Famílias estão menos endividadas, diz levantamento
A conclusão faz parte da Radiografia do Endividamento das Famílias Brasileiras, realizada pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) com base em informações do Banco Central (BCB), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) relativas ao ano passado.
“Em 2014 e 2015, tivemos um período de recessão bastante forte, com contração na renda média do brasileiro tanto por conta do aumento do desemprego quanto pelo aumento dos preços dos produtos básicos. E isso restringiu de forma significativa o orçamento familiar, trazendo um cenário nocivo em relação à taxa de endividamento. Mas, em 2016, passamos a ver um cenário mais positivo”, desenvolveu a assessora econômica da FecomercioSP, Júlia Ximenes.
Ela explicou que, após ter crescido entre 2014 e 2015, a proporção de famílias endividadas nas capitais brasileiras caiu de 61% para 57% em 2016. Com isso, o número dessas famílias também diminuiu, passando de 9,149 milhões no fim de 2014 para 8,868 milhões em dezembro de 2016 - no Recife, esse montante caiu de 365 mil para 345 mil. E o valor das dívidas acompanhou esse movimento, perdendo R$ 1 bilhão em dois anos. A FecomercioSP explica que as prestações devidas pelas famílias brasileiras em um mês somavam R$ 16,8 bilhões em 2014, mas passaram a acumular R$ 15,8 bilhões ao fim de 2016. Consequentemente, o valor médio devido por família baixou de R$ 1.832 para R$ 1.777 ao longo dos últimos dois anos. Com isso, o nível de comprometimento médio da renda mensal das famílias brasileiras com dívidas chegou a 30%, nível considerado saudável pela federação. “E no Recife, esse grau é bastante saudável: 27%”, contou Júlia.
Segundo a assessora da FecomercioSP, três fatores foram determinantes para a redução do nível de endividamento das famílias brasileiras: a dificuldade de acesso ao crédito, o início da queda de preços dos produtos básicos e a própria conscientização financeira da população. “Naturalmente, há menos famílias endividadas porque o setor financeiro passou a ser mais rigoroso no momento de permitir a aquisição de crédito e por conta do custo desse crédito.
Além disso, produtos básicos como alimentos, transporte e habitação passaram a subir menos e isso fez com que sobrasse mais renda para as famílias. Mas também houve uma racionalidade maior por parte delas”, explicou Júlia, concluindo que o “período de crise contribuiu muito para que os brasileiros tivessem mais sabedoria no momento de administrar a tomada de crédito, por ressaltar os custos desse crédito e a nocividade dos juros”.
Essa reorganização financeira, no entanto, se deu através da redução das compras. “Na maior parte das vezes, as famílias que conseguiram sair dessa situação de endividamento tiveram uma alteração no padrão de consumo”, disse Júlia. Ela explicou que, diante da redução da renda média - segundo a FecomercioSP, o rendimento médio da família brasileira caiu 2,7% nos últimos dois anos, chegando a R$ 4.187,78 -, foi preciso priorizar a compra de itens básicos, deixando para depois itens não essenciais e que carecem de um crédito maior para serem adquiridos, como os eletrodomésticos e as roupas. “É por isso que, quando observamos as vendas do varejo, os setores que mais sentem os efeitos da restrição monetária são os de bens duráveis e semiduráveis”, comentou a assessora da FecomercioSP.
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