A importância de abordar a educação financeira com os filhos desde a infância
Conceder uma mesada, por exemplo, pode ajudar na construção do controle financeiro no futuro
De acordo com dados da pesquisa Finanças para os Filhos: Dinheiro é Coisa de Adulto?, realizada pela Serasa, apenas 39% das famílias brasileiras têm o hábito de dar mesada aos filhos. A prática, que pode ser uma ótima forma de iniciar os ensinamentos relacionados ao dinheiro com os pequenos, pode colaborar com o senso de responsabilidade, poder de compra e iniciar, desde cedo, o costume de controlar o próprio dinheiro, afirmam especialistas.
Para o economista Rhaldney Piauilino, aplicar a educação financeira desde cedo é essencial para preparar a criança para lidar com o dinheiro de forma consciente e estratégica na vida adulta. O especialista explica que oferecer um valor, semanal ou mensal, pode colaborar com o entendimento da criança sobre como poupar, investir e diferenciar necessidades de desejos, desenvolvendo autonomia e responsabilidade.
Importância
Ainda segundo as informações da Serasa, 56% das pessoas entrevistadas não lembram de, quando crianças, terem conversado com seus responsáveis a respeito de finanças. Nesse sentido, não tratar do dinheiro de forma clara é um dos fatores que podem resultar no endividamento, lembra Piauilino. Atualmente, o número de inadimplentes no Brasil é de 63,4 milhões, demonstrando a importância de investir na redução desses números por meio das gerações futuras.
Henrique Mattos, economista e consultor financeiro, destaca um exemplo prático de como aplicar assuntos relacionados ao dinheiro na rotina pode impactar na percepção de gasto da criança.
“Meu filho, desde os dois anos de idade, recebe mesada. Inicialmente, a ideia surgiu quando ele queria sempre comprar em lojas e máquinas de 'bolinhas de pular'. Então, toda vez que saíamos, eu dava algumas moedas a ele e dizia que aquele valor era o que ele podia utilizar.”
Mattos completa que, após inserir essa dinâmica, o pedido para comprar o brinquedo diminuiu drasticamente, já que agora a criança tem uma melhor compreensão do valor disponível para gastar.
Valor
Para o momento de estabelecer o valor da mesada, Piauilino lembra que ele deve ser baseado na idade da criança, nas responsabilidades que ela tem e, claro, na condição financeira da família. O objetivo principal não é conceder um "salário", mas sim ensinar a criança a gerenciar pequenos valores. Por exemplo, para uma criança mais nova, um valor semanal pode ser adequado, enquanto um adolescente pode receber um valor mensal para aprender a planejar com um prazo maior.
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Sobre a forma de pagamento, a idade também deve ser considerada. Como no caso de Henrique Mattos, que explica que iniciou o hábito com o dinheiro físico com seu filho, devido à idade dele. Ele explica que, com moedas, para crianças mais novas, a mesada ajuda no entendimento da quantidade e do poder de compra.
“Com o passar dos anos, esse pagamento de 'mesada' se tornou semanal, com um valor fixo e não mais necessariamente em moeda, mas em papel e, posteriormente, via PIX, com uma conta própria dele. Hoje ele tem 8 anos. Muitas vezes, como qualquer criança, ele continua pedindo presentes ou compras sem ter o próprio dinheiro, mas, quando recebe a negativa, ele mesmo identifica se é um item caro ou barato e toma a decisão de comprar ou não”, afirmou.