Venda de carros elétricos cresce no Brasil apesar da falta de incentivo ao mercado brasileiro

Apesar do aumento de 41% em 2022, ainda falta conhecimento sobre o tema

A frota de eletrificados agora chega a 126.504 veículos no Brasil. - Getty Images/iStockphoto/direitos reservados

Embora muitos ainda tenham um certo preconceito com carros eletrificados, segundo dados da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE), de janeiro a dezembro de 2022, 49.245 unidades de automóveis híbridos (HEV), híbridos plug-in (PHEV) e elétricos (BEV) foram vendidos no país. Ou seja, um aumento significativo de 41% se comparado com o mesmo período do ano anterior, quando 34.990 carros haviam sido emplacados.

Já os carros híbridos plug-in (que usam cabo de carregamento externo) alcançaram a marca de 10.348 unidades emplacadas no ano, com aumento de 20,4% sobre 2021, quando 8.595 unidades foram comercializadas. Com esses emplacamentos totais, a frota de eletrificados agora chega a 126.504 veículos no Brasil. Ainda assim, o número continua longe de ser comparado com o de carros à combustão. Isso porque esse setor vendeu quase dois milhões de automóveis só em 2022.

Para Adalberto Maluf, presidente da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE), a maior oferta tem a ver com o interesse do consumidor por novas tecnologias. “Mesmo sem uma política de incentivos, o brasileiro está comprando carros elétricos; se tivesse, como na maioria dos países, o mercado já seria bem maior hoje”, avalia Maluf. Porém, apesar do interesse, a adesão esbarra no alto custo dos veículos movidos à bateria, além da falta de conhecimento sobre o assunto.

Para especialistas, o motivo para o alto valor tem três grandes fatores: falta de incentivos governamentais, dólar alto e preço de fabricação, especialmente encarecido pela escassez mundial de chips semicondutores.

A falta de uma boa distribuição dos pontos de abastecimento para carros elétricos tem tornado as vendas no setor mais lentas, especialmente devido à falta de infraestrutura para que se torne realmente acessível. Além disso, o público também parece resistir aos veículos elétricos enquanto não for algo mais presente no dia a dia das cidades.

2018 08 27 v1 i6qjtopFalta de adesão também acontece pela escassez de locais de recarga. Créditos: Gustavo Maffei e Marcos Camargo

Apesar do alto número de vendas, a infraestrutura neste sentido ainda é insuficiente, deixando a população insegura quanto à adesão dos veículos. De acordo com Carlos Gabriel Bianchin, engenheiro e especialista do centro de pesquisa, tecnologia e inovação da Lactec, um dos maiores centros de pesquisa, tecnologia e inovação do Brasil, os modelos ainda ocupam uma parcela muito pequena da frota brasileira, mas isso pode ser visto como uma grande oportunidade de crescimento.

“Temos observado um crescimento exponencial a cada ano. É claro que a mudança pode gerar desconfiança no usuário, visto que o motor à combustão está bastante consolidado, mas quando se coloca na ponta do lápis, a economia de consumo (que pode chagar a do valor da combustão), a redução de impacto ambiental, redução de poluição sonora, menor custo de manutenção, o consumidor passa a ter mais confiança”, explica Bianchin.

A eletromobilidade está mais avançada em países da Europa e América do Norte, mas no Brasil já existem iniciativas que indicam para o avanço da tecnologia.

“Assim como cresce a frota eletrificada, cresce também a infraestrutura de suporte para isso. Já existem diversas eletrovias que ligam cidades e até estados com carregadores rápidos para veículos elétricos. Diversas marcas estão investindo nesse segmento, apostando justamente na crescente demanda do consumidor. Então, é possível acreditar que assim como na Europa, no Brasil, muito em breve, será possível trocar o veículo a combustão por um modelo elétrico”, diz o engenheiro.

Bianchin ainda destaca pontos positivos na aquisição de um carro elétrico, como a facilidade de gerenciamento, recarga e manutenção, além das diversas oportunidades e avanços tecnológicos a serem explorados, sempre apontando para uma agenda mais sustentável, integrada e ambientalmente correta. 

De acordo com o Denatran, do Nordeste, o estado que tem a maior quantidade de carros elétricos nas ruas é Pernambuco. Atualmente, a frota de carros elétricos no estado é de 330 veículos, acima dos 121 veículos na Bahia, que está em 2° lugar. Recife é a 8ª capital com maior número de carros elétricos do Brasil. Está à frente de outras grandes cidades como Porto Alegre, Florianópolis e Fortaleza. No cenário nacional, Pernambuco tem a 11ª maior frota de carros eletrificados do país.

Estação recarga Shopping Recife Carro ElétricoNo Shopping Recife tem estações de abastecimento no estacionamento B1 e D1. Créditos: Thiago Medeiros

 

Pontos de abastecimento no Recife
Na capital pernambucana, existem alguns pontos para recarga de automóveis elétricos. As duas unidades do Home Center Ferreira Costa (Imbiribeira e Tamarineira) oferecem carregadores universais (sendo possível carregar qualquer tipo de veículo).

O Shopping Recife, em Boa Viagem, Zona Sul da cidade, conta com estações de abastecimento com plugues do tipo 2 (padrão europeu), que possibilitam o uso para qualquer veículo com o mesmo tipo de receptor, e carregadores correspondentes ao padrão AC, com 22kW.

O Shopping Plaza, localizado em Casa Forte, Zona Norte do Recife, conta com estações disponibilizadas compatíveis com qualquer modelo de carro elétrico ou híbrido plug-in que possua padrão de carregamento Tipo 2. O equipamento oferece recarga com potência de 11 kW.  A empresa Estapar, que gerencia estacionamentos, oferece duas estações no Shopping Patteo Olinda e três no aeroporto.

Já no RioMar Recife, os pontos são do tipo Wallbox e possuem carga média com capacidade para um veículo por vez, com conector AC Tipo 2, o mais comum entre as opções disponíveis no mercado.

Veja também

Náutico recebe certificado da CBF de Clube Formador
Futebol

Náutico recebe certificado da CBF de Clube Formador

Instituto lança série que desmistifica obra de Paulo Freire
Paulo Freire

Instituto lança série que desmistifica obra de Paulo Freire

Newsletter