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Microcarros de 1 metro de largura ganham as ruas da Europa

Modelos podem alcançar 90 km/h e trafegam até em ciclovia. Veículos elétricos também são preferência

O Microlino, versão repaginada do 'carro bolha' do pós-guerra, tem motor elétrico e capacidade para duas pessoas. Porta abre pela frente do veículo. - Divulgação

Nesta última quinta (25), o governo federal brasileiro anunciou medidas para reduzir o preço dos carros populares, com descontos nos preços entre 1,5%, no mínimo, e 10,96%, no máximo, a partir da redução de impostos federais, como IPI e PIS/Cofins.

Enquanto isso, na Europa, onde em muitas cidades os automóveis, principalmente os à combustão, estão ficando de lado, os microcarros estão cada vez mais “verdes” e ganhando espaço nas ruas das principais capitais.

Amsterdã, na Holanda, por exemplo, tem uma das melhores infraestruturas de ciclovias do mundo e transporte público de qualidade e há muito tempo “aposentou” de suas ruas os carros de passeio convencionais.

Por lá não é raro ver o microcarro Canta no tráfego. O veículo é tão estreito que  chega a disputar a ciclofaixa com os ciclistas.

O microcarro Canta é tão estreito que cabe até num bicicletário
O microcarro Canta é tão estreito que cabe até num bicicletário . Bloomberg

Criado na década de 1990 para atender a pessoas com dificuldades de locomoção, o modelo tem apenas 1,1 metro de largura, sendo mais estreito que um carrinho de golfe, e podendo chegar a até 42 km/h.

O veículo dispensa licença de motorista e, pela legislação holandesa, é considerado um equipamento de mobilidade assistida, e não um carro propriamente dito.

O Biro é um microcarro italiano mais recente que também circula na cidade. Com tamanho similar ao do Canta e preço parecido (cerca de US$ 20 mil, ou R$ 100 mil, nos modelos mais bem equipados), o Biro caiu nas graças dos ricaços e celebridades de Amsterdã, começou a circular com cada vez mais frequência nas ciclovias da cidade e a irritar os ciclistas da cidade.

Após conflitos, a justiça holandesa determinou, em 2019, que, para dirigir o Biro, era preciso ter a carteira de motorista e foi proibido que o veículo circulasse por ciclovias.

Já na Suíça, o “carro-bolha” Microlino, um clássico dos anos 1950, ganhou roupagem do século XXI, com motor elétrico, e se tornou mais leve (496 quilos) e ainda menor (2,5 metros de comprimento), para reduzir seu impacto ambiental e tornar ainda mais fácil a circulação pelas ruas estreitas de cidades históricas. O carro pode chegar a 90 km/h.

O modelo Microlino no Salão Internacional do Automóvel de Munique, em 2021
O modelo Microlino no Salão Internacional do Automóvel de Munique, em 2021. Tobias Schwatz/AFP

“O Microlino tem vantagens em relação à bicicleta, como a proteção em dias de clima adverso, espaço para carga e para abrigar dois passageiros, um de frente para o outro”, explicou Oliver Ouboter, executivo da Microlino AG, à agência Reuters quando lançou o veículo, no fim do ano passado.

A tendência para viabilizar carros menores também segue fora da Europa. Em Israel, por exemplo, a sensação é o City Transformer. O veículo tem dois assentos, além de uma função que expande ou reduz o eixo de suas rodas para tornar o carro mais ou menos estreito.

City Transformer tem um dispositivo para
 City Transformer tem um dispositivo para "encolher" o eixo das rodas para 1 metro (à direita) e circular na cidade. Reprodução

O modelo tem dois modos de rodagem. A primeira é a opção “performance”, em que o carro fica com largura de 1,40 metro. Já na opção “cidade”, tem a largura encolhida para 1 metro.

Na China, o Wuling Mini EV é o mais popular dos modelos chineses e custa cerca de US$ 5 mil (aproximadamente R$ 25 mil). Por lá, o governo regulamentou o setor e estabeleceu que veículos elétricos de baixa velocidade são limitados a 1,5 metro de largura e podem chegar a um máximo de 70 km/h. Até o ano passado, 6 milhões de veículos desse tipo já tinham sido vendidos no país.

Veículos elétricos compactos Citroën Ami. Os minicarros de fabricação francesa são cada vez mais comuns em Paris, e empresa planeja vender nos EUA
Veículos elétricos compactos Citroën Ami. Os minicarros de fabricação francesa são cada vez mais comuns em Paris, e empresa planeja vender nos EUA  Angel Garcia/Bloomberg

Nos EUA, os microcarros de quadro rodas ainda não se popularizaram. Em algumas cidades litorâneas, mais quentes ou com população grande de aposentados, cresce o uso de carrinhos de golfe como meio de transporte de seus moradores. De olho nesse nicho de mercado, a Citröen já anunciou que pretende vender o modelo Ami, que já circula por Paris.

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