Crise dos semicondutores deve permanecer até 2023, aponta pesquisa
O componente vem dando dores de cabeça às fabricantes de automóveis
A crise mundial de semicondutores que atinge boa parte da produção de automóveis no mundo deve permanecer até 2023. A conclusão faz parte da pesquisa “Perspectivas do setor global de semicondutores” conduzida por KPMG e Global Semiconductor Alliance (GSA), com 152 executivos líderes da indústria de semicondutores.
O componente vem dando dores de cabeça às fabricantes de automóveis, que em alguns casos já deixaram de entregar algumas tecnologias nos veículos devido a falta do produto. Apesar da crise, o setor ainda aguarda um bom resultado nas receitas para o ano de 2022, com mais de US$ 600 bilhões (R$ 3,1 trilhões, na conversão direta), um número recorde.
Não só os semicondutores, mas, de forma geral, a crise de insumos na indústria automobilística, ainda vem sendo um dos maiores desafios na produção de automóveis. Com 16 paralisações nas fábricas entre janeiro e maio deste ano, a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) estima que 150 mil unidades de automóveis deixaram de ser produzidos no período.
Entre os setores mais importantes para a geração de receita para os semicondutores, estão o de tecnologia (com comunicações wireless, infraestrutura 5G, smartphones e outros dispositivos móveis) e o automotivo.
Leia Também
• Caoa Chery adota layoff e Mercedes-Benz dá férias a funcionários por falta de semicondutores
• Hyundai paralisa outro turno, por falta de semicondutores, na fábrica de Piracicaba, em São Paulo
• Por falta de semicondutores, Renault também paralisa fábricas no Brasil
Um outro aspecto que preocupa é a insuficiência global de profissionais especializados para o mercado. 88% dos entrevistados no estudo da KPMG preveem aumentar os investimentos em capital humano.
Em relação às expectativas detalhadas para o fim da escassez de semicondutores, os participantes da pesquisa indicaram os seguintes períodos: início de 2022 (3%), meados de 2022 (13%), final de 2022 (26%), início de 2023 (21%), meados de 2023 (22%), final de 2023 (13%), outros (3%).
"Os problemas decorrentes da sua escassez têm impactos diferentes em cada tecnologia, mercado, setor, país e no ecossistema em geral. A normalização no fornecimento de chips deve ser ocorrer até o final do ano que vem”, afirmou o sócio-líder de Tecnologia, Mídia e Telecomunicações da KPMG no Brasil e na América do Sul, Márcio Kanamaru.
Para se ter ua ideia da complexidade do componente, um veículo hatch, como o Chevrolet Onix, tem aproximadamente 1.000 semicondutores, que estão subdivididos para segurança, conectividade, conveniência e propulsão.