio-Hybrid e-DCT. Reprodução
Bio-Hybrid e-DCT. Reprodução

Bio-Hybrid e-DCT - Conta com o serviço de dois motores elétricos. O primeiro deles é o que substitui o alternador e o motor de partida. Adicionalmente, outro motor elétrico de maiores proporções é acoplado à transmissão. Uma bateria de Lítio-Íon de 48 Volts dá suporte ao sistema e também é alimentada pelos dispositivos. Uma gestão eletrônica controla a operação entre os modos térmico, elétrico ou híbrido, otimizando eficiência e economia.

Bio-Hybrid Plug-In
Bio-Hybrid Plug-In. Reprodução

Bio-Hybrid Plug-In - Conta com bateria de Lítio-Íon de 380 Volts, recarregada através de sistema de regeneração nas desacelerações, alimentada pelo motor térmico do veículo ou, por fim, através de fonte de alimentação externa elétrica (plug-in). A arquitetura conta, ainda, com motor elétrico que entrega potência diretamente para as rodas do carro. O sistema gerencia operação entre modo térmico, modo elétrico ou híbrido otimizando eficiência e economia.

BEV (100% elétrico). Reprodução
BEV (100% elétrico). Reprodução

BEV (100% elétrico) - Totalmente impulsionada por um motor elétrico de alta tensão alimentado por uma bateria recarregável de 400 Volts, por meio de sistema de regeneração ou através de plug-in. A arquitetura oferece torque instantâneo, com acelerações rápidas e responsivas. O sistema possui sonoridade customizável e conta com desempenho, mesmo a baixas velocidades.

A lógica comercial desses produtos será constituída da seguinte forma: a tecnologia híbrida-leve, de menor custo de produção, será aplicada aos veículos mais acessíveis. O recurso seguinte equipará produtos de um patamar superior, mas ainda inferior à hibridização do tipo plug-in, que é a mais sofisticada desse gênero. Por fim, os modelos totalmente elétricos serão os de posicionamento mais elevado.

Transição inteligente com destaque para o etanol
O etanol é o grande destaque da transição planejada pela Stellantis. Filosa destacou a importância da transição usando as vantagens do etanol como biocombustível para que o processo não seja disruptivo e não resulte em fechamento de fábricas, saídas de montadoras e quebra de fornecedores. Destacou, também, que a América do Sul é rica em minérios que servem de matéria-prima para a produção de baterias para carros híbridos e elétricos. 

Antonio Filosa, presidente da Stellantis para a América do SulAntonio Filosa, presidente da Stellantis para a América do Sul. Divulgação/Stellantis

Já de acordo com Marcio Tonani, vice-presidente de Engenharia, o sistema híbrido ajudará a reduzir as emissões de gases. No caso do Bio-Hybrid e-DCT, o motor elétrico fornecerá energia para a partida do motor à combustão e para os primeiros movimentos do carro, reduzindo em 90% as emissões nessa fase, que é a mais poluente. Durante esse período, o catalisador ficará aquecido para reduzir em 98% as emissões quando o motor a combustão estiver tracionando o veículo.

Processo de descarbonização
O desenvolvimento das novas tecnologias de hibridização está em linha com o plano estratégico de longo prazo da Stellantis, Dare Forward 2030, que prevê a descarbonização de processos e produtos da empresa até 2038, com redução das emissões em 50% já em 2030.

"O Brasil está muito à frente quando pensamos na frota de carros eficientes em carbono por conta do etanol. Adicionando a eletrificação, certamente seremos mais eficientes e rentáveis, atingindo as metas mais rapidamente por aqui", disse Antonio Filosa.

De acordo com o vice-presidente de assuntos regulatórios da Stellantis na América do Sul, João Irineu Medeiros, uma frota com essa tecnologia pode ter níveis de emissões totais, considerando toda a cadeia produtiva (do poço à roda) praticamente igual aos obtidos na Europa, que aposta na propulsão totalmente elétrica. Isso passa pela questão da produção de baterias, que é bastante nociva ao planeta.

Segundo Antonio Filosa, as novas tecnologias híbridas e elétricas devem constituir uma oportunidade para o fortalecimento da engenharia brasileira e da indústria nacional. “É uma oportunidade de reindustrialização e de reconfiguração da indústria nacional de autopeças, que é diversificada, complexa e muito importante para a e economia brasileira”, observa.

 Além disto, a tecnologia Bio-Hybrid é de aplicação flexível e pode equipar vários modelos produzidos pela Stellantis. É compatível com as linhas de produção das três plantas da empresa – Betim (MG), Porto Real (RJ) e Goiana (PE). Assim, se enquadra também na estratégia multirregional de produção a Stellantis.

O plano prevê que, em 2030, os carros híbridos, dos três gêneros citados, respondam por 60% das vendas da Stellantis no Brasil. Os modelos com tecnologia puramente responderão por 20% da frota. Os demais 20% ficarão com os veículos ainda à combustão.

*A repórter viajou a convite da Stellantis.

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